Quinta-feira, 08 de agosto de 2019
Inclusão digital significa democratizar o acesso às tecnologias da informação, permitindo a inserção de todos na sociedade do conhecimento. E isso significa ampliar o acesso aos meios de comunicação, a formas de obter aprendizado, e, consequentemente, a melhores condições de vida e sustento. É possibilitar que todo indivíduo tenha meios de exercer seus direitos e desenvolver a plenitude de seus potenciais humanos.
A inclusão digital precisa de três instrumentos básicos para acontecer: dispositivo para conexão, acesso à rede e o domínio dessas ferramentas. Não basta ter um smartphone conectado, é preciso saber como usá-lo.
Outro aspecto importante é inclusão e acessibilidade, que vai muito além do universo das pessoas com alguma deficiência, englobando desde aqueles com uma leve dificuldade em enxergar, até idosos e pessoas com baixo letramento (analfabetos e analfabetos funcionais).
A questão é tão significativa que em 2011, a Organização das Nacões Unidas (ONU) estabeleceu o direito ao acesso à internet como um direito fundamental, para garantir a livre manifestação de pensamento durante a Primavera Árabe.
Hoje, o Brasil tem 420 milhões de aparelhos digitais ativos incluindo smartphones, computadores, notebooks e tablets. São dois dispositivos digitais por habitante, segundo a 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela FGV-SP e divulgada em abril deste ano.
Quando o assunto é acesso à rede, o país possui mais de 122 milhões de usuários com acesso à internet, o que corresponde a 59% da população. Ainda distante de países mais desenvolvidos, mas numa curva de crescimento acentuada.
Já a velocidade média da internet no Brasil ainda é lenta em algumas regiões. Apesar disso há um aumento significativo do acesso à banda larga em residências, 25% dos usuários ativos em residências no Brasil já utilizam banda larga com capacidade superior a 8 Mb.
Apesar dos problemas esperados num país em desenvolvimento somos um dos povos mais engajados do mundo: 85% dos usuários de internet no Brasil navegam na web todos os dias. Passamos um total de 9h 29 min por dia conectados, bem acima da média global de 6h e 42 min. Mas entre os hábitos, comunicação, mídias sociais e entretenimento superam a busca por conhecimento e informação, que tem um maior potencial de transformação da realidade.
E ainda precisamos melhorar no aspecto domínio da ferramenta. Numa pesquisa recente realizada pelo Google, junto com a McKinsey, para medir o índice de Habilidades Digitais o Brasil marcou três pontos em cinco, considerando as categorias: acesso, uso, segurança, cultura digital e criação. Três grupos apresentaram desempenho levemente inferior aos demais no índice: idosos, mulheres jovens e pessoas de baixa renda.
Já quando o assunto é acessibilidade digital temos um longo caminho a percorrer, segundo pesquisa realizada pela W3C, apenas 2% dos sites brasileiros são acessíveis, sendo que as estimativas apontam que o país tem uma população de pessoas com deficiência superior a 45 milhões. É muita gente deixada à margem da Revolução do Conhecimento.
Além das questões de infraestrutura tecnológica um grande desafio é facilitar o acesso a conteúdos de qualidade que sejam transformadores. E é aí que o áudio pode ajudar a acelerar a inclusão, principalmente fazendo a informação chegar àqueles com dificuldades de visão ou leitura, a grande massa da população.
“O futuro já chegou. Só não está uniformemente distribuído.” A frase cunhada pelo escritor Willian Gibson há mais de 20 anos continua atual e ilustra bem um dos principais desafios que o país tem que resolver para ajudar a diminuir as desigualdades educacionais e sociais.
é fundadora da Audima, uma startup que fomenta a inclusão digital através do áudio junto a criadores de conteúdo. Desenhista Industrial, psicóloga e coach, Paula tem sua trajetória como empreendedora marcada por uma imersão no mindset do Vale do Silício, onde morou e participou de uma aceleração na GSV Labs em parceria com a Google LaunchPad.
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