Quinta-feira, 14 de setembro de 2017
Há 20 anos atrás, na década de 90, era comum as pessoas levantarem de suas camas, irem até a porta e pegar o jornal que o entregador deixou na porta, ou ir até a banca mais próxima e adquirir o que era o maior meio de comunicação e disseminação de notícias da época.
Jornais enormes, pesados, cheios de cadernos e páginas, matérias extensas, reportagens especiais que, muitas vezes, eram divididas em várias edições, publicando uma parte por dia. Quando havia um acontecimento grande, cadernos especiais eram produzidos para suprir a quantidade de informações necessárias e disponíveis sobre determinado assunto e, mais uma vez, podiam ser discorridas por dias a fio.
Nos dias de hoje, tudo mudou. Ao invés de buscar o jornal, basta esticar o braço e pegar seu smartphone que, em cinco segundos, você está conectado não só ao Brasil, mas ao que acontece no mundo inteiro.
São milhares de informações por minuto, que são atualizadas à medida que os desdobramentos vão acontecendo. Basta abrir o Twitter e boom…um mundo de novas informações disponíveis para você. As notícias são transmitidas quase que em tempo real e, o bom e velho jornal, foi ficam cada vez mais obsoleto, se tornando, até mesmo, um objeto de chacota para as novas gerações.
Naturalmente, com todas as mudanças no modo online de se comunicar, os profissionais de comunicação também tiveram que aprimorar – ou abrir a mente – para esse novo mundo digital. Jornalisticamente falando, a rapidez tem seus defeitos, pois traz consigo a superficialidade da informação, ou seja, notícias rasas com a finalidade de passar apenas o que está acontecendo e não necessariamente se aprofundar no conteúdo.
Basicamente, o conteúdo deixou de se atentar ao “Por que isso está acontecendo?” e passou a dar vazão para “O que está acontecendo agora”. A ferramenta “Moments”, do Twitter, é um dos maiores exemplos da atualidade sobre notícias rápidas. É um mecanismo para ficar por dentro do que está mais em alta naquele momento ao redor do mundo e, mais uma vez, superficial.
Mas, se por um lado a drástica mudança na produção e consumo de notícias fez com que as redações sofressem o impacto do crescimento do jornalismo digital, por outro, a audiência advinda das mídias sociais passou a produzir, compartilhar e consumir mais notícias online do que nos veículos tradicionais de comunicação.
Se isso é bom? Para os produtores de conteúdo de veículos impressos, não. Mas para aqueles que conseguirem aceitar, se atualizar e se adaptar à nova forma de fazer notícias, pode ser um meio extremamente democrático, que te aproxima do leitor/expectador e possibilita uma discussão mais informal e em tempo real.
O Willian Bonner, por exemplo, sempre foi visto como um cara sério, principalmente pelo fato de o Jornal Nacional sempre ter o conteúdo mais sério dos jornais diários, pois o foco do jornalístico sempre foi divulgar o que de mais importante aconteceu naquele dia. Mas, ter um perfil pessoal no Twitter o aproximou do leitor, trazendo à tona um Bonner humano, brincalhão, engraçado e bem-humorado.
Para relembrar, o anúncio do fim de seu casamento com a também jornalista Fátima Bernardes, com quem dividiu a bancada mais famosa do jornalismo brasileiro por mais de 20 anos, foi feito pela rede social em questão, em 3 tweets, ou seja, somando, a informação pessoal veio em, no máximo, 420 caracteres.
A ideia aqui é mostrar que, além de as redes sociais trabalharem para que as pessoas que vemos na TV e nos jornais esses anos todos ganhem voz fora das telonas, elas mostram que também são “gente como a gente” e tem vida fora do trabalho como qualquer pessoa não famosa. Quando que, há 10 anos, imaginaríamos que o casal mais famoso da TV anunciaria o fim do casamento em três mensagens curtas e objetivas?
A tecnologia chegou mesmo para ficar e esse foi só um dos exemplos que podemos citar de jornalistas que fazem tanto sucesso no jornalismo quanto nas redes sociais.
O jornalista e editor de um jornal paulista, José Norberto Flesch, poderia ser só mais um profissional da comunicação, mas ganhou notoriedade com seus furos e informações do mundo da música no Twitter. Flesch, além de divulgar uma vasta agenda de shows de inúmeros artistas pelo Brasil, ficou conhecido por divulgar, nesse mesmo canal, datas de shows muito esperados em primeira mão e antes de toda a imprensa.
Dessa forma, fica difícil um jornal impresso, onde as notícias de hoje à tarde, por exemplo, só serão divulgadas amanhã de manhã, disputar com a rapidez e agilidade do Twitter que, além de trazer o ponto chave daquilo que o leitor quer saber, atinge milhões de pessoas ao redor do mundo ao mesmo tempo.
E para não levar caldo da onda do avanço tecnológico e na maneira de fazer notícia, todos os profissionais da comunicação tiveram que se adaptar para não ficarem obsoletos, assim como as famosas máquinas de datilografia e, atualmente, os impressos. E nessa crista também pegaram carona os assessores de imprensa, afinal, todos (ou quase todos) estão online agora.
Além da expansão do mailing tradicional e dos contatos de TV’s, rádios, jornais e revistas, agora o assessor de imprensa precisa incluir e-mails de profissionais que atuam em portais, blogs e demais meios de comunicação online que, por sinal, cresce a cada dia e, principalmente, manter relações com a nova era da internet: os youtubers e influenciadores digitais.
Para se ter ideia da dimensão do mundo online, basta saber que a tiragem média de um jornal físico de grande circulação é de, aproximadamente, 160 mil exemplares por dia, enquanto o post de um colunista reconhecido, por exemplo, pode atingir mais de 2 milhões de pessoas só no Twitter, com apenas 140 caracteres.
Que o jornalismo atual teve de mudar a sua maneira de divulgação não é novidade, mas transformar uma notícia em um título de 140 caracteres foi um verdadeiro desafio, afinal, é preciso ter uma chamada muito atrativa para que os “leitores de tweet” abram a sua matéria para consumir a informação até o fim.
Assim como nos anos 90 não era praticamente proibido entrar em contato com a redação em horário de fechamento, o relacionamento com a imprensa através das mídias sociais também deve seguir algumas regras de bom senso. A busca por engajamento não pode ultrapassar o bom e velho networking, afinal, este é o maior poder dos assessores de imprensa.
Jornalista por formação, entusiasta da social media e redatora na GTC - Good To Connect. Mariane também é produtora de conteúdo web, mas ainda se surpreende com as possibilidades que o mundo online permite a cada novo dia. Já fez assessoria de imprensa para empresas como a PlayArte Pictures e acredita que informação e conhecimento de causa são as maiores armas para um profissional comunicador.
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