Segunda-feira, 16 de dezembro de 2019
De acordo com o cinema, a literatura e os quadrinhos, as previsões para a próxima década, que se inicia em 2020, não são nada promissoras. Já em 2020, seremos invadidos por criaturas extraterrestres predatórias sem visão e com audição extremamente sensível, como aquelas que vemos no filme Um Lugar Silencioso.
Mais no fim da década, as classes trabalhadoras serão forçadas a viver no subterrâneo para não atrapalhar a vida da classe alta, tal qual o filme alemão Metrópolis, o continente europeu terá sido assolado por um vírus mortal e o Reino Unido será um dos poucos países estáveis sob o regime fascista e totalitário do Partido Fogo Nórdico, de acordo com os autores de V de Vingança.
Se a vida vai imitar a ficção ou não, ainda não dá para saber. Mas a partir do estudo do comportamento do consumidor e dos dados, é possível prever algumas tendências para 2020.
Todo ano, os especialistas em pesquisa de mercado do Opinion Box preparam uma lista com as principais tendências de comportamento do consumidor para o ano seguinte. Este ano, estamos antecipando com exclusividade para os leitores do Digitalks cinco tendências. São elas:
2020 será o ano em que a Lei Geral de Proteção dos Dados (LGPD) de fato entrará em vigor. Este assunto já teve grande destaque em 2019, mas deve dominar, de fato, a pauta no ano que vem, já que não será mais possível postergar ou ignorar o tema.
Além de uma mudança significativa no dia a dia das empresas, a questão de privacidade e segurança dos dados deve impactar também o comportamento do consumidor de uma forma geral.
De acordo com uma pesquisa do Opinion Box em parceria com o Mobile Time, 16% dos internautas sequer bloqueiam a tela principal dos seus smartphones. A tendência, com a chegada da LGPD, é que os consumidores entendam melhor a importância de se preocupar com a segurança dos dispositivos e a privacidade dos dados.
Se há alguns anos alguém te dissesse que seria comum as pessoas se hospedarem na casa de estranhos ou entrarem em carros de completos desconhecidos para se deslocar de um ponto ao outro, você provavelmente iria rir.
Mas a mudança de comportamento da economia de posses para a economia colaborativa já é uma realidade. Financiamentos coletivos, aplicativos como Waze, que são alimentados pelos próprios usuários, e serviços como o Airbnb, que conectam quem tem uma demanda com quem tem uma oferta, já são cada vez mais comuns. Uma pesquisa do Opinion Box, por exemplo, mostra que 38% dos internautas assistem filmes e séries através de aplicativos pagos, como Netflix.
A chegada das bicicletas e patinetes compartilhados mudaram a cara de muitas cidades brasileiras e, com certeza, esse movimento não para por aí. Compartilhamento de posses, habilidades e serviços vão se tornar cada vez mais comuns e recorrentes.
Inclusive, quem está pensando em abrir um novo negócio, este é um excelente caminho: desenvolver aplicativos que possibilitem o compartilhamento ou a colaboração.
Feiras de produtores locais, cervejas artesanais, peças de decoração únicas feitas à mão e outros produtos de manufatura são cada vez mais apreciados e valorizados.
Esta tendência vem sendo facilitada e mediada por uma série de fatores. O principal deles, talvez, seja o Instagram, que permite que pequenos artesãos e produtores possam divulgar seus produtos e serviços. Segundo uma pesquisa realizada pelo Opinion Box, 47% dos internautas já compraram um produto indicado por alguém no Instagram. Ou seja, a rede social funciona e muito como um canal de marketing e pode ser utilizada por todos.
Mas ela não é a única. O crescimento do uso do WhatsApp como canal de divulgação de produtos e serviços é visível. E também há muitos sites que funcionam como marketplaces para agregar diferentes produtores e comerciantes.
No entanto, os canais de venda não funcionariam sozinhos se não houvesse também um crescimento no interesse dos compradores. De fato, sabemos que os consumidores querem cada vez mais produtos customizados e personalizados.
Assim, encontrar aquela peça feita à mão em uma oficina no interior do país ou comer aquele bolo preparado com uma receita de família dá um tom todo especial para a experiência, exatamente como os consumidores atuais querem.
Houve um momento em que as marcas mais valorizadas eram aquelas que ofereciam os produtos de mais qualidade, mais duradouros e completos. Isso mudou, e hoje sabemos que os consumidores valorizam muito as marcas que oferecem uma experiência diferenciada.
Mas isso também já está mudando, e a próxima tendência que se anuncia é da valorização das marcas que mais despertam emoções no consumidor. O crescimento dos bots, da inteligência artificial e das experiências digitais vão refletir na necessidade de mais conexões humanas e, com elas, mais emoções.
Não é a toa que o Opinion Box criou um índice que mede o vínculo emocional dos consumidores com as marcas. O CEV, Customer Emotional Value, identifica quais são as marcas que possuem maior conexão emocional positiva com seus consumidores – e também as que possuem maior conexão emocional negativa, ou seja, que despertam mais sentimentos ruins.
As preocupações com o meio ambiente e a escassez dos recursos naturais se torna cada vez mais crescente, já que elas estão mais visíveis e frequentes. Essa preocupação se reflete em uma mudança no comportamento do consumidor, que passa a priorizar produtos reutilizáveis ou que causem menos danos ao meio ambiente.
Uma pesquisa do Opinion Box mostra que 55% dos consumidores dão preferência a empresas conhecidas por cuidar do meio ambiente, e este número deve crescer cada vez mais nos próximos anos.
O que essas cinco tendências de comportamento do consumidor para o próximo ano têm em comum? Todas elas exigem das marcas uma relação mais próxima e transparente, baseada em respeito, em princípios éticos e uma preocupação sincera com o próximo, seja através da preservação do meio ambiente ou da colaboração com o outro. Ao meu ver, são boas notícias, que vão pressionar o mercado a se adaptar e mudar para melhor.
Confira a pesquisa completa AQUI.
é líder de marketing do Opinion Box, especialista em Inbound Marketing e apaixonada por pesquisa de mercado e comportamento do consumidor.
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