Artigos

Mais mobile, por favor

Vamos pensar nas maiores invenções da humanidade? Ferramentas, roda, telescópio, lâmpada, relógio. São alguns dos itens que figuram em praticamente qualquer lista que se faça sobre o assunto. E essas listas, via de regra, possuem dois itens com cadeira cativa: telefone e internet.

Sem dúvida, são duas invenções que mudaram definitivamente o nosso comportamento e a maneira como nos comunicamos. E, assim, mudaram o mundo. Isso dá a dimensão da influência que o mobile exerce na vida de qualquer pessoa, pois quando estamos falando de mobile, estamos lidando com a interação de uma pessoa com um smartphone. E o smartphone, amigos, é simplesmente o telefone e a internet unidos em uma única invenção. Por isso ele mudou tanto o nosso comportamento.

Quando a internet se popularizou, nós nos sentávamos diante de um computador e nos conectávamos. Dedicávamos, então, um tempo específico para todo tipo de interação que a internet permite. O smartphone rompeu essa lógica. O aparelho que carregamos no bolso, nos mantém conectados o tempo todo. Vivemos online. Esse é o maior ponto de mudança de comportamento. Tudo aquilo que fazíamos em um espaço de tempo determinado enquanto estávamos conectados, passamos a fazer de maneira fragmentada, em intervalos de tempo livre, ou em momentos em que aquele assunto se torna prioridade. E esses momentos são imprevisíveis, podem ser a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer circunstância.

É isso que chamamos de micro momentos. Nós olhamos para a tela do celular, em média, 150 vezes por dia. Para saber as horas, responder uma mensagem, ver os e-mails, acessar as redes sociais. Mais do que isso, olhamos para o celular para tirar uma dúvida, aprender a chegar em algum lugar, ver o preço de algo que queremos muito comprar. Em resumo, são centenas de micro momentos de tomada de decisão. Momentos muito ricos em intenção, de alta expectativa, em que a pessoa espera que as empresas entreguem o que ela está procurando, na hora, sem margem de erro. Diante disso, é lógico pensar que nosso desafio é desenvolver estratégias para atender nosso público durante tais micro momentos. Esse é o ponto chave que pode definir o sucesso ou o fracasso de uma marca no mundo digital.

 

Agora, vamos refletir. Será que estamos fazendo isso?

Já vimos como o nosso próprio comportamento mudou em função do aparelho que carregamos no bolso, então por que não mudamos a maneira como pensamos e a nossa estratégia de marketing digital? Se você ainda vai até a sua agência aprovar o key visual da próxima campanha, na tela retina de mais de 30 polegadas que o cara da criação usa para trabalhar, algo está errado no seu processo.

Aquela peça linda e enorme que você está vendo, vai impactar no máximo 30% do público, que a campanha vai atingir. Dependendo do plano de mídia, esse número não chega a 15%. O restante vai chegar na sua campanha pela tela de um smartphone. Esse deveria ter sido o primeiro formato avaliado para aprovação ou não da campanha. Na reunião de apresentação das peças para a diretoria, esqueça a tela led de 80 polegadas da sala de reunião. A sua peça não vai ocupar tanto espaço, você só precisa mostrar algo que caiba na tela de um celular. Se você acha difícil aprovar uma campanha assim, comece a repensar sua estratégia.

Planejar uma campanha sob o conceito de Mobile First tem muitas vantagens. A primeira delas e principal é que a campanha estará alinhada ao requisito básico do mercado. Nunca é demais lembrar que Mobile First não é mais uma tendência, e sim uma exigência dos consumidores. O número de acessos mobile já superou o desktop desde 2015. Isso é muito tempo no mundo digital.

Outra vantagem é que uma campanha pensada primeiro para o mobile precisa de poucos ajustes para funcionar bem no desktop. O contrário não é verdadeiro. Quando se projeta algo apenas para desktop, a adaptação para dispositivos móveis consiste em remover elementos que não vão caber na tela de um celular. Isso não faz sentido. No conceito de Mobile First, todos os problemas de espaço, velocidade de internet e usabilidade são resolvidos no início do projeto. Depois disso basta pensar em como enriquecer a experiência para o desktop.

Essa lógica leva a uma outra grande vantagem: o Mobile First reduz gastos. Todos os recursos são alocados em resolver os principais pontos de sucesso da campanha no início do projeto. No final, poucos ajustes serão necessários e a performance da campanha já estará garantida.

Diego Puerta

é fundador e Diretor de Operações da CRP Mango, agência com foco em tecnologia digital. Bacharel em Matemática com ênfase em informática, atua no mercado digital há mais de 15 anos e é apaixonado pela natureza inovadora da internet, embora ainda acredite que a melhor parte da vida é off-line

Comentários

PUBLICIDADE