Quinta-feira, 12 de julho de 2018
“Os clientes são sempre lindamente, maravilhosamente insatisfeitos. Mesmo quando se dizem satisfeitos e os negócios estão indo bem, eles querem algo significativamente melhor”, Jeff Bezos. Esta frase do CEO da Amazon sintetiza bem o momento no qual estamos. Não há mais espaço no mercado para oferecer experiências mornas ou produtos que achamos que os consumidores desejam com base no nosso instinto ou no histórico de comportamentos observados até agora. A hora é de mais precisão. É necessário conhecer o cliente em profundidade, seguir seu momento de vida, acompanhar cada movimento que ele faça. E isso só é possível por meio de uma análise de dados efetiva.
Porém, quando se fala em análise de dados, é muito comum observar duas reações: a primeira é a de acreditar que o suficiente já está sendo feito . As companhias têm ferramentas e equipes de analytics e, com isso, já sentem que “cumprem essa obrigação” do mundo digital. A outra, é achar que não possuem dados suficientes ou condições adequadas para embarcar nesse universo big data. Geralmente, ambas estão equivocadas.
A maioria das empresas que considera estar realizando um bom trabalho de análise não está aproveitando as potencialidades dos dados para atender seus consumidores com mais precisão. Muitas vezes, imersas em um mundo de informações e nas possibilidades que elas geram, perdem o foco das necessidades reais que devem ser atendidas. Ou, não tendo os fatos como bases reais para as tomadas de decisão, fazem uma leitura dos dados insuficiente (ou viciada), que acaba apenas por confirmar ideias de negócio pré-estabelecidas, e não atendendo o cliente a contento. Por outro lado, as empresas que acreditam que a análise de dados é “apenas para grandes companhias” perdem oportunidades fundamentais de utilizar as informações que têm disponíveis para aproximar-se de seus usuários, desenvolver ofertas mais adequadas e alcançar o crescimento.
Enquanto isso, empresas de todas as envergaduras que são verdadeiramente guiadas por dados – as chamadas data driven enterprises – conquistam o consumidor e ganham mercado com velocidade. Mas o que as diferencia? O que é ser verdadeiramente guiado por dados?
Ao contrário do senso comum citado acima, não é ter as ferramentas certas ou a quantidade ideal de dados. Hoje, existem inúmeras tecnologias de análise distintas e uma proliferação incomensurável de dados que podem direcionar a muitas abordagens diferentes – certas ou erradas – para resolver o mesmo problema de negócios. O que diferencia essas companhias então, não é ter as “condições perfeitas”, mas conseguir identificar os desafios corretos e usar os dados que se têm em mãos para criar boas hipóteses de solução.
E sobre “encontrar os desafios corretos“, eu costumo fazer a seguinte analogia: se queremos ser inovadores, devemos agir como os cientistas que revolucionaram com suas teorias. Todos eles se basearam na profunda observação dos fatos. Então, é preciso observar os fatos, analisá-los, gerar hipóteses, experimentá-las e, assim, sucessivamente, até fazer uma descoberta. Quando eu crio o ambiente, consigo observar, tenho os fatos na minha mão, passo a ter clareza sobre o desafio que preciso perseguir e tenho um primeiro passo de uma solução. E são esses pequenos passos, dados de forma sistemática, que nos levam ao resultado que será disruptivo.
“A informação é o petróleo do século 21 e a análise é o motor de combustão“ Peter Sondergaard, vice-presidente sênior do Gartner.
Para aproveitar o potencial do big data, seja a sua empresa uma multinacional ou uma pequena operação familiar, não espere para ter tudo em mãos, comece pequeno: descubra os pontos de dor do seu value stream, do seu consumidor, uma necessidade estratégica de sua companhia e concentre-se nos dados que dizem respeito a essas questões.
Depois, crie na sua empresa uma cultura de experimentação sustentável que aproveite os insights gerados pelos dados. Aqui, o grande segredo é construir formas de cocriação com equipes multidisciplinares que tragam para a equação diferentes pontos de vista e, com essa inteligência coletiva, elaborar as hipóteses mais completas sobre os dados disponíveis. Assim, será possível chegar a soluções mais acertadas e atingir grandes resultados, além de alimentar constantemente as bases de informação da empresa.
“Em empresas tradicionais, a ‘inteligência de negócios’ é geralmente gerenciada por departamentos; as diferentes funções selecionam suas próprias ferramentas, controlam seus próprios bancos de dados e treinam seu próprio pessoal. Mas assim, o caos está instalado. (…) Por outro lado, os concorrentes que têm fortes bases de Analytics centralizam a inteligência de dados para garantir que informações críticas e outros recursos sejam bem gerenciados e que partes diferentes da organização possam compartilhar dados facilmente, sem os impedimentos de formatos, definições e padrões inconsistentes”, Thomas H. Davenport, em artigo no Harvard Business Review.
Para isso, na CI&T, por exemplo, temos como base a filosofia de gestão Lean e seu foco no que é valor para o consumidor, que estabelece e sustenta a cultura de colaboração e de aprendizado constante para atingir a melhoria contínua. E utilizamos também abordagem do design thinking – cujos pilares são a empatia, a cooperação e a experimentação – e as ferramentas de design que instrumentam esse formato.
Então, meu conselho para as lideranças nesse ambiente é: procure aprofundar-se em metodologias que sustentem um ambiente colaborativo, aplique princípios do Lean, busque respostas no design e comece de uma maneira simples. Traga para perto as pessoas envolvidas com analytics, crie grupos com diferentes habilidades e permita-se discutir os reais problemas de negócios com eles para encontrar as soluções conjuntamente a partir do que os dados retornam. E quando este processo tiver iniciado, naturalmente, outros dados de outras fontes surgirão para enriquecer as soluções nas quais os times estiverem trabalhando. O segredo é a empresa preparar suas bases e abrir-se para o mindset digital, para o mindset de crescimento e permitir-se arriscar, experimentar para adquirir aprendizado. Na segunda-feira, chame seu pessoal e comece a implementar!
é Gerente Sênior de Analytics na CI&T. MBA em Inovação em Gestão e Lean IT pela Fundação Getúlio Vargas. Atua no mercado de TI desde 2001, com experiência na transformação de empresas que buscam maximização de seus resultados por meio de iniciativas de inovação, construção de cultura data driven, geração de insights, digital intelligence e metodologia Lean.
Comentários