Quarta-feira, 02 de maio de 2018
A revisão dos conceitos se faz importante neste caso, pois tudo começa com IoT (Internet of Things ou Internet das Coisas em uma tradução livre). Nós do comitê de IoT da ABRADi, temos a missão de descobrir como IoT e Marketing Digital trabalham juntos na geração de negócios e, nossas pesquisas têm nos levado cada vez mais para o varejo, especialmente as lojas físicas. Hoje as plataformas de “e-commerce” medem tudo, desde uma simples visita, até a conversão , passando por diversos parâmetros no funil de vendas, porém o varejista não tem esta mesma medição nas lojas físicas e isto, sem sombra de dúvida, seria de grande valia para eles.
Mas antes do Wi-fi marketing propriamente dito, já existem soluções de IoT que medem o fluxo nas lojas, isto nem é novo, talvez a novidade neste caso, seja a integração de uma série de parâmetros (como fluxo de pessoas novas, fluxo de retorno de pessoas, quantas pessoas passam na frente da loja, mas não entram e divisão de pessoas por região, por exemplo) em um único painel ou dashboard. É verdade que este tipo de solução, já faz um uso primitivo do Wi-fi Marketing, pois uma rede Wi-fi, já consegue captar o MAC ADDRESS dos telefones celulares (este é o registro único do seu telefone celular para identificá-lo em redes, quaisquer que sejam elas) e com isso já se sabe se aquele aparelho é novo na rede ou não, apesar de não se saber nada sobre o dono do aparelho.
O Wi-fi Marketing pode ser considerado uma evolução da contagem de fluxo de pessoas em lojas, pois quando você se conecta no Wi-fi “GRATUÍTO” de qualquer estabelecimento, normalmente sempre existe a contrapartida do “CADASTRO”. É no cadastro que os dados pessoais são capturados, seja este cadastro feito por meio de uma rede social, ou simplesmente preenchendo seus dados em uma tela de “login”. A partir deste momento, quatro ações distintas são realizadas.
A primeira delas é a de classificar o novo cadastro capturado em “clusters” com base em seu perfil (homem ou mulher, faixa etária, região entre outros) e iniciar o estudo de comportamento deste novo perfil no espaço em questão. Ainda é possível conectar este novo perfil com uma DMP (ou várias) e obter ainda mais dados, como classe social, por exemplo.
O segundo passo é a ativação no espaço físico. Quais tipos de campanhas podem ser utilizadas de modo que os visitantes comprem mais, ou ainda quais formatos mais convertem? Este perfil costuma visitar a loja sempre no mesmo horário, no mesmo dia da semana ou mês? Que produto esta pessoa compra? Quais outros produtos poderiam ser oferecidos? Cupons de desconto, motivam esta pessoa a comprar mais? Quais tipos de cupom? Antes da ativação propriamente dita, pode existir um passo intermediário de engajamento, antes de iniciar com campanhas a loja ou marca, pode querer trocar mais informações com o cliente e construir outro tipo de relacionamento, aí depende muito da estratégia da marca.
O terceiro e quarto passos não são sequenciais, na verdade eles acontecem em paralelo, ou nem precisam acontecer. Vamos chamar de passo 3 a integração destas plataformas de Wi-fi Marketing com sistemas de e-commerce. Agora o virtual encontra o real. Todos os dados de consumo, comportamento e tendências, todo o histórico dos compradores virtuais, podem ser utilizados para a compra na loja física. Muito simples entender o raciocínio, assim que aquele número de telefone celular (que neste momento já é conhecido da loja, pois já faz compras no ambiente digital) entrar em uma loja física e se conectar ao Wi-fi, todo aquele histórico digital, pode ser utilizado para influenciar a compra naquele momento, com cupons de desconto ou as mais diversas promoções.
O quarto passo é a integração de todos os sistemas. Wi-fi Marketing junto com Digital Signage. Imagine um Shopping Center, você se logou no Wi-fi do Shopping “GRATUITAMENTE” e neste momento, o sistema de Wi-fi Marketing cruzou os seus dados com uma DMP e a partir de agora passa a saber muito do seu comportamento de consumo. Agora imagina que você está em um corredor do Shopping Center e um totem de Digital Signage faz uma oferta exclusiva para você ir naquela loja e comprar um produto com desconto, naquele momento, ou ainda um desconto especial no seu restaurante preferido, que também tem uma loja naquele shopping. Isso pode acontecer no elevador, na praça de alimentação em qualquer espaço público.
Pensando em lojas físicas, a integração pode ser feita também entre o POS de pagamento do cartão de crédito, o roteador de Wi-fi, o Digital Signage, tudo integrado e trocando informação. O custo disso não é alto, como alguns podem imaginar, pois tudo isso já está conectado, só não está integrado.
Abordamos neste artigo oportunidades para mídia, com foco em venda de serviços ou produtos, ou seja a famosa conversão, mas outra abordagem pode ser feita, a abordagem de prestação de serviços. Podemos facilmente trocar todas as menções a publicidade, por prestação de serviços e a partir daí, cria-se um ecossitema de parceiros que teriam interesse em prestar serviços aos consumidores de determinadas redes varejistas, sejam eles quais forem. Mais uma vez, tudo depende da estratégia da marca!
Quando falamos de IoT para Marketing Digital, o Wi-fi Marketing é a aplicação mais palpável e o varejo é o segmento mais promissor. Muitos dos passos descritos acima já estão em prática e até o próximo ano serão utilizados massivamente. O Wi-fi Marketing está permitindo que as empresas façam o encontro do virtual com o real, não se esquecendo do consumidor, usuário ou cliente.
*Este texto foi escrito por Fábio Trindade – Líder do Comitê de IoT da ABRADi, colaborador do Digitalks e fundador da TSA Digital Media Consulting, Rafael Mesquita – CMO da N-Share e membro do Comitê de IoT da ABRADi e Rodrigo Carpes é CSO da N-Share.
é engenheiro formado pela Escola de Engenharia Mauá, com MBA Executivo pelo Insper, é consultor de empresas na área de mídias digitais. Com mais de 15 anos de experiência em tecnologia, atuando em vendas, desenvolvimento de negócios, parcerias e marketing. Tem larga experiência na implementação e operacionalização de start-ups internacionais de mídia digital no Brasil. Fábio possui conhecimento do ambiente digital brasileiro, seus players (veículos, redes de anúncios / programáticas, agências e anunciantes), bem como a dinâmica do mercado. Foi Presidente e fundador do Comitê de Video do IAB. Atuou em empresas como Perform Group e Zoomin.TV, entre outras. Atualmente é responsável pela TSA Digital Consulting e membro do Comitê de Educação da ABRADi.
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