Quinta-feira, 03 de novembro de 2016
Clique, clique, clique. Curta, curta, curta…
Não me diga que você nunca fez isso. O seu cérebro entra no piloto automático, seus olhos estão vidrados, você vai passando e passando o seu feed infinito do Facebook, curtindo fotos, atualizações, status e links de sites aleatórios.
Isso é a mídia social em seu ápice, hipnotizando-nos com um excesso vazio de coisas. Mas todos esses artigos que prometem “explodir a sua cabeça” talvez não estejam fazendo muito bem à sua mente.
O seu cérebro no Facebook é um prodígio. Mas o que está realmente acontecendo na sua massa cinzenta enquanto você olha fixamente para a tela, vai passando os posts e clicando? O que está afetando as suas sinapses? O que está sendo guardado na sua memória?
Quero responder a essa pergunta, mas eu não estou aqui para te servir pequenas curiosidades psicológicas e confortáveis pedaços de senso comum. Estou aqui para te entregar resultados.
Eis a questão: quando você compreende a psicologia das curtidas de Facebook, você pode utilizar esse conhecimento avançado para melhorar o seu marketing online. Conhecer os processos mentais por trás da rede social mais popular do mundo vai te dar uma vantagem em relação aos seus competidores.
Conheça a psicologia e então tire proveito disso para ganhar um poder de marketing instantâneo. Aqui estão os cinco pontos que você precisa conhecer da psicologia das curtidas no Facebook.
Vá ao Facebook. Clique no botão de curtir.
O que você acabou de fazer? Você realizou um gesto humano de reconhecimento. Isso foi uma interação social entre duas ou mais pessoas.
Eis o que o psicólogo Dr. Larry Rosen escreveu para o Psychology Today:
A “curtida” é um exemplo do que eu chamaria de “empatia virtual”. Nós sabemos o que significa ter empatia para com alguém: ter a habilidade de compreender e compartilhar o estado emocional ou o contexto de outra pessoa.
Quando você clica no botão de “curtir”, você está se comunicando com outro ser humano. O que você está comunicando? Você está reconhecendo-o de alguma forma.
Não é que você necessariamente está curtindo – no sentido de gostar. Ao invés disso, você está reconhecendo. Você está dizendo “Estou vendo. Eu compreendo. Estou aqui”.
Quando nós curtimos no Facebook, o que na verdade estamos tentando fazer é conseguir capital social.
E o que é capital social? De acordo com uma definição tediosa de dicionário, capital social é:
A rede de conexões sociais que existe entre as pessoas, seus valores compartilhados e suas regras de comportamento, o que torna possível e encoraja uma cooperação social que é mutuamente benéfica.
No mundo da internet, um mundo tecnológico, plugado e online, as conexões sociais ocorrem no ambiente virtual. A conclusão que se segue é a de que as transações de capital social vão acontecer online, também. E, portanto, é possível deduzir que a “cooperação social mutuamente benéfica” ocorre quando você clica em “curtir”.
Essa não é uma conclusão forçada. Quando você se dá conta de que as interações sociais ocorrem online, e que uma das principais ferramentas dessa interação é a “curtida”, isso passa a fazer sentido.
Curtir ajuda as pessoas a gerarem capital social nas suas interações online.
Seria fácil perceber o ato de curtir como algo que afeta apenas a pessoa que está sendo curtida. Mas há algo mais aí.
A curtida se tornou muito mais do que uma simples reação positiva em relação a um post ou a uma atualização; ela evoluiu para se tornar também um comentário sobre a pessoa que a realiza.
Se você curte um status com o qual você concorda, você está publicamente admitindo e expressando essa concordância pelo simples clicar de um botão. É uma mensagem para nós mesmos de que isso é o que nós somos, isso é a coisa com a qual concordamos.
Você é o que você curte. Isso não é apenas uma especulação psicológica arbitrária. Na verdade, esse é o modo de funcionamento que está por trás da gigantesca monetização do Facebook. O Facebook te mostra publicidade e organiza o seu feed com base naquilo que você curte.
Na recente revelação do funcionamento do algoritmo do Facebook feita pela Time ele foi explicado assim:
A estreia do botão de “curtir” em 2009, que permitiu que os usuários dessem a sua aprovação para conteúdos específicos pela primeira vez, auxiliou o feed de novidades a aprimorar o conhecimento de quais histórias as pessoas realmente gostavam. O quão próximo você é de uma pessoa é uma informação cada vez mais importante, que é medida pelo quanto você curte os posts dessa pessoa.
Pesquisas científicas têm comprovado isso. O Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) publicou um estudo com quase 60 mil usuários de Facebook e chegou ao seguinte resultado:
Ao alimentar um algoritmo com as “curtidas” das pessoas, com as informações escondidas nas listas de suas coisas favoritas, foram capazes de predizer se alguém era branco ou afro-americano com 95% de precisão, se eram gays do sexo masculino com 88% de precisão e até identificar os participantes como republicanos ou democratas com 85% de precisão. A lista de “curtidas” foi capaz de predizer o gênero com 93% de precisão e a idade pôde ser determinada de forma confiável em 75% das vezes.
Quem você é como pessoa pode ser determinado por meio daquilo que você curte no Facebook.
Se nós curtimos o status ou a foto de alguém, então nós estamos implicitamente solicitando que elas façam o mesmo. Todos gostam de ganhar um like.
Um artigo do Psychology Today diz o que poucos de nós admitimos:
Quanto mais likes você conseguir, mais amado você se sentirá.
Sim. Você já sentiu isso? Ooh – 10 curtidas. Wow – 25 curtidas. Que legal – 100 curtidas! Eu sou demais – 200 curtidas!
Nós gostamos de receber curtidas e a quantidade numérica dessas curtidas é tão importante quanto a qualidade. Nós gostamos disso porque nós queremos ser curtidos.
Mas e se nós não recebemos as curtidas que desejamos? E se o nosso status passa batido? Aquela pequena atualização de status é uma extensão do nosso ser e quando ela é negligenciada nós nos sentimos pessoalmente ignorados.
O CNet coloca essa questão em termos fortes:
Ser ignorado no Facebook é o inferno psicológico. Você não vai ao Facebook para ver como as pessoas estão, vai? Você vai lá para obter algo crucial para o seu bem-estar.
Nós curtimos pelo mesmo motivo pelo qual nós vamos para a balada, pra festas e saímos com os amigos. É pelo feedback psicológico. Nós queremos ser apreciados, confirmados e reconhecidos por quem nós somos.
A curtida tem muitos aspectos positivos, mas possui alguns negativos, também.
Um desses aspectos negativos é o desgaste dos níveis mais profundos de interação. O New York Times descreveu o modo como as mídias sociais tomaram o mundo de assalto como “A Fuga da Conversação”.
Curtir é fácil. Basta realizar um clique.
Conversar é mais difícil. O ato envolve escrever, falar, contato visual e uma quantidade substancial de tempo. Ter relacionamentos e manter conversas dá trabalho. Com todos esses amigos de Facebook que você possui, é difícil ter tempo para cultivar essas relações mais profundas.
Dar uma curtida é muito mais fácil. A curtida é uma forma de engajamento social livre de riscos. É uma conexão sem compromisso.
E o que faremos com esses reluzentes insights psicológicos?
Não se deixe afundar em depressão. Não saia do Facebook. Não acuse as pessoas de serem patéticas. Apenas reconheça como são as coisas e tire o melhor proveito disso.
Eis aqui algumas lições que vão impulsionar as façanhas do seu marketing:
Conheça o seu público alvo: as dores deles, suas tendências e preferências. Entenda com quem você está se conectando no Facebook. Tente conhecer mais do que os seus dados demográficos. Tente intuir a composição psicográfica deles e as suas motivações mais profundas.
Com esse conhecimento aprofundado, faça post de coisas que vão encontrar alguma ressonância neles. Lembre-se que eles expressam quem são por meio das curtidas. Eles estarão mais propensos a curtir coisas com as quais eles se sentem seguros.
Dê um feedback. Todos gostam de ser curtidos e, portanto, vá até eles e se conecte com os seus seguidores e as pessoas que te curtem. Dê-lhes o capital social e o senso de afirmação que eles almejam.
O Facebook possui mais profundidade psicológica do que qualquer um de nós jamais parou para prestar atenção. Da próxima vez que você clicar em curtir, pense no que você está fazendo, e então aplique as lições da sua autoanálise no modo como você utiliza o Facebook como uma ferramenta de marketing.
é o co-fundador da CrazyEgg, Hello Bar e KISSmetrics. Ele ajuda empresas como a Amazon, Facebook, Google, HP e Yahoo a crescer sua receita. Forbes diz que ele é um dos 10 melhores profissionais de marketing on-line, e Entrepreneur Magazine diz que ele criou uma das 100 empresas mais brilhantes do mundo. Neil foi reconhecido como um dos 100 mais importantes empreendedores com idade inferior a 30 anos pelo presidente Barack Obama. Acesse o site dele em português: http://neilpatel.com/br
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