Terça-feira, 31 de outubro de 2017
Talvez você já tenha ouvido a frase: “Você pode matar um homem, mas não pode matar uma ideia”. Dita por Medgar Evers, ativista afro-americano do Movimento de Direitos Civis do estado do Mississippi (EUA). Trata-se de uma frase comum na boca de heróis da cultura pop, contendo geralmente algumas variações. Isso porque realmente as ideias ultrapassam o que é material.
Sobretudo com o avanço das tecnologias digitais, é cada vez mais notório que o que une as pessoas são as ideias. Muitos podem gostar de um produto, como por exemplo, a Coca-Cola. Mas a ideia que se tem sobre a Coca-Cola une muito mais pessoas. Existem colecionadores de placas, peças de propaganda, garrafas, objetos de todos os tipos ligados à marca.
Essas pessoas não colecionam isso por conta do sabor da bebida e sim por toda a ideia que se tem ao redor da marca. Isso porque, já há muitos anos, a gigante dos refrigerantes deixou de vender uma bebida e passou a vender um estilo de vida, ou então, conceitos e ideias. “Abra a felicidade”, chegou a ser um de seus slogans. A associação da marca com um conceito abstrato a torna tão poderosa, que mesmo com constantes avisos de qualquer mal causado pelo consumo excessivo da bebida, não impede milhares de pessoas de tomarem litros dela diariamente.
No cenário das redes sociais e das conexões 24/7 que vivenciamos hoje em dia, isso se torna ainda mais presente. A imagem que se tem sobre algo vale muito mais do que o algo em si, inclusive financeiramente. O desgaste da imagem causa mais prejuízos do que um produto defeituoso, e essa lógica se mantém na hora de vender esse produto ao público.
Seja qual for o produto ou serviço que sua empresa vende, você não o vende mais pelo produto, o vende pelo efeito que ele tem na vida das pessoas que o compram. Um excelente exemplo é o de sistemas de segurança. Não se vende câmeras. As pessoas não querem saber da definição, da alta tecnologia, elas querem se sentir seguras. Por isso, a empresa vende “segurança”.
A venda está atrelada ao que aquele produto ou serviço faz o consumidor sentir. Se vende, realmente, uma ideia. É por isso que o branding, que é todo o conceito ligado à marca, é um dos focos principais de qualquer empresa hoje em dia. Tecnologia para criar um produto de qualidade é quase certa. A garantia de um bom produto é quase certa.
Mas ter uma marca que dialogue com seu cliente e passe a ele as ideias certas, isso sim, é um ponto de atenção que, muitas vezes, as empresas deixam passar.
Pode ser um conceito complicado de colocar em prática, porque essa é uma questão de entendimento do pensamento do consumidor, e trabalhar com algo intangível não é fácil. Essa dificuldade é muito evidente em empresas mais antigas, cujo mindset era a criação de um produto que era garantido e forte por si só, não pelos conceitos que ele trazia consigo.
O ponto é que os profissionais de marketing se deram conta que as pessoas se ligam e se relacionam de verdade é com as marcas, com o que elas representam e é isso que deve ser alimentado. A marca, hoje em dia, é mais do que costumava ser, ela é uma persona viva de quem a empresa é, algo que, embora intangível, é o que dialoga e ‘convive’ com seus consumidores.
Não venda apenas o seu produto, venda sua empresa, venda quem ela é e, principalmente, a ideia por trás de tudo. É nesse ponto que o marketing, sobretudo o digital, mais ganha destaque, atuando como mecanismo de relação entre consumidor e marca, gerando pontos de reforço, criando conexões, nutrindo relacionamentos. É através dessa visão que é possível existir nesse turbilhão de ofertas e buscas que é o mercado atual.
é formado em publicidade com pós graduação em marketing digital pela Universidade de Urbana Illinois. É diretor da CRP Mango e também atua como consultor de mídia digital e e-commerce e possui mais de 10 anos de experiência em comunicação e marketing digital. Também é sócio do App “Tá na Obra” e palestrante. Seu foco profissional e objetos de estudo são o Marketing Digital, Comunicação, Mídias Digitais e Redes Sociais, Publicidade Online e Comportamento. Já atendeu às empresas: Gael, Rai, AO5, Molotov, Aquatro, Prós, Informamidia,Ticket, Governo Espirito Santo, Detran, Setur, Unilever, P&G, Mondelez, Pepsico e UOL.
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