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A mulher da geração millenium e o e-commerce

 

A pergunta é simples: sua loja virtual sabe vender para a mulher do século XXI? Aquela que nasceu entre as duas últimas décadas do século XX, que passa, a cada dia com mais força, a exercer papel de principal fonte de receitas em muitos lares brasileiros?

Apenas para mostrar a importância de debatermos o assunto, as mulheres já são responsáveis, segundo a última edição do Webshoppers, por 50% das vendas de e-commerces no Brasil. Em 2014, os homens eram maioria (51,4%) e as mulheres somavam 48,6% do público e-consumidor. Isso mostra que há um crescimento do público feminino no comércio eletrônico e, portanto, um perfil que deve ser considerado e melhor compreendido pelo lojista.

 

Rápido panorama sobre essa geração

 

Para falarmos da mulher Y ou millenium, foco desse texto, precisamos definir essa geração e, bem, você já deve ter percebido que os tempos mudaram e a forma como se consome hoje é (muito) diferente de como isso era feito há 40, 30, 20 e até mesmo 10 anos atrás.

O consumidor mudou: ele busca mais do que produtos. Na verdade, ele quer que as marcas ofereçam experiências, que sejam socialmente responsáveis, e que tenham um propósito – e isso vale também para as lojas virtuais.

millenium-internet

Essa geração nasceu entre a década de 80 e meados de 90, o que fez com que lidasse com as mais modernas tecnologias desde seu início. Internet, telefonia móvel, TV à cabo, SMS, internet mobile, smartphones, aplicativos, e-commerces, redes sociais e tantos outros avanços, que embora pareçam intrínsecos a nosso cotidiano, eram apenas ficção cientifica há alguns anos.

Os “nativos” dessa nova geração estão sempre conectados, falam em ter seu espaço, desejam ser respeitados e tratados como únicos pelas marcas, que, por sua vez, precisam estar prontas para atender, de forma satisfatória, esse perfil de cliente. As primeiras edições da Black Friday deixaram isso bem claro.  As marcas que desafiaram o consumidor tentando maquiar preços foram expostas.

Essa é a geração Y, que exige cuidado das marcas, e as fizeram perceber que precisam se diferenciar para oferecer algo que vá além da relação loja/cliente.

Com essa breve explicação da geração, vamos voltar ao foco principal do artigo.

 

As mulheres millenium pensam em causas, usam seu dinheiro com inteligência e focam em seu bem-estar

Em abril de 2016, o portal da Harvard no Brasil publicou um artigo que apresenta uma pesquisa realizada em conjunto entre a consultoria PWC e o Instituto Optimum Research, intitulada: “The female millennial – A new era of talent”. Para o desenvolvimento do material foram entrevistadas mais de 10 mil pessoas de 75 países. A idade de quem foi consultado variou entre os 20 e 35 anos.

Embora a pesquisa tenha sido focada no mundo dos negócios e carreiras, é possível ter uma ideia do perfil dessa nova mulher, o que pensam e as expectativas para o futuro. A pesquisa indicou, por exemplo, que elas buscam um trabalho onde possam ter orgulho de seu empregador e uma empresa que contribua de alguma forma para melhorar o mundo. Ou seja, as causas estão muito em evidência e já fazem parte da realidade desse target.

Cabe aí uma reflexão: se elas têm buscado isso no trabalho, de onde tiram seu sustento, já parou para imaginar o tamanho do impacto desse pensamento no consumo?

Outra pesquisa, essa da consultoria Nielsen, apontou que as mulheres são muito fiéis às marcas e não costuma trocá-las sem motivos bem embasados – ao contrário dos homens. 53% deles afirmam que trocariam de marca para produtos com menor custo, mas apenas 35% das mulheres fariam o mesmo. A pesquisa também indicou que as mulheres nessa faixa estão mais fiéis às marcas líderes de mercado.

O que podemos constatar? Para elas, o preço nem sempre é crucial para trocar produtos, embora seja importante. A experiência (positiva) com a marca volta a falar muito alto, e a divulgação é importante para manter sua marca forte e presente na realidade delas.

Uma outra constatação importante , da mesma pesquisa, é que depois que todas as contas são pagas elas costumam utilizar o dinheiro para a aquisição de itens para melhorar suas casas ou para a compra de roupas novas.

Lojas virtuais que atuam com essas categorias podem muito bem analisar o comportamento de suas consumidoras cruzando informações de navegação no site, com dados disponibilizados por ferramentas de inteligência de mercado e que analisem padrões de compra de clientes e seus interesses manifestados em redes sociais (por curtidas, menções em publicações ou fotos).

Entender que a cliente tende a frequentar restaurantes (pois há fotos e comentários sobre isso em sua rede social) em determinado período do mês ajuda, por exemplo, quem pretende criar uma oferta especial para estas datas – ou horários – que atendam um padrão de compra. Também é possível segmentar anúncios para quem curta uma determinada marca e cujo perfil seja o mesmo do público-alvo que o lojista pretende atingir.

 

Mulheres mais ligadas nas redes sociais

 

e-commerce-millenium-mulherO Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) lançaram este ano, 2016, a pesquisa sobre o “O perfil de consumo das mulheres brasileiras”. O material apontou que 94,3% das entrevistadas utilizam as redes sociais e esses números podem ser empregados de forma estratégica por seu negócio. Outro dado importante é que 64,8% delas já mudaram seus hábitos de compra por conta das redes sociais. Ou seja, manter uma estratégia nesses canais é fundamental para ativar a experiência com a marca.

Dentre os canais mais utilizados, conforme este estudo, estão: Facebook (89,2%), Youtube (43,4%) e Instagram (34,4%).

Ainda segundo a pesquisa, os temas com os quais elas mais interagem nas redes sociais são:

  • Culinária: 65,1%
  • Moda: 46,8%
  • Beleza: 40,3%
  • Finanças pessoais: 9,2%

Claro que sua loja virtual precisa entender quem é o seu público, mas esses dados ajudam a referenciar um comportamento padrão das consumidoras.

 

52,6% das entrevistadas também revelaram à pesquisa que fazem a avaliação de produtos, sendo que os mais avaliados são:

  • Celulares: 63%
  • Roupas: 56.6%
  • Calçados: 45,8%
  • Alimentos: 32,8%
  • Equipamento de TV, DVD e som: 30,6%

Se as redes sociais são um canal no qual elas buscam referências e, nesse mesmo espaço, elas costumam fazer avaliações, fica mais fácil resolver essa equação: você só precisa estimular que suas clientes compartilhem as experiências com as marcas. Cabe, por exemplo, oferecer prêmios para que façam isso.

Em médio prazo as clientes podem passar a receber anúncios exclusivos por meio do Facebook ou outros canais de perfomance. Lembre-se que elas são clientes fiéis e como “Y’s” precisam se sentir únicas, exclusivas.

 

49,9% utilizam app no dia a dia (SPC/CNDL, 2016)

Sabe quais são os apps mais utilizados? Os de compra online de roupas e sapatos, que fazem parte da rotina de 24,4% delas. Mas, e aí? Você já tem estratégias para o mobile?

 

Como você trabalha personas?

Muito comum em nosso meio, as personas precisam ser estratégicas inclusive quando se criam campanhas, mas como você representa as mulheres? Será que é da forma exata como elas querem ser tratadas?

A mesma pesquisa deste tópico mostrou como elas querem ser vistas e retratadas pelas marcas:

  • 49,2% – desejaram ser vistas como “mulheres guerreiras”
  • 46,6% – como “reais”, sem o padrão de beleza intangível dos filmes de TV
  • 33,0% – como “dinâmicas”
  • 32,7% – como “independentes”

 

Com tudo isso em mente, a pergunta continua simples: sua loja virtual sabe vender para a mulher do século XXI?

 

Profissional de Marketing, no mercado digital desde 2002. É Head de Novos Negócios da UM Agência e consultor de comunicação estratégica com foco no desenvolvimento de negócios, inbound, branding, inside sales, planejamento e gestão de marketing. É também produtor de conteúdo e fundou em 2012 o projeto INTRIP, um site de viagem sobre turismo de experiência.

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