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Mídia programática precisa enfrentar fraudes para conquistar o mercado

A mídia programática é um ótimo jeito de executar uma estratégia de marketing digital de forma automatizada e inteligente – à base de regras, segmentos ou algoritmos – que garante às campanhas uma comunicação específica e personalizada, no momento certo para o público certo. Desta forma, a performance do marketing cresce e a mensagem se torna mais relevante para o usuário.

Porque, então, nem todos os anunciantes direcionam a maior parte de seus orçamentos de mídia para a publicidade programática?

As respostas mais comuns são:

  1. Fraude
  2. Falta de transparência
  3. Falta de controle/confiança

 

Vamos à análise de cada um desses pontos:

Este é o tópico mais preocupante de todos. Estima-se que mais de US$ 7 bi se perderão por causa de AdFraud esse ano. Considerando que os gastos totais com publicidade online (AdSpend) somam quase US$ 60 bi, esse número é preocupante. Do orçamento total que anunciantes gastam com mídia, 12% estão sendo praticamente roubados e, segundo o Wall Street Journal, 36% de todo tráfego web em 2014 era fraudulento.

 

As empresas fraudadoras se dividem em duas frentes principais: 

 

a)Falsos publishers

Realizam a fraude de cliques por meio da criação de falsos websites que desviam o tráfego de sites reais, alocam anúncios neles e simulam cliques, o que significa que o anúncio nunca alcança usuários reais. Assim gera-se um grande volume de falsas visualizações que acabam por formar um inventário a ser vendido para anunciantes desavisados;

 

b)Falsos usuários

Realizam a fraude de impressões. Os bots (usuários não-humanos) carregam um mesmo anúncio milhares de vezes, o que aumenta o CPM de um determinado espaço, já que neste sistema (de pagamento a cada mil impressões) os anunciantes pagam pela distribuição de anúncios, não pelo recebimento de cliques. Este tipo de fraude se sustenta por meio da implantação de malware em computadores ao redor do mundo, o que significa que usuários participam deste esquema sem saber. Por meio dos malwares os criminosos também podem roubar dados pessoais do usuário e realizar ameaças e chantagem.

Considerando que Brasil está entre os maiores produtores de Spam e AdFraud, a discussão do tema se torna ainda mais relevante para os anunciantes brasileiros. O volume desta indústria ilegal mostra o poder e a extensão da fraude. Enquanto algumas poucas empresas lutam contra esse “roubo virtual”, outras vendem ferramentas para criar fraude e oferecem suporte telefônico 24hs. Para uma empresa sozinha acabar com essa indústria é impossível, pois ela chegou a um tamanho financeiro que a torna um grande empregador e dificilmente controlável.

 

c)Falta de transparência

Hoje em dia, o leilão de espaços para anúncios online segue o princípio “Second Price Auction”, ou seja: quem ganha paga o preço do segundo maior lance mais um centavo. O comprador (uma DSP) sabe o preço que vai pagar, porém não sabe quem realmente deu o segundo maior lance e qual foi o valor.

O problema aqui é que, devido à opacidade do processo, o preço final pode acabar sendo manipulado. Desta forma, os contratos deveriam garantir transparência, para que todas as partes saibam os detalhes da transação e para que não se possa derivar ganhos indevidos deste processo (a partir de scripts maliciosos e afins).

 

d) Falta de controle/confiança

Confiança é a base de qualquer negócio. Por isso, se torna ainda mais importante que a indústria lute contra fraude e a falta de transparência. Viewability, por exemplo, é um desafio para a indústria assim como “Brand Safety” ou “Brand Exposure”.

Brand Safety está relacionado ao contexto do site em que o anúncio será impresso. Por exemplo, se um anúncio aparece em um site com conteúdo duvidoso ou inapropriado para aquela marca, ocorre um desgaste de sua marca. Já Brand Exposure, ou exposição da marca, é um assunto relacionado ao modelo de atribuição “last-click”, que força os marqueteiros a competir pelo “último clique” do consumidor, o que acaba gerando um bombardeio de anúncios.

Esses desgastes levam ao crescimento de ad blockers, da  rejeição aos anúncios online e por fim à aversão por parte do consumidor às marcas que não buscam impressões de qualidade, mas sim aliam seus nomes à exposição constante e inconveniente.  Na Alemanha, por exemplo, o uso de bloqueadores de anúncios está tão alto que alguns publishers não mostram mais conteúdo para usuários que querem entrar no site usando um adblocker.

 

Mas, então, o que fazer para combater esses problemas?

Cabe às empresas de mídia programática a tarefa de tentar regular esse mercado por meio do desenvolvimento de soluções que tornem o processo transparente para os anunciantes. Recentemente nós desenvolvemos e lançamos um índice de qualidade com esse objetivo: o SQX, ou Supply Quality Index, que é um algoritmo proprietário que possibilita classificar fornecedores de inventários de mídia programática (SSPs), com base na análise em tempo real de três parâmetros: transparência, performance e qualidade.

O parâmetro “transparência” consiste em uma gama de fatores que mostram se a operação da SSP é do tipo black-box ou se a SSP de fato transmite toda a informação necessária para determinar a alocação exata do investimento de seus clientes.

O parâmetro “performance” detecta flutuações anormais em preços ou no valor qualitativo de uma impressão leiloada.

Por fim, o parâmetro “qualidade de inventário” mede o valor real do inventário ofertado.

Com base nesses três parâmetros, o SQX determina uma pontuação específica para cada fornecedor, que é multiplicada pelos lances dados pelo seu inventário.

Na prática, vamos supor que uma SSP (supply-side platform) envie um tráfego com baixa performance e pouca transparência. Em seguida, o SQX vai puxar o valor do lance para baixo. Caso esse comportamento continue, paramos de “bidar” (comprar) o inventário dessa SSP, até que o comportamento mude.

Para que haja mais investimentos em mídia programática, é de extrema importância que as empresas do setor invistam no desenvolvimento de tecnologias de combate às ações fraudulentas.

 

Só assim poderemos construir um mercado de credibilidade, conquistando definitivamente a confiança dos anunciantes.

Commercial Director da Sociomantic na América Latina, Moritz Wolff ingressou na empresa em 2013 como Head of Industry. É formado em Estudos Internacionais de Gestão Global pela Universidade de Ciências Aplicadas de Bremen (Alemanha). Em 2009, realizou um intercâmbio na Universidade Federal da Paraíba. Antes de se unir à DSP, ele trabalhou por 3 anos na sede europeia do Google, onde recebeu o prêmio All Star em 2011, por ter ajudado no desenvolvimento dos mercados africanos, e em 2012 foi nomeado a pessoa mais inspiradora do Google NACE (North America Central Europe).

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