Quinta-feira, 03 de maio de 2018
Com a proposta de dedicar-se a “ajudar pessoas criativas a atingirem seus objetivos”, a South By Southwest é uma iniciativa que reúne profissionais globais todos os anos em Austin, Texas (EUA). O evento é um espaço para fazer com que ideias vindas de diferentes setores se encontrem – e converjam.
E é de lá que Renato Sapiro, Diretor de Estratégia Digital da PWC, trouxe as provocações da palestra de abertura do último Fórum Digitalks em Florianópolis.
Além de nos surpreender ao levantar temas pouco tangíveis com a segurança de quem ensina a tabuada, Renato decidiu trazer mais que aprendizados obtidos em Austin – ele trouxe provocações. Afinal, por ser um profissional apaixonado por inovação, ele entende que ela precisa de ambientes com poucas certezas (e muitos questionamentos) para acontecer.
Espero que as próximas linhas façam você se sentir tão provocado quanto eu me senti.
Você já ouviu falar em omnichannel? É a principal palavra utilizada para descrever um relacionamento entre marca e mercado que existe através de todos os canais disponíveis para o consumidor. Uma estratégia omnichannel, portanto, consiste em compreender esses canais e usá-los de maneira inteligente, de acordo com os objetivos da empresa. O fato é que esse tipo de abordagem estratégica de canais não é novidade para a maioria dos
profissionais de marketing.
Mas talvez o termo omnichannel seja.
Assim como esse termo, outros foram trazidos para descrever contextos que como profissionais já conhecemos (e geralmente aplicamos muito bem). Essa definição de atividades pode ser muito positiva para ajudar na clareza de troca de informações – mas também pode criar barreiras para sua aplicação. Ou pior: nos confundir. Afinal, há tantos
novos conceitos aparecendo todos os dias, que é fácil se perder em um mar de novas palavras que descrevem processos e estratégias que “você precisa aplicar agora mesmo!”.
Será que precisa?
Antes de marcar uma reunião com seu time sobre a nova tendência estratégica, olhe para você mesmo como consumidor. Pode ser que no seu comportamento você encontre indicações para novas estratégias que não precisam de um nome exclusivo para darem certo!
Será que você já não aplica isso tudo, só não sabia que o nome era esse?
Parte dessas estratégias novas que surgem por aí já, possivelmente, estão sendo aplicadas por você na sua empresa – mas de uma forma diferente. Talvez ainda não seja escalável, talvez não seja mensurável, talvez você não esteja usando tecnologia de ponta. Mas olhar para si e valorizar o que você tem feito pode ser o primeiro passo antes de começar a tentar seguir cada ‘passo a passo’ e ‘hack‘ existente na internet.
Aliás, um belo exemplo disso é a Landing Page da Contentools com maior conversão – uma página que, ironicamente, simplesmente não segue nenhuma regra de otimização de LPs. Apesar de não seguir nenhum ‘hack‘, ela tem o principal: uma solução prática e simples para um problema real. Quantas vezes você deixou de investir tempo suficiente para apresentar esse tipo de solução porque estava focado demais tentando aplicar mais um
‘hack‘?
Você, algum dia, já pela tela pela preta cheia de letrinhas do seu colega do time de produto e pensou “O que será que passa na cabeça dessa mulher?“. Eu já. Várias vezes. Realmente acho difícil entender parte de suas escolhas, suas dificuldades e até sua priorização de tarefas. E é por isso que nossa troca de ideias é tão rica e tem um potencial
gitantesco para fortalecer nossa solução.
Ao conversar com uma pessoa de produto, de vendas, de atendimento – e até do financeiro – você exercita a capacidade de perspectiva. E o poder da perspectiva, como bem citado pelo R. Sapiro, está em ver os problemas e desafios por diferentes ângulos.
Que diferentes ângulos vão me trazer insights relevantes para uma experiência marcante para meu cliente?
Será que sua comunicação com o mercado também poderia ser enriquecida com a contribuição de diferentes setores da sua empresa?
O próprio Pedro Clivati já mencionou a importância do envolvimento de mais áreas na comunicação da empresa diversas vezes. Ele reforça que os insumos para o conteúdo curado pelo marketing devem vir de todas as áreas da empresa.
Hoje há diversos meios de se aproximar de pessoas, de exercitar a troca de ideias com colegas que estão viajando ou simplesmente trabalham remotamente de outro país. Mas só possuir esses meios e não usá-los ativamente não vai fazer com que as coisas aconteçam. Só a tecnologia não é o suficiente – use ela para estreitar seus relacionamentos humanos e enriquecer sua visão com diferentes pontos de vista.
Considere a seguinte abordagem: “Olá, eu vendo um creme vegetal para passar no pão. Quer comprar?”
Não foi a diferenciação do produto, nem o atendimento especial, nem o design da embalagem que fez com que a Doriana fosse líder em vendas de margarina nos anos 90.
Foram comerciais como este:
E também não será a diferenciação do produto, o atendimento especial, nem o design do produto que fará com que o Google Home se torne sua escolha para uma casa inteligente.
E o pessoal de marketing da Google sabe muito bem disso.
Aliás, você já conferiu a propaganda oficial do Google Home?
O que a propaganda da Doriana e a do Google Home têm em comum?
Foco em pessoas. Relações humanas. Momentos. Sentimentos.
As pessoas são o ator principal, seu produto é um coadjuvante – e você sabe disso. Então, por que ainda tenta vender seu produto como se ele fosse tão importante assim?
Ele não é. Seu consumidor é importante. Aplique esse conceito que você conhece tão bem de dentro para fora e você perceberá que ser coadjuvante será ótimo para seu produto!
Deu para perceber que as provações trazidas ao palco do Fórum Digitalks Floripa pelo Renato Sapiro vieram bem a calhar para esse momento em que tentamos nos diferenciar a todo custo, não é? Essas foram somente as primeiras três provocações de quase uma dezena que eu me recordo. De qualquer forma, o recado principal de todas elas é: com ou sem tecnologia, com ou sem o emprego de novos conceitos, sua marca deve continuar centrada nas pessoas. Seu produto deve resolver problemas reais e se comunicar sem tentar tomar o espaço do protagonista: o ser humano.
Sempre estivemos na época da experiência humana – a inovação não está em apenas entender isso, mas em usar tecnologia tendo isso em mente.
é Gerente de Conteúdo da Contentools, especialista em Marketing Digital e defensora da seleção natural de marcas feita ativamente pela tecnologia somada à sustentabilidade.
Comentários