Sexta-feira, 26 de maio de 2017
Nem CMO, nem CIO e nem CEO vão liderar o processo. Como já previsto pelo Gartner em alguns estudos publicados entre 2016 e 2017, uma nova função está sendo criada nas empresas para liderar a Transformação Digital, a do CDO (Chief Digital Officer). Segundo o instituto, o CDO será responsável por liderar a Transformação Digital em cerca de 90% das grandes companhias.
No maior evento de Transformação Digital do mundo, o DES Madrid, presenciei um painel de debate comprobatório dessa nova realidade. Estavam presentes a executiva Mosiri Cabezas, da Ikea Espanha e Héctor Premuda, da Cinesa/UCI Cinema, ambos já ocupando o cargo de CDO em suas empresas. Eles conversaram sobre as competências e desafios desse novo executivo.
Deixo como presente aqui alguns trechos desse painel que consegui filmar, mas por favor entendam que o cinegrafista “não chegou a tempo” e reconheço que essa competência ainda não desenvolvi. O importante é o conteúdo, não é mesmo?
Três diferentes executivos estão disputando – ou dividindo – a liderança da Transformação Digital nas empresas.
O CMO tem competências de Marketing e Negócios, mas dificilmente de tecnologia; o CIO tem competência de Tecnologia, mas muitas vezes não tem de Negócios; e o CEO que tem a visão macro do Negócio da empresa e o poder da interlocução com todas as áreas, tem dificuldade de assumir a operação da Transformação Digital por ter foco em tocar muitos outros desafios essenciais para a sobrevivência e crescimento da empresa.
Nesse cenário, o CDO vem para digitalizar todas as áreas, de forma integrada e gradual, com visão macro e competências de Marketing, Tecnologia, Humanas e de Negócios. Esse executivo pode ter origem no Marketing, na Tecnologia ou qualquer outra área gerencial, mas o mais importante é ter a visão macro, além das competências necessárias para tanto e receber o poder para influenciar as diferentes áreas da empresa.
No fim, a resposta para a pergunta sobre quem vai liderar a Transformação Digital ainda é a mesma do artigo que publicamos em janeiro desse ano: CEO, CMO, CIO: AFINAL, QUEM LIDERA A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL?
Será quem tiver competência para tanto, mas agora temos um nome para ele: CDO.
Aprofundando no que tange as funções desse novo executivo: será que podemos dizer que esse é um cargo que nasceu já com data para desaparecer? Interessante a visão de real consciência da CDO da Ikea, Mosiri Cabezas, ao comentar sobre o futuro desse cargo. Ela sabe que se fizer o trabalho com competência, o reconhecimento dentro de alguns anos será a extinção dessa função, afinal ninguém precisará de um executivo para transformar algo que foi transformado. Por outro lado, sabemos que o processo não é simples, principalmente em grandes corporações, portanto, o executivo e agente transformador deve ter vida longa enquanto estiver fazendo um bom trabalho.
Mas voltando para o Marketing, como ficou o CMO dentro dessa realidade? Ele continua sendo o CMO? Sim, mas em um mundo em que o marketing está bem diferente de alguns poucos anos atrás: dados balizam qualquer decisão, as tecnologias automatizam processos, as habilidades dos colaboradores são diversas, a equipe não se divide em funções e sim em competências e, o mais importante, o consumidor é muito mais poderoso, exigente e são eles que dão as cartas aos players.
Por fim, será que estamos falando de CMOs que precisam ser CXO, Chief of Experience Officer? Ou será que New Chiefs ainda vão aparecer no processo de transformação. A incrível e admirada Hyper Island está debatendo o tema: “From CMO to CXO”, mas esse é uma provocação para um próximo artigo.
Por enquanto, deixo aqui uma frase da Hyper Island: “Your competitive advantage is the speed at which you can adapt and learn.”
é empresário, publicitário e especialista em marketing digital, CEO / Founder do Digitalks – principal gerador de conhecimento e negócios na área digital – e Diretor de Eventos e Integração Nacional da ABRADi. Foi diretor de negócios na Media Factory, tem experiência no mercado de internet desde 1999, com passagens pelo BOL e UOL, além de ter montado o seu próprio e-commerce em 2002.
Comentários