Segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Durante os dias 7 a 10 de novembro, aconteceu um dos maiores eventos de tecnologia na Europa, o Web Summit. A feira, que nasceu em Dublin há 5 anos, foi pela primeira vez à Lisboa.
Lisboa tem vária semelhanças com São Francisco: o sobe e desce das colinas, ambiente acolhedor e a ponte “25 de abril” que foi concebida pelo mesmo arquiteto da famosa Golden Gate, Ray M. Boynton.
Nos próximos dois anos, o Web Summit será em Lisboa. Sem dúvida isso é bom para Portugal que, desde 2008, perdeu cerca de um quarto de seu poder econômico, e nada como um bom investimento nas novas economias para dar um empurrão no país.
À noite, os participantes do evento e os habitantes da cidade se misturavam na Pink Street e nas ruas estreitas do Bairro Alto em uma atmosfera super cool. Esse ambiente foi estimulado pela organização do evento que credenciava os bares e espaços facilitando o encontro entre os participantes.
Estrutura do evento e público-alvo
O Web Summit teve a participação de 53.056 pessoas vindas de 166 países, sendo 42% mulheres. O evento contou com sete palcos e uma arena para conferências divididos em temáticas como: Saas Monster, Creatiff, Content Makers, AutoTech, Future Societies, Health Sports. Influenciadores como o jogador Ronaldinho Gaúcho e o ator Joseph Gordon-Levitt dividiram o palco com o Sean Rad – CEO do Tinder, Carlos Ghosn – CEO de Renault Nissan, e Mike Schroepfer – CTO do Facebook.
O evento reuniu investidores, startups e profissionais de marketing. Para os profissionais de marketing foi uma oportunidade única assistir keynotes e painéis de qualidade com os grandes nomes do Digital de diversos setores e temas, além de se aproximar do ecossistema ágil e inovador que são as startups.
As 1,490 startups que participaram do Web Summit foram divididas nos programas 135 START (promising startups), 270 BETA (growth-stage track) e 1,080 ALPHA (early-stage track).
Pelo preço de 2000 euros as startups ALPHA tiveram um espaço de uma cabine telefônica, durante um dia do evento com uma placa com o logotipo da startup, uma descrição de 120 caracteres e um mini espaço para colocar um computador.
Apesar de decepcionada com esse conceito pay to pitch (pagar para fazer o pitch), durante minha visita tive um convite do Web Summit para iniciar um trabalho de mentoring para 4 startups muito bacanas:
Arma tu vaca
A startup Arma tu vaca, criada por 2 jovens colombianos ultra simpáticos, Pedro Gaviria Cortés e Pablo Durán Restrepo (CFO), que tem como propósito ajudar os grupos de amigos organizarem uma vaquinha. O grande diferencial dessa startup é que ela é apoiada por um grupo francês que é especialista nesse segmento e tem uma tecnologia que já é líder no mercado. O projeto foi lançado durante o Web Summit e tem pretensões de se expandir para o Brasil nos próximos meses.
Batmaid
A startup suíça Batmaid, criada por Eric Laudet pretende ser o “Uber” para serviços de limpeza domésticos. O serviço já está nas principais cidades na Suíça.
GoWifi
Com o mote “imagine having a detailed vision of your clients” a startup portuguesa, representada pelo COO & surfista Tiago Cortez, disponibiliza Wi-Fi gratuito e capta dados a partir do uso da ferramenta pelos internautas. A startup busca contrato com as operadoras para viabilizar o serviço que visa ajudar as marcas a entender o life style dos usuários graças aos algoritmos criados pelo uso da rede.
A GoWifi já possui mais de 10 clientes e busca investidores e expansão internacional.
New Shifts
A New Shifts foi criada por Ayse Zeynep e Marco Fabbrizio, um casal turco-italiano, que se conheceu durante um MBA na London Business School no Qatar.
O projeto, que é o meu preferido, tem o propósito de apoiar os desejos de mudança de carreira graças a uma plataforma que facilita a colaboração entre pequenas e medias empresas e profissionais que estão a procura de um trabalho temporário em uma nova função, industria ou país.
Kubo Robot – Startup vencedora
A Kubo Robot, foi a grande vencedora do concurso de startups da primeira edição lisboeta do Web Summit. Essa startup dinamarquesa traz uma solução pedagógica graças a um robô que ensina as crianças na arte de escrever código. A Kubo volta para casa com 100 mil euros de financiamento.
Esse ano estive nos três principais eventos de tecnologia na Europa: Web Summit, DMEXCO e Mobile World Congress. A impressão que fica é que existe uma bolha. Não há mercado para tanta empresa e sabemos que a grande maioria das startups não tem fôlego para mais de 2 ou 3 anos de vida. Fica nítido a clivagem entre aqueles que se aproveitam da revolução digital e o resto do mundo. O ecossistema de startups gera empregos, centenas de espaços de co-working, plataformas e uma nova maneira nômade-digital-internacional de se viver, mas certamente essa bolha vai estourar em alguns países. Na Índia já estourou oficialmente, mas isso não é necessariamente ruim, para Abhishek Gupta, diretor de operações da incubadora TLabs, “o que eu vejo agora é dinheiro sendo bem gasto “.
Fica a minha aposta no movimento das “corporate ventures” que estão incubando as startups e ganhando vantagens e rapidez para inovar. Muitos bancos e marcas já têm projetos nesse sentido, e na minha humilde visão é o único caminho sustentável pra industria da tecnologia.
é Publicitária com pós-graduação em Relações Públicas na USP e mestrado em Sociologia das Sociedades Contemporâneas na Sorbonne. Karina trabalhou em agências, empresas multinacionais e startups. Nasceu em São Paulo, morou nos EUA e hoje mora em Paris e atua como gerente de negócios na NUMA, a mais importante incubadora Francesa.
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