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Qual é a Razão Social da sua marca? Não basta focar em vender, consumidores querem mais do que isso

O termo Razão Social é tão profundo, filosófico, que é um desperdício restringirmos seu uso a um mero registro na junta comercial.

 

Assistimos hoje à “febre” do ESG como o novo drive da mentalidade corporativa. Tamanha é a ênfase, que cria a sensação de que agora vai. Na medida em que o valor de mercado de uma empresa passa cada vez mais por como ela pensa e age diante dos dilemas sociais e ambientais, vemos os desafios de comunicação das marcas atingir um novo patamar de complexidade. Mal as empresas aprenderam a criar estratégias e plataformas relevantes de conteúdo, e os ecos dos capitalismo consciente exigem planos de ação com metodologias sofisticadas de medição de impacto.

Antes de seguirmos para o futuro, que é hoje, vale fazer um breve resumo do que nos trouxe até este momento. Na primeira metade do século XX, a TV mudou o mundo da comunicação. Símbolo perfeito da relação passiva que os consumidores exerciam na relação com as marcas. Era preciso se levantar do sofá para trocar de canal, então basicamente as pessoas eram espectadoras. Não à toa, emerge um discurso imperativo (que ainda é possível encontrar por aí) com os gritos de “ligue já!” ou “compre agora mesmo!” – corte seco para o meme do menino sem camisa gargalhando com a tela dividida. Ele está pensando: eu compro quando, onde e da forma que eu quiser. E ai de você, se não me entregar até amanhã.

Na década de 50, graças às descobertas de Nikola Tesla, ocorre uma inovação que considero um dos marcos mais importantes na jornada de empoderamento do consumidor: a invenção do controle remoto. Pode parecer algo besta, mas esse pequeno aparelho transferiu o poder de escolha para as mãos das pessoas. De lá pra cá vivemos o primeiro ciclo da internet que nos deu acesso à informação do mundo, o segundo transformou cada pessoa em produtor de conteúdo e cá estamos nós a beira do terceiro ciclo que será marcado pela convergência das novas tecnologias transacionais com AI e o prometido metaverso.

Não se enganem. Produto, preço, praça e promoção continuam vitais e se sua marca tem questões a resolver aí, mãos à obra. Mas é necessário reconhecer que esse jogo ficou bem mais complexo e que o manual para as regras de consumo tem uma atualização de software disponível.

Influenciadas pelas novas gerações, cada vez mais pessoas irão determinar suas escolhas pelo alinhamento de valores e pela percepção de transformação. Comecei a utilizar uma definição de sucesso empresarial que encontrei em uma pesquisa global da Havas, chamada Meaningful Brands. Segundo esse estudo com CMOs de todo mundo, as marcas significativas serão medidas por sua capacidade de contribuir com o bem-estar individual e coletivo, além dos seus benefícios funcionais. Perfeita definição.

Vamos trocar a palavra target por pessoas. Conhecer quem são, quais são suas dores e participar da suas vidas com soluções efetivas. Se existe um caminho para construção de vínculos emocionais capazes de criar preferência de consumo, é este. Vamos fazer isso com ação transformadora e contar estas histórias com conteúdos incríveis.

Estamos dando passos muito significativos nesta direção. Seja por consciência ou por sobrevivência, a mudança está acontecendo. E ela começa com cada um de nós se perguntando: Afinal, qual é minha razão social?

Marcos Dimenstein

Entusiasta das visões contemporâneas da comunicação, idealizou a C-Hub, agência de conteúdo e experiências da Catraca Livre, que promove projetos de impacto junto a grandes marcas para torná-las marcas queridas em sociedades melhores, sempre com a visão do consumidor empoderado e o propósito no centro das estratégias de negócios.

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