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O que espero do mundo sem cookies

Viver em um mundo sem cookies não será um problema para as estratégias de marketing. É um avanço positivo, um desafio estimulante para modificar essa forma obsoleta de segmentação em algo mais assertivo, transparente e completo.

 

O fim dos cookies, assunto que ganhou espaço na mídia assim que o Google anunciou que decretaria o fim deles em seu navegador, certamente é uma grande mudança que afetará todo o ecossistema digital, mas, como todas as mudanças, representa uma oportunidade de evolução e de melhoria.

Acredito que privacidade e personalização podem e devem coexistir para alcançar a melhor experiência do usuário, então, não é o fim do mundo, não há motivo para ninguém entrar em pânico, e sim de evoluir para novas soluções que podem até ser mais eficazes. A morte dos cookies é a ruptura que o mercado precisava para progredir de forma paralela às mudanças de hábitos de consumo digital que ocorreram nesses últimos anos.

É fato que grande parte da indústria da publicidade digital ainda está vinculada a esse padrão de rastreamento, medição e atribuição digital via cookies, porém esse sistema já havia entrado em crise faz tempo, devido ao avanço do mundo dos aplicativos e dos dispositivos móveis; à exclusão proativa de cookies pelos usuários e também ao aumento das regulamentações para proteger sua privacidade.

Viver em um mundo sem cookies não será um problema para as estratégias de marketing. Eu vejo como um avanço positivo, um desafio estimulante que obrigará os profissionais ainda ligados a essa forma obsoleta de segmentação a serem mais criativos e a evoluir para formas de segmentação mais assertivas, transparentes e completas.

Os cookies foram um incrível avanço tecnológico que dominou a internet desde a sua fundação, e que permitiu grandes passos à frente para a publicidade digital e o mercado ao redor dela. Todos que trabalham com o digital devem muito aos cookies. Porém a falha do mercado veio no momento em que se tornou dependente dessa tecnologia por falta de foco em alternativas e inovação.

O verdadeiro impacto desse novo momento será justamente para quem se manteve nessa zona de conforto, não desenvolvendo até o momento uma verdadeira estratégia nativa mobile. Quem, ao contrário, já faz isso, ou seja, segmenta por meio da análise dos comportamentos online e offline, levantados pela tecnologia embarcada nos aplicativos (SDK) ativada pelos opt-ins dos usuários, está numa posição privilegiada porque, já sendo cookieless, são experts da nova fase, antes mesmo dela começar.

As tecnologias cookieless são muitas assertivas e existem há muitos anos, mas olhar para elas significava abandonar o status quo e abrir as portas para as novas empresas da “era mobile” e sabemos muito bem que o status quo, em qualquer segmento, sempre foi duro na queda.

A indústria deve encontrar soluções de longo prazo que permitam identificar os consumidores com consentimento e anonimamente, que funcionem independentemente do meio usado e que seja uma relação consensual entre eles e as empresas, totalmente transparentes para o usuário, como ocorre com o Zero Party Data.

Agora, falando do mainstream e dos gigantes do mundo digital, independentemente de termos ao menos essa evolução da comunidade publicitária, mencionada acima, eles irão, com certeza, continuar a lidar tecnologicamente e, ainda mais comercialmente, com essa nova escassez de dados por meio de “cookies proprietários“. Pode apostar nisso. Por essa razão, para o resto do ecossistema de mídia inovar e evoluir na forma de coletar dados é um must indiscutível.

Francesco Simeone crédito crédito da foto Bruno Avila

É CGO Global & Managing Director Brasil & Europa da Logan e Conselheiro do MMA Brasil. Tem foco em ajudar as marcas a alcançar resultados por meio de publicidade móvel e big data.Tem experiências internacionais de trabalho na Europa e na América Latina na indústria digital e no relacionamento com diversas empresas.

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