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Discovery é mais barato do que você pode imaginar

Discovery é uma das práticas mais estratégicas que empresas focadas em produtos digitais estão adotando. Os times de Marketing, Produto e Desenvolvimento se debruçam cada vez mais nessa metodologia para entender as necessidades de seus usuários, disponibilizando soluções realmente valiosas.

Por outro lado, há quem ainda acredite que Product Discovery é algo dispensável. “Por que ter todo esse trabalho para validar uma ideia que se encaixa perfeitamente ao nosso produto e aos nossos usuários?”

Não é incomum se deparar com uma situação assim dentro de algumas empresas. A pressa por colocar uma ideia no mercado, ou até mesmo o receio de investir tempo e dinheiro em algo aparentemente desnecessário — que até soa pouco estratégico — fazem com que muitos times de Produto deixem o Discovery de lado. 

Mas neste artigo eu vou te explicar por que Discovery é importante e, mais ainda, te mostrar que é possível sim validar a sua ideia sem investir muito. 

 

Por que Discovery é importante?

A prática do Discovery não surgiu do nada. Ela veio para mitigar o risco de desenvolver soluções que realmente impactem as vidas dos usuários e resolva também questões do negócio. As necessidades dos usuários mudam rapidamente, e se as equipes não aplicam as melhores práticas, fica difícil acertar na solução.

Já imaginou a frustração de levar anos para desenvolver um produto e, quando ele finalmente chega ao mercado, seu público-alvo já não precisa mais dele? Pois é, isso aconteceu e acontece muito, principalmente no mercado digital. De uma semana para outra, a forma de consumir um produto pode ser completamente ressignificada. Mas essa não é a única razão pela qual Discovery é importante. 

Adotar o processo ágil de investigar, aplicar e testar reduz riscos, porque os erros não chegam a ter um impacto negativo para o negócio e a entrega vai se moldando conforme o que o usuário demanda.

Além de viabilizar um desenvolvimento mais rápido e em ciclos menores, há toda uma investigação prévia que te fornece informações valiosas sobre os usuários e o que realmente precisam. Ou seja, você passa a fazer uma entrega mais personalizada e com muito mais valor.

 

Como fazer Discovery sem investir muito?

“Ah, mas Discovery é muito caro”. 

Não precisa ser. Desde que sua equipe esteja realmente comprometida a entregar valor para os usuários — e não simplesmente atingir métricas incríveis — é possível fazer um Discovery aprofundado sem investir muito. 

Abaixo compartilho com você exemplos de alguns frameworks bem simples e que vão te ajudar a obter insights valiosos:

Matriz CSD

A Matriz CSD é baseada em três aspectos:

  • Certezas
  • Suposições
  • Dúvidas

Pegue um quadro (pode fazer  no Miro também) e alguns post-its para listar tudo aquilo que você sabe, supõe e questiona sobre os seus usuários, considerando principalmente a ideia que possivelmente você e seu time estão construindo. Com isso, você pode rodar uma rápida pesquisa com a sua base de clientes e descobrir quais suposições e dúvidas podem passar para o lado das certezas.

 

Value Proposition Canvas

Value Proposition Canvas - Product Discovery

 

Nesse framework temos duas unidades de interesse:

Usuários: contempla as expectativas do cliente, ganhos que emocionalmente espera ter e suas dores do dia a dia;

Empresa: contempla os geradores de receita, os recursos voltados para aliviar as dores dos usuários e o produto que o negócio está buscando avaliar.

Com os resultados gerados pela pesquisa da Matriz CSD, você pode aplicar essa ferramenta para criar uma proposta de valor com base em um conhecimento muito mais aprofundado sobre seus usuários.

 

Análise competitiva

Algo que eu costumo sempre dizer é que o benchmark é o Discovery mais barato. Sendo assim, que tal arregaçar as mangas e investigar os concorrentes?

Você não precisa dispor de recursos mirabolantes para obter insights olhando para a concorrência. O primeiro passo é definir quais são seus concorrentes (diretos e indiretos), elaborando uma lista estratégica com os principais.

Com esse documento em mãos, é hora de levantar dados sobre:

  • Posicionamento;
  • Segmento de mercado;
  • Clientes; 
  • Preços, planos e taxas;
  • Páginas de conteúdo mais acessadas;
  • Avaliação de clientes/usuários;
  • Palavras-chave mais bem posicionadas;
  • Versões do app;
  • Parceiros e integrações;
  • Novidades do produto.

E se você acha que precisa contratar uma consultoria para levantar essas informações, se engana. Grande parte disso você pode obter por meio do Google, do site da empresa e de suas redes sociais. 

É claro que algumas ferramentas especializadas podem ajudar muito (algumas até contam com versões gratuitas), mas o esforço maior aqui é se debruçar nos principais canais da concorrência e adotar uma visão minuciosamente analítica, fazendo comparações com o seu produto e identificando oportunidades — de melhoria e de inovação.

Espero que, com essas dicas, você tenha percebido que Discovery não é tão complicado e caro quanto pensam. De fato, é um exercício que vai exigir tempo, paciência e dedicação do time, mas que também vai proporcionar uma entrega de excelência para o usuário — assim como ótimos resultados para o negócio.

Até o próximo artigo!

Leia também: Por que a síndrome do impostor impacta 83% dos Product Managers no Brasil?

Bruno Coutinho

CMO e cofundador da PM3, escola referência e especializada em produtos digitais no Brasil.

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