Segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
Se pensarmos em relações entre compradores e marcas, a lealdade dos clientes é resultado (em parte) da formação de um relacionamento entre uma marca e o comprador por meio de lembranças bem planejadas. Por exemplo: conhecer suas preferências, ou fazer recomendações de produtos ou serviços de acordo com o seu gosto.
Hoje, um dos maiores desafios que as empresas enfrentam é criar a mesma experiência para os compradores online. Em essência, esse ato é o que chamamos de personalização ou marketing personalizado. Mas chegaremos lá.
A geração de demanda, em vez de leads, trata-se do respeito ao consumidor e de não apressá-lo a tomar uma ação desejada. Ela trata cada interação com cuidado e consideração para agregar valor à jornada do comprador e para ajudar os compradores a cumprir suas metas.
Leve isso em consideração: o cliente médio passa, pelo menos, por cinco pontos de contato antes da conversão.
Os consumidores ficam tão inundados com conteúdo, que criá-lo e distribuí-lo não é mais o suficiente para fechar conversões. Tornou-se muito mais difícil se conectar com os compradores.
Marketing personalizado é uma forma extrema de marketing direcionado. Seu objetivo é atingir públicos com a solução exata para aquilo que estão procurando e falar mais diretamente com cada comprador individual, criando uma experiência pessoal. Para tratar o público com tal precisão e detalhamento, o marketing personalizado exige muitos dados a respeito de um cliente específico ou grupo de clientes. Esses dados devem então ser convertidos em ações de marketing. Como há muitas informações, converter dados em ação é excessivamente mais complexo, exigindo diferentes tecnologias de marketing.
O que nos leva ao tópico do dia: as tendências de personalização que estão reinventando a jornada do comprador.
A publicidade paga é a maneira mais poderosa de atingir clientes no mercado atual, que é bagunçado e saturado. O problema é que os profissionais de marketing lutam para converter todos os dados que coletaram em um anúncio que sirva para a pessoa certa, no momento certo, no local certo.
O marketing programático é uma plataforma que conecta os profissionais de marketing ao suprimento de mídia mundial e usa software e tecnologia para automatizar e otimizar a compra e a colocação de anúncios em tempo real. Em outras palavras, o marketing programático pega todas as informações que pode reunir sobre um comprador e converte essas informações em ação: a compra e exibição do anúncio certo, no momento certo, no lugar certo. Os profissionais de marketing podem definir parâmetros específicos para guiar o processo e integrar dados de CRM para fornecer um nível de personalização ainda maior.
Impacto: ser bombardeado com anúncios online irrelevantes é extremamente irritante para o consumidor ocupado. Usando a programação, os compradores recebem anúncios baseados em seus desejos, necessidades, preferências e muito mais. O que isso significa para a jornada geral do comprador? Ela se torna mais relevante e, dessa maneira, mais valiosa em cada ponto de contato.
Redirecionamento é um tipo de marketing programático que usa tecnologias de cookies para seguir compradores, conforme eles se movem de um recurso para outro. Por exemplo, quando um comprador visita seu website, um pequeno cookie é colocado em seu navegador. Esses cookies armazenam dados sobre sua visita, como quais páginas eles visualizaram novamente e seu tempo de permanência. Quando eles saem para visitar outro site, o cookie dispara um software programático e o cliente é redirecionado com um anúncio pertinente às informações com as quais ele interagiu na sua página.
Impacto: quando feito corretamente, o redirecionamento leva a personalização a um outro nível, oferecendo anúncios aos compradores que não só são pertinentes às suas necessidades e desejos, como também seu comportamento e sua intenção, de acordo com o estágio correto da jornada do comprador em que se encontram. Dessa forma, se mantém soluções potenciais na frente do comprador, agindo como lembretes poderosos enquanto eles investigam outras opções.
Uma abordagem relativamente nova em discussão atualmente é o uso de conteúdo de propriedade do consumidor para marketing personalizado. Em outras palavras, servir ao comprador um conteúdo que contenha uma de suas fotos no Instagram, ou referências a uma publicação do Facebook ou Twitter feita por ele. Por um lado, ver conteúdo tão distinto e alinhado com a marca pessoal do comprador chamaria muito a atenção. Por outro, isso levanta outra questão: quando a personalização é pessoal demais?
Impacto: ainda não há um veredito se essa prática de marketing é aceitável, mas ela significaria uma experiência familiar e com marca pessoal na jornada do comprador. Conteúdo e anúncios poderiam ser criados apenas para o comprador, dependendo daquilo que eles disseram, viram, curtiram e mostraram em seus canais sociais. Outro jeito de olhar para essa questão: o comprador ajuda a criar seus próprios anúncios.
Websites personalizados usam sistemas de otimização de conteúdo para fornecer conteúdo dinâmico aos visitantes. O conteúdo é gerado exclusivamente em tempo real, baseando-se nas informações específicas sobre um visitante, como onde está registrado seu endereço IP (geograficamente), se essa é a primeira visita, ou o que seu comportamento de navegação releva. Os profissionais de marketing criam regras para determinar qual conteúdo é servido e quando essas regras são cumpridas; o visitante recebe uma exibição única, apenas para ele.
Impacto: websites personalizados encurtam a jornada do comprador atendendo mais diretamente às especificidades da posição do consumidor no ciclo de venda. Eles criam também uma experiência inimitável ao usuário, dependendo dos detalhes sobre seus desejos e necessidades. Com uma mensagem precisa, ele enxerga mais valor na visita, sem perder tempo.
Amazon, Netflix, Facebook (e seu recurso “pessoas que você pode conhecer”). Todos eles usam mecanismos de recomendação para sugerir produtos (ou pessoas) que eles acreditam que um visitante específico possa achar úteis ou interessantes. Os mecanismos de recomendação de produtos funcionam de várias maneiras: Métodos de filtragem colaborativa coletam e analisam conjuntos amplos de informações sobre comportamento de prospects, atividades ou preferências para prever produtos ou serviços que eles possam gostar. A filtragem baseada em conteúdo usa palavras-chave sobre as compras passadas de um prospect para recomendar produtos similares. A filtragem híbrida combina os métodos colaborativo e baseado em conteúdo, e, naturalmente, tendências para melhor desempenho.
Impacto: os mecanismos de recomendação de produtos mudam a jornada do comprador para ajudá-los a perceber produtos ou serviços que poderiam adorar, mas que talvez não sabiam que existiam. Ao mostrar produtos que possam ser interessantes ao comprador ou novos produtos pertinentes às suas preferências, o relacionamento entre cliente e marca pode ser ampliado além de uma simples compra e as marcas podem atender melhor os clientes como conselheiros sobre novos interesses.
E-mails disparados por comportamentos envolvem o uso de software especializado que permite criar perfis individuais para cada assinante. Dependendo das ações executadas por um indivíduo (ou a ausência dessas ações) com a sua empresa, ele ou ela receberá um e-mail personalizado. As informações usadas para determinar esses disparadores incluem: idade, local histórico de visita do site ou interações específicas com um produto ou serviço.
Impacto: seja para confirmar que uma ação é compreendida por uma marca, educar ou divertir, e-mails disparados por comportamentos fornecem informações relevantes exatamente quando o comprador precisa delas. E como os e-mails disparados por comportamentos são contextuais, eles são mais valiosos ao comprador do que uma explosão de e-mails genéricos.
Essas tendências de personalização ajudam a modelar o futuro do marketing, mas os profissionais da área precisam se lembrar que quase todos os consumidores estão preocupados sobre como utilizamos seus dados para personalização. O que damos em troca aos compradores para que eles forneçam cada vez mais informações precisa ser um benefício significativo para a pessoa. Portanto, em vez de dar a eles o que você quer que eles vejam, dê aos compradores o que eles querem e seja recompensado por isso.
Rodrigo Souto é formado em Marketing Communications pelo Emerson College em Boston, EUA. Gerente de Marketing da HubSpot, a missão dele é fazer o Inbound Marketing crescer no Brasil e ajudar as empresas pequenas e médias a crescerem em um mercado onde a mídia paga não é acessível para elas.
Comentários