Quarta-feira, 04 de junho de 2014
Como em tantos outros segmentos, em razão da utilização em massa da internet e evolução tecnológica, iniciou-se uma mudança de costumes e de vida da população. Essa reconfiguração social acabou por provocar o nascimento de novas profissões e muitas outras deixaram de existir.
Dentre as profissões que deixaram de existir, podemos citar os datilógrafos e suas máquinas de escrever, peça esta só encontrada em antiquário. Outro que vêm à memória eram os chamados telégrafos, aquele profissional que era responsável por transmitir e receber mensagens em um código próprio, o chamado código Morse. Mais nostálgico talvez seja a figura dos leiteiros, que entregavam litros de leite todos os dias nas casas, diretamente de sua pequena produção. A maioria dos jovens hoje sequer viram uma máquina de escrever ou telégrafo, que dirá o leiteiro.
Nesta reconfiguração, provocada em razão da Internet, podemos citar inúmeros postos de trabalhos criados para atender essa revolução que presenciamos. Entre eles estão os digitadores, especialistas em redes sociais, desenhistas de jogos online, consultor em e-commerce, blogueiros, arquiteto da informação entre outros.
Uma profissão que em breve sofrerá grande alteração na essência é a de vendedor varejista. A forma de abordagem do cliente vem mudando ano a ano. Antigamente, lembro bem – meus avós eram proprietários de uma sapataria (loja que vendia e consertava sapatos). Se um cliente chegasse à loja e saísse sem comprar nada, a culpa era do vendedor; este tinha a obrigação de vender o que o cliente não queria comprar, pois vender o que o cliente queria era uma obrigação. Ao mostrar um sapato, o vendedor tinha a obrigação de calçá-lo nos pés do consumidor. Atualmente, o cliente sabe exatamente o que quer e o vendedor é um simples auxiliar. Normalmente, nas lojas que comercializam sapatos, sequer “pensam” em calçar os modelos para efetivar a venda.
Em razão do crescimento exponencial do e-commerce, proporcionado pela facilidade da compra em qualquer terminal de computador, smartphones e outros aparelhos que propiciam a compra online, cada vez mais o consumidor, agora interativo, sabe o que deseja adquirir e deixará de procurar as lojas físicas. Até mesmo porque é muito mais fácil receber o produto em sua casa e ainda usufruir de sete dias de prazo para devolver o produto, caso não lhe agrade, o que não ocorre nas compras realizadas no estabelecimento comercial.
O futuro do varejo será a substituição dos vendedores por terminais de computador, nos quais o consumidor vai até a loja exclusivamente para “pegar” no produto, ver, testar, experimentar e caso queira, terá um terminal para que concretize a sua compra. Neste contexto, o vendedor perderá a característica típica da profissão do encantador de cliente e será um mero orientador. Será?
é advogada. Sócia fundadora do escritório Resina & Marcon Advogados Associados. Campo Grande-MS. Mestre UnB – Universidade de Brasília, MBA em Gestão Empresarial/FGV-RJ/ MBA Internacional em Gestão Empresarial Ohio University. Pós Graduação em Direito Empresarial UCDB/MS. Palestrante, com livros e artigos publicados nas áreas de Direito Societário e Eletrônico.
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