Quinta-feira, 01 de dezembro de 2022
Diversidade e inclusão talvez seja um dos temas mais discutidos pelas empresas nos últimos anos. Basta rolar o feed de posts do Linkedin, assistir a palestras de qualquer evento, de qualquer setor, ou participar de uma reunião que envolva líderes de diferentes empresas que o tema estará em discussão. O termo “CDO”, Chief Diversity Officer, passou a ser um novo C importante na diretoria das organizações. E, em um artigo sobre o futuro do trabalho publicado recentemente, a Harvard Business Review cita que, em uma análise de resultados do S&P 500, a frequência com que os CEOs falam sobre questões de equidade, justiça e inclusão aumentou 658% desde 2018. O que é maravilhoso. Há apenas 10 anos era completamente diferente. Então, demos um primeiro passo.
Mas qual o impacto social real dessas ações? O que as empresas estão implementando para ser inclusivas de verdade? Uma pesquisa recente da KPMG revela que à medida que a agenda ESG (Environmental, social and Governance) evolui, os clientes e os investidores acabam pressionando as organizações para conectar a inclusão, a diversidade e a equidade de gênero nas decisões do negócio.
Faz sentido. Um relatório recente da Organização Internacional do Trabalho mostra que os elevados níveis de diversidade e inclusão nas empresas estão associados a maior produtividade, inovação e, claro, ao bem-estar dos funcionários. Meio óbvio, não é? Afinal, olhares diversos trazem ideias diferentes, mais abrangentes e ampliam resultados nas organizações.
De acordo com um levantamento realizado, em 2019, pela Accenture Strategy, 83% dos consumidores brasileiros preferem comprar de marcas que defendem propósitos alinhados aos seus valores de vida. Ao consumirem e defenderem empresas que estão atreladas às suas preferências, os clientes se tornam responsáveis por divulgar a organização, além de compartilhar esses valores com todos, atraindo, naturalmente, novos públicos. São os chamados “brand lovers” ou fanáticos que queremos tanto atrair para nossos negócios.
E entre os GenZ essa relação com a escolha de consumo x marcas com propósito é ainda mais intensa. A pesquisa True Gen, realizada pela Box1824 e Mckinsey, aponta que “os consumidores da geração Z são muito bem informados sobre as marcas e a realidade por trás delas – e quando não são, podem rapidamente acessar informações, atualizar-se e formar uma opinião. Se uma marca anuncia diversidade, mas não possui diversidade em sua equipe, esse fato dificilmente será ignorado”. A mesma pesquisa mostra que 87% da Geração Z deixaram de comprar produtos de empresas envolvidas em escândalos; 82% afirmam lembrar de pelo menos um escândalo ou caso polêmico envolvendo empresas; e 50% deixam de comprar de uma marca que não considera ética.
Portanto, não é só falar sobre diversidade. É preciso aplicar. Para que as companhias sejam, de fato, consideradas diversas e inclusivas, é preciso investir em ações para acolher todos os públicos e olhar com atenção para os talentos que possuem dentro de casa.
Mais do que uma obrigação legal, a diversidade nas empresas têm o poder de abrilhantar os olhares dos colaboradores e investidores sobre aquela organização. Afinal, ninguém quer ter seu nome associado a um lugar preconceituoso e fechado para transformações. Se fizermos uma pesquisa rápida de mercado sobre quais companhias as pessoas gostariam de trabalhar, tenho plena convicção de que as respostas giram em torno de: “eu gostaria de trabalhar em um lugar acolhedor e transformador” ou “eu seria feliz trabalhando em uma empresa que enxerga a minha capacidade e valoriza o meu potencial, independentemente de orientação sexual, gênero ou etnia”.
Além disso, é fundamental compreendermos que antes de realizar programas e iniciativas, é necessário que as empresas entendam o ponto de partida em relação ao tema. Com pesquisas internas, estudos e dados, será possível realizar uma análise profunda das informações para avaliar as lacunas da organização e, assim, definir as prioridades a serem transformadas. É uma jornada longa, mas que precisa ser persistente. Com a ajuda de todos os colaboradores, a companhia poderá se tornar referência para tantas outras.
O fato é que o mundo vem passando por diversas mudanças dia após dia e é imprescindível que nós, como líderes, colaboradores e, principalmente, como seres humanos, façamos a nossa lição de todos os dias de refletir sobre a importância do acolhimento e de respeitarmos todas as pessoas como únicas. Temos muito a aprender e evoluir daqui para frente, mas apenas com a compreensão, entendimento e respeito ao próximo conseguiremos chegar ao grande objetivo final de um mundo melhor.
Iniciou no Yahoo há três anos, como Head de Mídia do Brasil, sendo responsável pelas estratégias editoriais de projetos de conteúdo e experiências voltadas aos anunciantes. Em 2021, tornou-se Head editorial de Yahoo Américas, incluindo Latam e Canadá, e atualmente exerce o cargo de Country Manager no país. Com 25 anos de experiência, já passou por veículos como Folha de S.Paulo e iG.
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