Terça-feira, 04 de outubro de 2022
Vivemos tempos velozes em que tudo está acessível a qualquer pessoa. O jornalismo, a comunicação dentro das empresas, a música que consumimos e os filmes e séries que assistimos são guiados por uma nova dinâmica: é preciso informar, entreter e ensinar cada vez mais rápido e com conteúdo que, não por acaso, se tornam também mais efêmeros. Esse cenário ágil, porém tão acelerado, se torna confuso e de difícil leitura, gerando experiências pessoais e profissionais, ao mesmo tempo, vertiginosas e frustrantes.
Carreiras acabam tão cedo quanto começam. Empresas fecham as portas não muito tempo depois de tê-las aberto. O sucesso deixa de ser uma consequência e passa a ser um objetivo-fim, um vício encerrado nele mesmo. Então, como romper com essa lógica mecanicista e desumanizada? Como é possível criar vínculos e laços verdadeiros e duradouros em tempos tão instáveis? Como criar negócios focados em pessoas e não em algoritmos?
A chave para resolver essas e tantas outras questões está em tomarmos consciência que somos feitos de histórias. Somos impactados pelas histórias que nos contaram. Desde o núcleo mais íntimo e próximo, como as histórias de nossas famílias, até os movimentos mais grandiosos e distantes, como os fatos históricos. Não só as vivemos, como as produzimos todos os dias sem cessar. Cada gesto e palavra está contando ao mundo quem somos e qual é o nosso lugar na sociedade. Se contar histórias faz parte do modo como ocupamos o mundo, podemos usar essa habilidade para transformar a nossa vida no trabalho. E a melhor forma de fazer isso é sistematizando as técnicas de contação de histórias. A esse processo chamamos de storytelling.
Dominar as técnicas de storytelling é uma tendência global. E essa expansão acontece em dois níveis: interno e externo. No primeiro, é preciso transformar as equipes em sistemas de cooperação mútua, isto é, que trabalhem não apenas com o mesmo objeto: é fundamental desenvolver sintonia e empatia. O storytelling é uma ferramenta fundamental nesse processo: é a partir do espelhamento das histórias e no cruzamento de ideias que os times ganham coesão e confluência. Um gestor que conhece seus colaboradores e consegue criar diálogos plurais por meio das técnicas de storytelling tem resultados melhores com menos desgaste e dispêndio de recursos.
Olhando para o nível externo, é possível notar que o mercado não está em busca de profissionais que sejam somente bons executores de tarefas, mas de pessoas que sejam capazes de estabelecer conexão entre produtos e serviços com o mundo real. É preciso encantar e engajar, criar vínculos fortes e frutíferos com os consumidores. E é aí que o storytelling fornece a estratégia e o repertório necessários para desenvolver e fortalecer esse diálogo.
Conhecer as regras e as técnicas para contar uma boa história é imprescindível para o profissional crescer de forma orgânica ou para o empreendedor ter clientes engajados e fiéis. E não é exagero algum dizer que o storytelling é um dos mais poderosos ferramentais para quem quer ser relevante de verdade na era dos algoritmos, pois existem duas características que não podem ser patrocinadas: confiança e credibilidade. E ambas nascem junto com os elos criados. Portanto, em uma época tão acelerada, em que as experiências duram poucos segundos, são as histórias que tornam o momento e o nosso legado eternos.
É jornalista, crítico literário, escritor e professor do curso de extensão “Storytelling para uma comunicação mais assertiva” da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que acontece entre os dias 03 e 24 de outubro, ao vivo e online.
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