Segunda-feira, 01 de julho de 2024
Os sinais das mudanças climáticas se tornam cada vez mais evidentes com a inteligência artificial. No Brasil, o Rio Grande do Sul ainda enfrenta os graves efeitos das inundações que arrasaram o estado em maio, assim como o sul da Alemanha e a Áustria. No ano passado, São Paulo ficou com várias regiões sem energia elétrica por até uma semana em razão de uma tempestade. E praticamente todas as regiões do País sofreram por vários meses com ondas de calor extremo.
Com o aumento da temperatura média global, essas catástrofes devem aumentar tanto em intensidade quanto em gravidade. E de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3,6 bilhões de pessoas vivem em áreas altamente vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Além disso, diz a OMS, as mudanças climáticas causarão cerca de 250 mil mortes entre 2030 e 2050, por causas como subnutrição, doenças e problemas cardíacos.
Nesse contexto, a Inteligência Artificial surge como ferramenta para entender e prever com razoável precisão a ocorrência dos efeitos do clima extremo. Uma vez que é capaz de tratar e analisar enormes volumes de dados, essa tecnologia permite identificar padrões e, consequentemente, extrair insights, levando a linhas de ação mais precisas e eficientes. Vamos entender como isso se dá na prática.
À medida que o aquecimento global se fortalece, os icebergs derretem e o nível de água doce no mar aumenta, o que trará problemas para o nível dos oceanos e a direção das correntes marítimas.
Para os humanos, entender como isso se dá por meio da análise de imagens de satélite é extremamente complexo. Mas cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, desenvolveram uma IA que é capaz de mapear grandes icebergs antárticos em imagens de satélite em apenas um centésimo de segundo.
Similarmente ao exemplo dos icebergs, a IA pode ser usada para analisar imagens de desflorestamento e entender padrões. É o que faz a empresa escocesa Space Intelligence, que ao estudar fotos de satélite, é capaz de medir a taxa de derrubada de árvores e o volume de carbono armazenado naquela determinada área.
Pessoas que vivem em situação de pobreza ou em áreas de conflito irão sentir um impacto muito maior das mudanças climáticas do que aquelas que habitam regiões mais estáveis. Em países mais pobres, como Chade, Burundi e Sudão, a ONU implementou o projeto IKI ,que ao investigar padrões no clima com o uso da inteligência artificial, é capaz de prever com grande exatidão a ocorrência de desastres naturais – e assim, permitir aos governos que mitiguem esse impacto.
Globalmente, o lixo é responsável por 16% das emissões de gases do efeito estufa. Pensando em como conseguir reciclar melhor esses dejetos, a Greyparrot, uma startup sediada em Londres, desenvolveu um sistema de IA que analisa instalações de processamento e reciclagem de resíduos para ajudá-las a recuperar e reciclar mais materiais residuais. Em 2022, ela foi capaz de rastrear 86 toneladas de material que poderia ser recuperado, mas que está sendo enviado para aterros sanitários.
Os setores de metalurgia e mineração, petróleo e gás são alguns dos maiores emissores de gases do efeito estufa em todo o mundo. Na Califórnia, o problema está sendo abordado pela startup Eugenie.ai, que desenvolveu uma plataforma de rastreamento de emissões que combina imagens de satélite com dados de máquinas e processos. Em seguida, a inteligência artificial analisa esses dados para ajudar as empresas a rastrear, acompanhar e reduzir suas emissões em 20 a 30%.
A poluição dos oceanos por plástico é um problema urgente. No Oceano Pacífico, há até mesmo uma ilha do material, a Grande Ilha de Lixo do Pacífico, que é o maior acúmulo de plástico oceânico do mundo e tem o dobro do tamanho do estado norte-americano do Texas. Uma possível solução está sendo desenvolvida pela organização ambiental holandesa The Ocean Cleanup, que está enfrentando o problema usando IA. A tecnologia é capaz de criar mapas detalhados do lixo oceânico em locais remotos, que ajuda a coletar e remover os resíduos mais eficientemente do que os métodos convencionais, baseados no uso de arrastões e aviões.
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