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Quais as tendências do varejo para os próximos meses?

Mesmo estando no meio do ano de 2021, as tendências ainda são debatidas, afinal, elas podem surgir em um ano, mas serem mais utilizadas em outros. No nosso mercado de marketing, tendências surgem a todo o momento, algumas passam, outras ficam e outras, se tornam obrigatórias, como Transformação Digital por exemplo.

Um estudo da KPMG mostrou algumas tendências do varejo que devem ganhar força ainda esse ano, tendo o cliente sempre como o centro das ações. Na minha modéstia opinião, um dos mais, se não o mais, importante pilar da Transformação Digital é ter o consumidor sempre no centro de tudo, não apenas da comunicação, mas da tecnologia também, que juntas, devem buscar a experiência, algo que o consumidor cada vez busca mais.

 

Inovar é preciso

Esse é um mantra, que está na mesa de 10 em cada 10 CEOs globais das grandes marcas, porém, inovar pode, na verdade, precisa estar dentro da sua empresa, seja ela o tamanho que for. Em minhas palestras, a pergunta que eu mais ouço é “mas isso serve para uma pequena empresa?” a resposta padrão é: “a Apple, Microsoft, Coca-Cola, Mercedes-Benz, Nike, um dia, foram pequenas…” e um dos segredos deles, não foi apenas produtos de qualidade, mas sim a ousadia e o entendimento do que as pessoas queriam.

Não há dúvidas do poder que a tecnologia tem na vida das pessoas, isso já foi muito falado e está cada dia mais sendo apresentado no cotidiano das pessoas, as empresas, precisam correr atrás, porém, infelizmente, nesse momento o consumidor está pelo menos uns 3.000km na frente das marcas, e sabe o que é pior? Ver os gestores de marketing serem totalmente tecnológicos no seu dia a dia, mas com as marcas que usam ter a mentalidade dos anos 80.

 

Tendências do varejo

No segundo semestre de 2020, a KPMG realizou uma pesquisa com 75 mil consumidores e 12 países analisados, tendo o Brasil como representante da América do Sul. O estudo foi conduzido com o intuito de estabelecer quais são os novos comportamentos das pessoas e traçar quatro macrotendências de interesse globais. O estudo apresenta a necessidade das empresas começarem a rever suas estratégias e modelos de vendas, buscando favorecer a Transformação Digital, principalmente o pilar do Omnichannel.

Omnichannel é, basicamente, a integração dos mundos online e offline, algo que o consumidor já integrou há anos, mas as marcas e, principalmente, as agências ainda dividem, o que na minha visão, deveria ser o primeiro lugar a fazer a integração, afinal, “no fim do dia, as pessoas querem se relacionar com as marcas, independentemente do canal”, disse uma vez Daniela Cachich, ainda vice presidente da Heineken (hoje, ela é CMO da Pepsico Brasil).

O estudo apontou as 4 macrotendências que precisam criar essa integração dos mundo, conforme podemos analisar abaixo:

Macrotendência 01:  necessidade de revisar parcerias e modelos de negócios 

Plataformas digitais, com ferramentas que estão revolucionando o consumo em toda a cadeia de valor e afetando o varejo, produtos de consumo e consumidores. Não estamos falando apenas de Facebook, Instagram ou WhatsApp. Plataforma é unir pessoas que produzem, com pessoas que desejam consumir, e isso pode ser conteúdo, produtos ou serviços. 

A digitalização das marcas se faz necessária, mas não é comprar uma licença da RDStation ou criar perfis nas Redes Sociais, é preciso estudar a fundo como as empresas, através da tecnologia, podem resolver problemas e melhorar a vida das pessoas.

 

Macrotendência 02: reconsideração dos custos de fazer negócios 

Buscar alternativas para aprimorar margens de lucro e reduzir custos é uma prioridade no setor. Com esse objetivo, há necessidade de desvincular receitas dos determinantes tradicionais, buscando equilíbrio entre interesses econômicos e mudanças nos padrões de consumo. 

Pode soar óbvio isso, mas não é. Explico. Reduzir custos, nem sempre é aumentar lucros. Quando a redução de custos, é, por exemplo, demitir um diretor de 30 anos de experiência para contratar 2 gerentes pagando, a eles, junto, metade do que o diretor ganha, pode ser um enorme problema tendo em vista que a falta de bagagem dos jovens pode ser prejudicial nas tomadas de decisão, por outro lado, ter apenas diretores com anos de experiência pode, por medo deles, que pouco conhecem a tecnologia e tudo o que a gente teme, nos bloqueia, fazer com que a empresa não entenda os novos padrões de consumo.

 

Macrotendência 03: prioridade das empresas em demonstrar um propósito para sua marca 

Propósito não é frase, é atitude! Sustentabilidade e agora, a sigla da moda, ESG estão entre pontos que as empresas precisam buscar. Pode soar como uma teoria maluca, mas as pessoas estão sim mais preocupadas com marcas que não agridem a natureza. Produtos veganos e naturais para cabelos, por exemplo tem crescido muito no gosto das mulheres. Sem química, sem agressão a natureza. Propósito claro e divulgado! Marcas que demonstrarem conduta condizente com as expectativas dos seus consumidores, farão com que seu propósito esteja alinhado ao conjunto de valores que seus clientes defendem. Isso é vendas!

 

Macrotendência 04: aceitação inevitável de que o consumidor que detém o controle 

Houve um aumento dos níveis de consciência social das pessoas sobre meio ambiente, sustentabilidade, diversidade e inclusão, tal qual falamos na tendência acima (03). A mídia é quem mais sofrerá, pois as Fake News dos jornais não estão mais sendo aceitáveis. Institutos de pesquisa que mostram dados altamente tendenciosos para um partido político que tem o mesmo viés ideológico que o seu, estão perdendo credibilidade mais rápido que água em balde furado. As Redes Sociais são as novas fontes de notícia, e não é de hoje! O B2B2C é uma realidade, o fabricante vende para a loja, mas também vende direto ao consumidor, pois é o consumidor que vai decidir se vai, por exemplo, comprar a nova camisa do meu querido São Paulo FC, no site ou loja da Adidas, no site, ou loja da SPMania, no site da Netshoes ou na loja física da Bayard Esportes. 

 

Vamos acordar?

O mundo mudou e os clientes são diferentes. É hora de as empresas de consumo fazerem o mesmo”, afirma Paulo Ferezin, sócio-líder de Varejo da KPMG no Brasil.

é sócio-diretor da FM CONSULTORIA. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Somos Educação) e Transformação Digital - Como a inovação digital pode ajudar seu negócio nos próximos anos (Somos Educação). Professor de MBAs na ESPM, USP, Senac, Belas Artes e Metodista.

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