Quinta-feira, 14 de julho de 2022
Em 2011, quando o digital seguia se desenvolvendo timidamente no Brasil, ainda não era possível imaginar modelos de negócios mais disruptivos impactando o mercado de trabalho, especialmente de serviços. Após 10 anos, ficou nítida a crescente evolução digital que esse segmento alcançou, incluindo casos de sucesso de grandes empresas digitais que se inspiraram em modelos de negócios que já são uma realidade há mais de uma década nos EUA, Europa e Ásia, por exemplo, e que vêm permitindo moldar o mercado de trabalho brasileiro. Esse movimento também permitiu que pequenas e médias empresas, e até mesmo profissionais autônomos, se reinventassem durante os últimos anos, principalmente durante a pandemia, para continuarem trabalhando e gerando renda.
Há uma década, poucas empresas do mercado falavam sobre inovação digital no país. O tema ficava mais restrito às nativas digitais, como o Google, Yahoo, IBM e Microsoft, que já replicavam em seus modelos de negócio o sucesso que seguiam mundo afora. O investimento em tecnologia no país era focado nas grandes estruturas de bancos e grandes corporações, que destinavam recursos para estrutura e segurança.
De lá para cá muita coisa mudou. O digital ganhou força e vem ditando todo o mercado. Podemos dar o mérito aos primeiros empreendedores que, a exemplo do que viam e aprendiam no Vale do Silício, decidiram replicar modelos ainda inexistentes no mercado local. Como o Mercado Livre, que no final dos anos 90 criou um padrão brasileiro/latino para compras digitais, seguindo como exemplo o que a Amazon já aplicava nos Estados Unidos, e o Nubank, que em 2013 criou um banco digital inovador que reinventou o setor financeiro.
Ao longo desses anos, essas e outras dezenas de empresas inovadoras vêm investindo tempo e recursos para desenvolver um padrão de mercado digital brasileiro, que hoje já é visto com atenção e acompanhado mais de perto por outros países, devido ao seu potencial emergente. O desenvolvimento de negócios digitais no Brasil também permitiu que o país enfrentasse o último ano desafiador de pandemia de forma mais otimista. Com o isolamento social, as empresas precisaram se reinventar e focaram no digital como forma de promover vendas, trazendo mais clientes para seus negócios.
Se analisarmos mais a fundo os pequenos negócios e serviços autônomos, é perceptível o uso cada vez mais frequente de plataformas digitais que esses profissionais passaram a utilizar como alternativa para continuarem trabalhando.
Ainda no setor de serviços, notamos um movimento crescente no último ano de professores particulares que encontraram alunos em outros estados para dar aulas remotas, psicólogos que puderam atender pessoas que precisavam de apoio para superar as dificuldades do isolamento social, e até mesmo pequenos comerciantes, que com seus estabelecimentos fechados, precisaram encontrar no digital clientes que estavam buscando por seus serviços.
Uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), aponta que 70% dos micro e pequenos negócios incluíram a internet como ferramenta de potencialização de vendas, e 23% lançaram um site próprio como canal de vendas durante a pandemia do covid-19. Esse movimento pró-digitalização dos serviços foi influenciado pelo maior interesse dos consumidores em buscar por novas formas de encontrar os produtos e serviços que precisavam no momento de maior impedimento de deslocamento nas cidades.
Sem poder abrir suas lojas, comerciantes de todo o país investiram tempo e recurso para abrir suas lojas online, reestruturar seus sites, produzir conteúdo para vender através das redes sociais e, ainda, buscar plataformas onde pudessem encontrar mais clientes, como os marketplaces que já estão hoje bem estabelecidos no país, como os delivery de comida, iFood e Rappi, além plataformas de serviços, como o GetNinjas, e de produtos, como Mercado Livre.
Vale ressaltar que, só no último ano, a aceleração da taxa de empreendedorismo por necessidade foi outro movimento ascendente no país. De acordo com o relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2020, o número de novos negócios foi recorde em 2020, com mais de 14 milhões de brasileiros se tornando empreendedores em meio à pandemia. Ainda segundo o relatório, a motivação da maior parte deles foi o desemprego, que resultou no aumento histórico da taxa de empreendedores nascentes, além de ter mudado o perfil de brasileiros que decidiram apostar no próprio negócio neste período.
Do lado de cá, analisando o perfil desses novos empreendedores que utilizam o GetNinjas como plataforma para conseguir clientes, observamos um comportamento bastante interessante de profissionais que já tinham uma habilidade ou experiência e decidiram trabalhar por conta própria como forma de garantir uma fonte de renda. Em muitos desses casos vemos histórias de profissionais que começaram a atuar como autônomos, mas viram uma oportunidade de se formalizarem, contratar pessoas e crescer e gerir um pequeno ou médio negócio. Um movimento que mostra que o digital tem permitido o crescimento de novas pequenas e médias empresas no país.
O processo de digitalização no Brasil permitiu acelerar nos últimos dois anos de pandemia o acesso e priorização do digital como um meio para promover a compra e venda de produtos e serviços, além de novos métodos de trabalho. Porém, para que a transformação digital dos pequenos e médios negócios continue a evoluir, é preciso haver uma maior educação e instrução sobre acesso e uso de plataformas digitais, que auxiliam no desenvolvimento contínuo dessas empresas. Micro e pequenos empreendedores precisam conhecer e aprender a usar essas ferramentas já disponíveis no mercado para continuarem a crescer e prosperarem cada vez mais com o próprio negócio.
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Diretora de Comunicação e Parcerias no GetNinjas, onde lidera iniciativas de divulgação da marca para o mercado e a imprensa, além de novos negócios junto a grandes varejistas e indústrias nos mercados brasileiro e latino americano. É graduada em Comunicação Social e possui MBA em Marketing Digital pela FGV.
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