Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Acompanhar grandes eventos, como o Digitalks Expo, o Web Summit e o SXSW, também significa embarcar em uma curadoria profunda. Afinal, são diversas palestras que ocorrem ao longo dos dias e geram a sensação de que estamos perdendo conteúdos ricos apresentados em outros palcos. Mas, por que nos sentimos tão culpados por perder algo? Por que nos cobramos como se estivéssemos em uma realidade como o filme “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”?
Tem uma sigla famosa que costuma ser aplicada nessa situação: FOMO, que significa medo de ficar de fora (fear of missing out). Mas, diante de um cenário cada vez mais tecnológico, você consegue vivenciar coisas sem ter a presença física. A questão é que não dá para fazer tudo ao mesmo tempo, e você tem de ser o curador de si. É aí que a tecnologia nos permite tudo, em teoria, tanto para quem acompanhou o evento presencialmente quanto para quem ficou de fora.
Todo mundo fala da IA, mas quem é que faz a curadoria dela? Na realidade, como usamos as inovações, apenas depende de nós.
Há inúmeras inovações bem-vindas. Mas, tudo precisa passar por um controle. Temos carros que voam, mas não temos legislação para isso. Temos sistemas que podem manter (para sempre) nossa memória e atitudes? Temos! Mas podemos deixar nossa herança para este sistema que somos nós e eternizar nossas decisões? Não! E agora me deparei com a tecnologia da Apple que consegue antecipar nossas atitudes. Como? Analisando a dilatação ou contração de nossas pupilas (que denunciam o que vamos fazer antes de nosso cérebro e corpo realizarem). Penso em inúmeros aprendizados e autoconhecimentos possíveis. Mas…o que as empresas e o governo poderão fazer com isso? Também me impressionei com a fusão crescente do digital com o biológico. O que traz uma produção ou capacitação de nossas células para combater doenças e futuros inimigos físicos. Mas quem vai dominar essa informação tão pessoal?
Disse tudo isso para dizer algo que não sai da minha mente o tempo todo: promova uma discussão saudável sobre o que sua marca pensa a respeito dessas inovações. O que de bom ela vai se apropriar? E o que evitará para não invadir ou transgredir. Assuma este papel-chave diante de sua comunidade.
Creio que, na realidade, é muito mais sobre saber onde colocar os seus pesos, em vez de tentar abraçar o mundo. É claro que não dá para ficar para trás, mas marcas fortes se consolidam por meio de um posicionamento que independe da visibilidade passageira proporcionada pela tendência.
O branding envolve a construção de uma narrativa coerente, que enraiza valores e estabelece uma conexão profunda e emocional com o seu público. Essa abordagem estratégica garante que a empresa consiga se diferenciar em meio a um mercado saturado de opções. Ao mesmo tempo que a gestão da marca é um processo contínuo, só tem sucesso quando se comprova na percepção do consumidor.
Mas claro que isso não significa que a marca possa garantir sua presença no mercado apenas com uma identidade bem estruturada. É uma espécie de intersecção entre branding e inovação, para manter sua relevância a longo prazo. O grande diferencial está em alinhar as tendências e inovações conforme o que mais faz sentido para o posicionamento da sua marca. E, com isso, evoluir.
Mais do que apenas fazer uma campanha publicitária que siga uma trend com repercussão por algumas horas, certifique-se de que o conteúdo também reforça o propósito da sua marca. É a tal da coerência que sempre prezamos.
Use a tecnologia a seu favor nesse processo: peça ajuda ao ChatGPT ou ao Copilot. Foi o que eu fiz, já que este ano não consegui estar presente em Austin. Mas o remoto foi muito intenso. Experimente. Vá se aprofundando no que interessa a você e à sua marca. E você verá que a informação virá de pessoas que estão cobrindo pessoalmente essas novidades, fornecendo os insumos para essa curadoria. Inclusive, agradeço a todos os envolvidos por tirarem um pouco do meu FOMO.
Continuarei, então, acompanhando as repercussões das tendências e fazendo a minha curadoria. E, quando necessário, nada melhor do que abraçar uma resposta contracultural à felicidade de ficar de fora (JOMO).
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