Terça-feira, 22 de junho de 2021
Todos sabemos um pouco sobre estes dois conceitos, mas de maneira muito rasa sobre cada um. É claro que a Transformação Digital está muito mais presente em nossas vidas, mas a Economia Circular ou ESG* não. Falamos de sustentabilidade, reciclagem, preservação dos recursos naturais, recursos naturais renováveis, mas ainda estamos longe de evoluirmos verdadeiramente no conceito de Economia Circular.
O meu objetivo não consiste em falar sobre IoT, Machine Learning, AI, Big Data ou sobre o correto uso dos insumos naturais. Não sou um especialista em Transformação Digital e nem em Economia Circular.
O que quero com este artigo é provocar essa reinvenção e propor a todos que comecem a enxergar o valor presente e futuro que a fusão destes dois conceitos trarão para a sociedade. Ouso dizer que estamos entrando na Era Digital Circular…
Vivemos intensamente a mudança que o digital trouxe para o comportamento das pessoas e das empresas. Isso é inegável. Entretanto, como será o futuro? E posso lhes afirmar que nosso futuro será maravilhoso quando a tecnologia encontrar o meio ambiente de maneira massiva. Digitalização de controles e indicadores de processos extrativos, produtivos e de consumo. Machine learning, IA, automação em todas as etapas da cadeia, com visão circular desde o princípio da concepção de produtos, serviços e processos. É um caminho sem volta… E já estamos atrasados.
Por que digo isso? Pois bem, tenho estudado sobre Transformação Digital desde 2016 – não confunda uso de tecnologia com estudo avançado – e o avanço tecnológico e digital é exponencial. Nos últimos 17 anos o mundo presenciou mais mudanças do que todos os anos anteriores de toda a humanidade.
A Transformação Digital avança a passos largos e velozes em nossas vidas. Não é à toa que a tecnologia se sobrepõe ao comportamento humano, pois nós não conseguimos acompanhar da mesma forma o up-to-date que a tecnologia nos impõe. Porém, o ser humano possui a maior capacidade que existe: se adaptar. Uma pena que a velocidade de adaptação do homem é muito menor que a transformação digital.
Para que a Transformação Digital não substitua o ser humano, é fundamental que nós estejamos dispostos a nos reinventar. Aprender a reaprender… O tempo todo… A dinâmica mudou. O mindset precisa ser diferente. Precisamos viver como pessoas, mas pensar e agir como computadores “Live as a person. Think as a computer”.
Diante desse movimento de Transformação Digital e redução do crescimento econômico mundial, como podemos mudar esse cenário? Pois bem, aí que surge a minha tese: Para que a Transformação Digital seja 100% benéfica para a sociedade, é preciso que ela seja aplicada na sua totalidade aos princípios da EC e aos 17 Objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Provavelmente se tornarão 20 em breve.
A Transformação Digital somada à Economia Circular mudará a forma como nos relacionamos com o mundo. Os inputs circulares e digitais, somados, irão preparar a humanidade para conviver com o crescimento populacional e a ótima utilização dos recursos naturais, que estão apresentando sinais de exaustão. Segundo Catherine Weetman, no livro Economia Circular – 2019, em 2030, a população mundial deve alcançar o patamar de 9 bilhões de pessoas. Serão quase 3 bilhões a mais de indivíduos consumindo uma variedade de produtos e serviços.
Com essa perspectiva e, com a minha visão que uma das principais molas que move o mundo é o comportamento de consumo do ser humano, entendemos que as indústrias e governos precisam agir imediatamente e trabalhar de forma integrada para a união de tecnologia, ciclos biológicos e ciclos técnicos.
O consumidor está cada vez mais mobile, social e considerando a sustentabilidade como escolha para seus produtos e serviços, apesar de ainda termos um gap cultural enorme para sermos realmente sustentáveis.
Dessas 3 bilhões a mais de pessoas, está surgindo uma nova geração de consumidores mais interconectados, imediatistas, com poder de voz ampliado e com consciência maior da necessidade de proteção dos recursos naturais. Quer mais, melhor e com menos da natureza. É uma das principais razões para a aceleração desta fusão. E para acelerar esse processo, a mudança de mindset em proporções exponenciais é prioridade para pessoas e empresas.
Tecnologias disruptivas, tais como: IoT, Inteligência Artificial, RFID, Impressão 3D, Nanotecnologia, GIANT DATA (Antigo BIG Data), etc., farão com que a cultura data-driven nos dê cada vez mais dados para que os inputs circulares sejam caminho crítico para que a produção e o consumo sejam cada vez mais sustentáveis.
Transformação Digital e Economia Circular precisam ser interdependentes, andarem juntas, para sempre… Isso será crucial para que as próximas gerações possam continuar consumindo com um menor impacto aos recursos naturais. Já extraímos demais e estamos perto do limite. Temos iniciativas incríveis sendo desenvolvidas com essa visão que trago aqui, com cases fantásticos, em diversas partes do globo. Porém, ainda é muito pouco do que se faz de modo linear por causa do mindset de curto prazo, com resultados imediatistas.
Nessa perspectiva, a tecnologia será o catalisador para processos inovadores desde a extração, uso, reuso, reprocessamento e aproveitamento máximo, até o destino final dos produtos de todos os segmentos econômicos. Usar mais, usar melhor, eficiência no design de produção e de aplicação, facilitando a manutenção e a durabilidade dos produtos, serão princípios básicos para áreas de mercado e P&D na hora de criar, desenvolver ou inovar em seus portfólios. Isso será fundamental para atender aos desejos sustentáveis de consumo, que cresce de modo exponencial em todos os mercados.
Não é teoria do caos. É input para reflexão de todos para a necessidade de uma mudança drástica e massiva sobre a forma como produzimos e consumimos recursos técnicos e naturais. A hora de agir é agora. Olhar para o presente e para o futuro e revisitar isso constantemente.
A Transformação Digital não precisa da Economia Circular, mas a Economia Circular depende da Transformação Digital para que o mundo seja melhor e para que as próximas gerações – e a nossa também – possam conviver harmonicamente com os recursos naturais, os tornando infinitos.
Jorge Henrique Silva, 44 anos, engenheiro de produção civil, com MBA em gestão empresarial, com diversas especializações ao longo de sua carreira. Atualmente é o Gerente de Geração de Valor e Demanda da Krona, responsável pelo programa Omnichannel e pela reinvenção da área de Marketing da empresa. Apaixonado por tecnologia, inovação, disrupção e por aprendizado constante sobre temas que possam transformar e melhorar o mundo.
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