Quinta-feira, 13 de janeiro de 2022
O cargo de Product Manager tem se tornado, ao longo dos últimos anos, um dos mais promissores no mercado de tecnologia. Essa não é exatamente uma novidade, já que a pandemia de covid-19 acabou impulsionando a digitalização das empresas e acelerando um processo de 5 anos em 1.
No entanto, um dos dados que mais chamou a atenção no Panorama do Mercado de Product Management 2021 foi sobre a síndrome do impostor, que afeta 83% dos mais de 1.000 respondentes da pesquisa.
Considerando que é um mercado em ascensão, essa profissão representa uma excelente oportunidade para quem deseja fazer uma transição de carreira ou se especializar na área. Isso porque ela proporciona autonomia nas decisões de negócio, flexibilidade e oferece uma média salarial na faixa de R$ 10.000. Mas, antes de mais nada, é importante entender as causas desse número tão preocupante.
Quais seriam as principais razões que justificam esse dado? É sobre isso que vou falar a seguir.
O fato desses profissionais terem que fazer tantos alinhamentos diariamente, abordando assuntos tão estratégicos para o negócio, acompanhar os times no que está sendo entregue (e, consequentemente, alinhando estas entregas com diversos stakeholders), pode impulsionar o grau de pressão, estresse e incerteza. E essas sensações estão a um passo da tão falada síndrome do impostor.
A síndrome do impostor é uma condição que vem afetando muitos profissionais nos últimos anos. De acordo com uma pesquisa recente publicada no US National Library of Medicine National Institutes of Health, até 82% dos mais de 14 mil participantes alegaram lidar com sentimentos atrelados ao problema.
Em linhas mais gerais, especialistas explicam que a síndrome se caracteriza por uma luta constante com a sensação de fracasso e fraude. Ou seja, são inseguranças que impactam o trabalho com uma intensidade além do normal, podendo prejudicar inclusive o desempenho profissional e a vida pessoal.
Analisando o contexto da rotina de quem atua como Product Manager, podemos levantar alguns aspectos que podem contribuir com o surgimento dos sinais da síndrome do impostor. São eles:
Além desses pontos, no relatório tem uma pergunta que mede o grau de satisfação com o dia a dia na função: “O que você menos gosta no seu trabalho na área de produtos?” . Os 29,2% dos participantes que acham muito desgastante o papel de PM e os 52% que se queixam do tempo em demasia em reunião são números que revelam um elevado grau de estresse dos entrevistados. Vale mencionar também que 33,3% admitiu que frequentemente se sente inseguro realizando as tarefas do dia a dia.
Da mesma forma que a terapia ajuda a gente a se conhecer melhor e entender o que nos motiva e nos limita, revelando um caminho sadio para seguir em frente, ter esses dados em mãos é muito útil. A partir dele, entendo as principais dificuldades inerentes a estas posição, qualquer pessoa consegue se preparar melhor, para encarar o dia a dia.
Em uma pesquisa recente que rodamos com a nossa base de milhares de alunos e alunas, que fazem nossos cursos de product management, obtivemos dados qualitativos e quantitativos sobre a percepção deles em relação à experiência de aprender conosco. O objetivo foi entender como a formação oferecida pela PM3 contribui para o fortalecimento da autoconfiança desses profissionais, considerando que, no processo, eles têm a oportunidade de:
Ou seja, nossa proposta era validar se esse conjunto de experiências enriquecedoras é de fato eficaz em aumentar a confiança no trabalho e aliviar a ansiedade, ajudando os profissionais a tomarem decisões melhores.
Felizmente, o resultado foi muito positivo. 67,6% afirmou estar “muito mais confiante” e 25% admitiu se sentir “um pouco mais confiante” depois de estudar através de uma educação formal e aprofundada — como a que desenvolvemos por aqui.
A confiança vem justamente depois que as pessoas conseguem aplicar os aprendizados no dia a dia, pois resultados melhores acabam aparecendo, impactando positivamente suas carreiras e os produtos/negócios a que servem.
A síndrome do impostor é algo bastante sério e que olhamos com bastante carinho aqui no time da PM3. É importante dizer ainda, que esse problema vai além de ter uma boa formação. A cultura corporativa na qual a pessoa está inserida pode interferir muito na percepção que o profissional tem sobre o seu próprio trabalho.
Nós fazemos questão de construir uma cultura forte, que promove o compartilhamento de ideias e opiniões. Além disso, sempre pedimos para que todos sejam transparentes e buscamos contribuir uns com os outros por meio de feedbacks construtivos — atitude indispensável para gerar interação e promover uma entrega de qualidade.
Lembra que lá em cima vimos um dado que mostra que 52,2% dos participantes se queixaram de ficar muito tempo em reunião? Da mesma forma, isso pode ser fruto de uma cultura de baixa autonomia, que demanda alinhamento síncronos a todo o momento, ao invés de empoderar os times para que relatórios/esclarecimentos sejam dados de forma assíncrona.
Bem, sinto que estou entrando demais na questão da cultura organizacional. Como há muito a ser dito sobre isso, vou deixar esse tópico para uma próxima conversa.
Finalizando e amarrando meu raciocínio, espero ter contribuído para que profissionais de tecnologia possam identificar pontos de melhoria na sua empresa e na sua rotina de trabalho. A síndrome do impostor precisa ser combatida para que todos possam dar o seu melhor e, principalmente, se sentirem bem e felizes com suas carreiras.
Até a próxima!
CMO e cofundador da PM3, escola referência e especializada em produtos digitais no Brasil.
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