Segunda-feira, 14 de novembro de 2022
Portugal está se reinventando com base na inovação e no empreendedorismo, desbravando novos mares e criando oportunidades para talentos internacionais. Cerca de 10% da população trabalhadora fundou ou co-fundou uma startup, segundo o Global Entrepreneurship Monitor. O programa do governo Portugal 2030, que traça caminhos para o país nessa década, traz como uma de suas prioridades Inovação e Conhecimento.
Dentro desse cenário, um caso de sucesso é da Remote, uma das empresas com DNA português com o selo de unicórnio – startup avaliada em mais de 1 bilhão de dólares americanos. No período do Web Summit, conversamos com o português Marcelo Lebre, co-founder & COO da Remote, sobre dicas em empreendedorismo, planos de expansão da empresa, e comportamentos no futuro do trabalho. Veja a entrevista a seguir.
[Digitalks] Como está o ecossistema de empreendedorismo em Portugal? No Web Summit observamos grandes soluções. O plano de desenvolver os negócios vêm dando certo na prática?
[Marcelo Lebre] O empreendedorismo em Portugal está bom e recomendável! Portugal tem excelentes condições e programas para novos empreendedores e empresas que queiram se fixar em Portugal. A nova legislação – que tem sido designada como “Lei das Startups” – e que foi debatida numa sessão promovida pela Startup Portugal durante o Web Summit, irá introduzir novas medidas de apoio não só às startups, como também às incubadoras e aceleradoras, para além de criar alterações à taxação do exercício de stock options. No geral, tudo isto ajuda a tornar um destino muito apetecível para novos empreendedores.
[DT] A Remote é uma das startups com ADN português com selo de unicórnio, sendo uma das mais rápidas a atingir o status. Quais caminhos você pode sugerir para os empreendedores que sonham em crescer com suas ideias?
[ML] A equipe inicial (sejam co-founders ou as primeiras contratações) tem que aprender a deixar os egos à porta. Poucas coisas são piores do que ter um grupo de pessoas a puxar para lados diferentes. Isto não quer dizer que não pode haver debates internos sobre o rumo a seguir, mas quando há discordância têm que perceber que o importante é o que é melhor para o projeto.
[DT] Poderia contar um pouco da Remote e os motivos dela estar em um crescimento exponencial?
[ML] A Remote foi fundada em janeiro de 2019, para dar resposta aquilo que nós víamos ser um problema crescente: as empresas quererem contratar a nível global, mas de forma simplificada! O processo é extremamente difícil para as empresas que querem contratar fora das suas áreas geográficas, seja porque não o podem fazer (se não estiverem registadas num determinado país, por exemplo) ou podem não o estar a fazer de forma competitiva (se a oferta em termos de benefícios for abaixo daquilo que é considerado como expectável num determinado país). A Remote surge precisamente para colmatar essa falha: através da Remote as empresas estão a contratar de forma segura, e para além disso, de forma competitiva, graças ao nosso know-how e às nossas equipes especializadas nos diferentes países onde estamos presentes.
Em 2020, com a pandemia, verificou-se uma explosão do trabalho remoto, por imposição das medidas de contenção nos diferentes países e isso veio comprovar aquilo que já sabíamos há muito: há muitos trabalhos que podem ser feitos de forma remota e agora os trabalhadores sabem isso. Isto leva a que muitas pessoas procurem especificamente por ofertas de trabalho que permitam essa flexibilidade, o que leva a que as empresas comecem a querer cada vez mais contratar fora das suas áreas geográficas de implementação.
[DT] A Remote está hoje no mercado brasileiro? Além disso, o mercado LATAM é uma dos objetivos da Remote?
[ML] Sim – as empresas podem utilizar os serviços da Remote para contratar no Brasil desde 6 de Abril de 2021. A nível de América Central e do Sul, para além do Brasil, a Remote está já presente na Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, Guiana, Jamaica, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai
[DT] Quais os planos agora da Remote para continuar o processo de expansão?
[ML] O futuro da Remote passa por continuarmos a expandir os países onde os nossos clientes podem utilizar os nossos serviços, mas também por continuarmos a utilizar o nosso know-how para ajudar os nossos clientes a otimizarem as contrações nos diferentes países onde estamos. Do ponto de vista de produtos, lançamos recentemente o nosso app, que permite acessar à nossa plataforma a partir de qualquer dispositivo iOS ou Android e brevemente iremos ter mais algumas novidades (podem ir seguindo as novidades através das nossas redes sociais e do nosso blog em remote.com/blog).
[DT] Quais comportamentos nos modelos de trabalho vocês observam tendo como base os hábitos dos clientes?
[ML] O Futuro do Trabalho (do qual o trabalho remoto é apenas uma parte) veio para ficar. A pandemia veio mostrar que o trabalho remoto é possível para muito mais do que antes se imaginava! Para além disso, vemos cada vez mais companhias a perceber que para além de trabalhar remotamente, também é possível trabalhar de forma assíncrona, com grandes ganhos de eficiência para as empresas. Os trabalhadores tomaram também consciência disto e cada vez mais vão procurar esta flexibilidade, que lhes permite melhorar a sua vida pessoal. Há uma mudança muito grande do “viver para trabalhar”, em que toda a todo o dia é gerido em volta do trabalho (e das deslocações a que isso obriga), para um “trabalhar para viver”, em que é possível um maior equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal de cada um.
*Entrevista adaptada do português de Portugal com tradução livre
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