Quinta-feira, 14 de abril de 2022
As fintechs, termo que surgiu da união das palavras financial e technology para as tecnologias e inovação aplicadas nas soluções de serviços financeiros, deverão ser essenciais para a inclusão financeira em 2022 e ainda têm um grande potencial de influência benéfica para os brasileiros, sejam consumidores, empresas ou órgãos regulatórios.
Em 2021, as fintechs foram verdadeiras protagonistas no cenário financeiro brasileiro, o que posicionou essas empresas no ecossistema como precursoras da inovação, em um mercado amplamente tradicional e até mesmo engessado.
Conforme a Distrito, o volume de investimentos no setor financeiro de inovação foi de mais de US$ 3,5 bilhões em 2021, mais que o triplo do que foi investido em 2019 (US$ 1,1 bilhão) e uma quantia consideravelmente maior do que os aportes de 2020, quando a cifra chegou a US$ 1,9 bilhão.
Trata-se de um cenário de grandes oportunidades para os chamados neobancos, bem como para as prevtechs, savetechs e agtechs, pois estes players passaram a ofertar soluções melhores, com base em tecnologia, em grande escala.
O apoio do governo com as iniciativas do open banking são uma indicação dos benefícios destas novas ofertas, bem como o PIX que revolucionou o mercado de transferência de valores e pagamentos brasileiro. Ou seja, com as vantagens para toda a cadeia, as fintechs devem despontar em 2022 como as startups mais inovadoras e como consequência, ainda mais atraentes para investidores.
As tendências para o setor incluem especialização em verticais e mercados específicos para iniciativas em crédito, meios de pagamento e investimentos. Além disso, as tecnologias em cloud computing BaaS (Banking as a Service) e FaaS (Fintech as a Service) deverão ganhar força ao passo que a segurança, velocidade, entre outros benefícios fiquem claros para os usuários e as organizações.
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Neste sentido, a infraestrutura das áreas financeiras como o back-office e a automação resolverão questões complexas e manuais, enxugando os custos de operações.
Outra inovação que fará parte do cotidiano dos brasileiros será o chamado “beyond banking” no qual as fintechs irão extrapolar os serviços financeiros e passarão a oferecer produtos em outros setores que facilitem a vida dos seus clientes, inovando ainda mais em suas entregas.
As oportunidades de parcerias entre empresas é uma outra tendência que deve se acentuar este ano, seja para empresas tradicionais, startups ou ainda organizações públicas. O objetivo será sempre facilitar o acesso aos produtos e a inclusão financeira.
Diante de tanta inovação, as fronteiras deverão ainda ser transpostas pelas fintechs brasileiras, principalmente as que tiverem foco em questões como ESG, que geram impacto positivo para todo o mundo, principalmente em um cenário de crise ambiental e de saúde pública.
Em 2022, outra tendência é a chegada das criptomoedas no universo financeiro tradicional, junto do chamado NFT – token não fungível, um ativo digital que reside em uma blockchain, que possui valor monetário e é utilizado para autenticar e rastrear a origem de uma mídia digital (JPEGs, arquivos de música e até jogos). Isso deve abrir inúmeras possibilidades para a atuação de fintechs.
A Web3 é uma evolução da internet com base na descentralização, permitida graças ao blockchain, uma tecnologia nascida no universo financeiro digital, que protege o conteúdo desenvolvido pelos usuários e oferece ainda, um número maior de mecanismos que garantam transparência na coleta e destinação dos dados. Desta forma, estará no centro das estratégias das fintechs mais inovadoras.
Com um cenário favorável à inovação com o Open Finance que seguirá os passos do open banking e do open insurance em curso no Brasil, 2022 deve atrair muitos investidores de todo o mundo, assim como o intercâmbio de startups vindas de outros países e a crescente atuação de fintechs nacionais no exterior.
Podemos esperar um mundo de oportunidades neste setor em 2022, mas também alguns desafios que incluem adesão, educação do público e o avanço da regulação. Além disso, ocorrerá o aparecimento de novas soluções e uma consolidação acentuada do setor, sendo que o horizonte promete muitos benefícios para todos os agentes envolvidos.
CEO da Nagro, agfintech que concede crédito direto ao produtor rural. Formado em Agronomia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), possui MBA em Gestão do Agronegócio pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ / USP).
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