Terça-feira, 08 de março de 2022
No mês que celebramos o Dia das Mulheres, gostaria de convidar para uma reflexão sobre o papel que a tecnologia vem desempenhando para a equidade de gênero no Brasil e, especialmente, na América Latina.
Em um mundo em que milhares de pessoas buscam uma maior igualdade, a tecnologia tem se destacado como rompedora de paradigmas, impulsionando mudanças profundas, como a conscientização da importância da mulher em cargos de liderança.
De acordo com um estudo realizado pela UNESCO, a falta de presença feminina nas empresas pode gerar perdas multimilionárias na economia mundial e, se essa diferença fosse reduzida, aumentaria o PIB de algumas regiões, como a da América Latina, em até 4%.
Embora essas estatísticas tendem a melhorar, as mulheres continuam enfrentando muitos desafios diariamente. O relatório El futuro de la tecnología: Inclusión femenina, realizado pelo BID Lab em conjunto com a Laboratória, instituição latino-americana que busca inserir mulheres no mercado da tecnologia, aponta que as empresas com mais de 40% de presença feminina em suas equipes são 21% mais propensas a ter um alto desempenho. Enquanto isso, as empresas com menor percentual de pluralidade de gênero apresentam resultados até 33% mais baixos do que aquelas com maior diversidade.
Para aumentar a presença das mulheres na indústria da tecnologia é necessário manter uma visão cada vez menos estigmatizada dos papéis sociais de gênero. É preciso reforçar as mensagens de liberdade de escolha para que cada vez mais, mulheres jovens se interessem por profissões tecnológicas e se tornem referências positivas para as demais.
O estudo da Laboratória aponta que 25% das mulheres ainda não têm o apoio e nem a confiança necessária para crescerem no trabalho. E que, além disso, elas sentem que “precisam se provar mais do que os homens” para serem promovidas. Felizmente, há diversas iniciativas acontecendo para mudar esta realidade. Na última década, várias políticas e programas foram implementados na América Latina e no Caribe com o objetivo de promover e aumentar a participação das mulheres nas áreas da ciência e da tecnologia.
E as empresas podem ser fortes aliadas na promoção da igualdade por meio de espaços de trabalho mais inclusivos e atrativos. É uma oportunidade e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade implementar ações que favoreçam a formação de talentos, o acesso e a permanência de mulheres nas equipes tecnológicas.
Desenvolver lideranças que valorizem a inclusão e a diversidade é uma das melhores formas de enfrentar este desafio estrutural e ser um agente ativo de mudança. Para mim, destacar as abordagens bem-sucedidas de mulheres líderes pode mudar a forma como vemos os valores fundamentais e, normalmente, atribuídos às diferenças de gênero. Assim, podemos construir pontes para inspirar mais mulheres a se desenvolverem no âmbito digital.
E é por isso que considero a tecnologia como um grande equalizador de gênero. Porque ela não distingue ou discrimina. A percepção de liderança eficaz evoluiu demais nos últimos anos e o desenvolvimento feminino no mercado de trabalho já não é uma questão exclusiva das mulheres, mas sim de todos nós. Unir forças nos levará a recompensas nos negócios, redução da desigualdade social e até a promoção do desenvolvimento econômico do nosso país.
A pandemia que estamos vivendo mostrou o quanto é importante acompanhar a evolução digital, e quanto mais meninas e adolescentes tiverem acesso aos espaços tecnológicos e puderem embarcar nessas oportunidades, mais fácil será preencher as lacunas existentes. Ter uma abordagem sensível ao gênero significa ir além de reconhecer e aumentar a conscientização sobre a equidade, mas garantir que as preocupações ou experiências de homens e mulheres sejam igualmente integradas ao design de produtos e serviços, e que se dê a devida atenção aos papéis e às relações de cada gênero.
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