Quarta-feira, 19 de maio de 2021
A revolução 4.0 elevou o potencial das campanhas de publicidade e marketing, com grande diversificação de formatos e canais, maior alcance, possibilidade de segmentação, personalização e geolocalização, entre muitos outros recursos. Entretanto, o consumidor também ganhou mais autoridade e poder de voz, graças à massificação do uso das redes sociais e de plataformas de avaliação de produtos e marcas que, aliados ao engajamento, podem trazer resultados desastrosos. Ou não.
A internet é um organismo vivo em que diariamente são criados diversos sites para caçar cliques, difundir notícias sensacionalistas ou até fake news. Além disso, o seu potencial de alcance permite que tudo saia facilmente do controle. Por isso, criadores de campanhas, principalmente voltadas para esse ambiente, devem ter cuidados redobrados para atingir o sucesso e ao mesmo tempo proteger a marca. Esses cuidados vão desde a clareza na comunicação, o alinhamento com os valores da empresa e da sociedade e o cuidado com os consumidores, até o uso de técnicas e ferramentas de gestão para criar estratégias mais eficientes, evitar crises, aumentar a segurança e selecionar canais e sites que agreguem valor.
Em tempos de pandemia, cancelamentos e mudanças para aquisição de dados com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), isso pode ser mais desafiador, mas não torna a missão impossível. Segundo um estudo da Delloitte, mais de 25% dos consumidores deixaram de consumir uma marca ao perceberem que a empresa agia em seu próprio favor durante a pandemia. Em contrapartida, 63% dos respondentes acreditam que vão contar mais com as tecnologias digitais e 58% lembram de pelo menos uma marca que ajudou o seu negócio a atender melhor os clientes. Diante deste cenário, a consultoria destacou alguns pontos fundamentais para atingir o tão desejado sucesso nas campanhas online: propósito da marca; experiência humana; agilidade; confiança e participação.
Esses itens devem ser pensados e avaliados com profundidade, uma vez que a associação de uma peça publicitária que possa dar margem à criação de um meme ou que esteja desalinhada com os valores ou discurso comercial da marca é um grande potencial para gerar crises e cancelamentos. Por isso, é essencial considerar esses detalhes desde o planejamento e aplicar às estratégias de segurança de marca com o uso de ferramentas apropriadas e gestão unificada.
Uma outra pesquisa, realizada pela Egon Zehnder apontou tendências para as campanhas online. Dentre elas, estão o uso inovações tecnológicas como a nova versão do Google Analytics com Machine Learning mais sofisticado para anúncios criados no Google Ads, permitindo maior segmentação do público, além do aumento do uso da Inteligência Artificial e maior valorização do SEO.
Outro ponto importante, especialmente para mídia programática, é a criação de estratégias exclusivas para mobile e o potencial para criação de campanhas dentro de jogos, como os playable ads. A consultoria também prevê o aumento de canais de entrega para este tipo de mídia, mas alerta para as modificações no uso de cookies ou até a sua extinção devido à LGPD. No geral, para o setor de marketing digital, a Egon Zehnder também indica a integração do e-commerce com redes sociais e WhatsApp – amplamente já utilizados no mercado – aumento da necessidade de personalização nos anúncios e do uso de buscas por voz – que a ComScore já previa crescimento de 50% em 2020. Também é esperado um aumento do investimento em comunicação com geração ou distribuição de conteúdo na internet para este ano.
A aplicação destas tendências nas campanhas online certamente trará bons frutos, mas é preciso aliar outras estratégias e ferramentas, pois quanto maior o potencial, maior o risco. Dados de um estudo da MindMiners apontou os motivos para cancelamento de marcas: 41% dos entrevistados cancelariam uma marca se tivesse problemas com seus produtos e serviços; 37% por adotar posicionamentos nas suas campanhas que não condizem com suas ações em geral; 31% por não corresponder às expectativas como consumidor; 27% por não concordar com o comportamento ou posicionamento de influenciadores; e 17% porque a marca se posicionou contra os valores da família tradicional e/ou sua religião. No geral, não é comum que as marcas pensem em estratégias específicas para crises ao criar uma campanha digital, mas sim reagir a circunstâncias que já saíram dos trilhos, o que está longe do ideal. É possível e recomendável prever estas situações com estratégias e ferramentas adequadas:
Em épocas desafiadoras e de grandes transformações como estamos vivendo, criar campanhas altamente eficientes pode ser algo mais complexo. Por isso, é sempre importante estar atento às tendências e mudanças do mercado e das necessidades do consumidor. O caminho do sucesso é traçar esses planos de forma inteligente, objetiva, técnica e humana, contando com parceiros especializados e alinhados a esses mesmos valores.
é Managing Director Brazil da Gamned e também membro do comitê de Adtech e Data do IAB Brasil. Atua desde 2009 no meio digital, tendo passagens por agências de publicidade e empresas de tecnologia
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