Henrik von Scheel, criador do termo Indústria 4.0, esclarece algumas dúvidas sobre a 4ª Revolução Industrial

A Indústria 4.0 é realidade no mercado mundial e as empresas que ainda não estão se adequando à nova revolução industrial correm o risco de perder uma grande oportunidade de aumentar, de forma exponencial, os negócios. Para não correr riscos, o primeiro passo é entender mais sobre a Indústria 4.0 e aprender a implantar as novas tecnologias que fazem parte do movimento.

Henrik von Scheel é um dos criadores do termo Indústria 4.0 e autoridade líder em estratégia e competitividade no mundo. O especialista vai participar de um talk show com Martha Gabriel, referência no assunto no Brasil, no Expo Fórum Digitalks 2019, e promete destrinchar as principais referências e as melhores formas de se aplicar a 4ª Revolução Industrial.

Acompanhe a seguir uma parte da entrevista de Henrik Von Scheel para a revista espanhola Digital Biz, com publicação autorizada pelo especialista.

O que exatamente é a quarta revolução industrial?

A 4ª revolução industrial traz a fusão do mundo digital, físico e virtual, e é a maior mudança estrutural dos últimos 250 anos. Em sua escala, escopo e complexidade, a transformação será diferente de tudo o que a humanidade já experimentou antes. A revolução está interrompendo todos os aspectos de nossas vidas, de nossa economia, em cada indústria e país. E, fundamentalmente, altera a forma de como vivemos, trabalhamos, consumimos, negociamos, investimos e como nos relacionamos uns com os outros.

Até agora, houve quatro revoluções industriais:

1. A 1ª revolução industrial começou na Grã-Bretanha no final do século XVIII, com a invenção da produção mecânica alimentada por água e vapor.
2. A 2ª revolução industrial começou nos Estados Unidos no século XIX, com o uso de eletricidade e produção em massa.
3. A 3ª revolução industrial começou nos EUA na segunda metade do século XX, com o aproveitamento da eletrônica e da tecnologia da informação para automatizar a produção.
4. Finalmente, a 4ª revolução industrial começou na Alemanha no início do século XXI, com a combinação dos mundos digital, físico e virtual no que é também chamado de sistemas ciber-físicos.

Este novo paradigma se casa com técnicas avançadas de produção e operações com tecnologias digitais inteligentes para criar uma empresa digital que não só será interconectada e autônoma, mas pode se comunicar, analisar e usar dados para impulsionar de forma mais inteligente ações de volta no mundo físico.

Ela representa a maneira pela qual tecnologias inteligentes e conectadas podem se tornar incorporadas dentro de organizações, pessoas e ativos, e é marcada pelo surgimento de recursos como robótica, análise, inteligência artificial e tecnologias cognitivas, nanotecnologia, computação quântica, wearables, Internet das Coisas, manufatura aditiva e materiais avançados.

“A 4ª revolução industrial altera todos os aspectos de nossas vidas, economia, como vivemos, consumimos, trabalhamos e nos relacionamos uns com os outros”, Henrik von Scheel.

Qual o impacto que a Indústria 4.0 tem no mundo de hoje?

Em primeiro lugar, a Indústria 4.0 vem em ondas. A quarta revolução industrial funciona como uma evolução que acontece em várias etapas. Cada onda desbloqueia a mudança de paradigma da próxima onda e assim por diante. Há certos requisitos tecnológicos que desbloqueiam e possibilitam novas tecnologias em estágios posteriores.

Atualmente, entramos na 2ª fase da 4ª revolução industrial, cuja principal característica é que ela muda radicalmente a indústria transformadora. Ela altera a maneira pela qual as empresas vão operar, bem como a relação entre fornecedores, clientes e outros terceiros. Haverá muito mais interações entre todas essas partes.

Uma das vantagens mais relevantes vão ser as quantidades de dados que estão sendo gerados e que podem ser usados para se adaptarem às mudanças rapidamente, ou até mesmo para antecipar essas mudanças. O ecossistema conectado que está sendo construído tem muitos benefícios e, com o proveito disso, vai gerar uma vantagem competitiva.

Existe alguma lacuna entre a Indústria 4.0 em países desenvolvidos e países em desenvolvimento?

Isto é como comparar maçãs e peras. Enfim, se você realmente quer comparar maçãs e peras, então a resposta é “sim”. Mas a realidade é diferente. Tanto o G7, o G20 e os países em desenvolvimento têm níveis de maturidade completamente diferentes, e diferentes motoristas para a produtividade do crescimento e competitividade. Em essência, a peça central da Indústria 4.0 são realmente as pessoas, não a tecnologia. Desde que o primeiro homem das cavernas deu forma a uma pedra, a humanidade definiu-se pela habilidade de equipar-se com as ferramentas para controlar seu ambiente. A Indústria 4.0 não será diferente.

Quando comparado com as revoluções industriais anteriores, a 3ª e a 4ª revolução evoluíram a uma taxa exponencial em vez de um ritmo linear. Quando as tendências colidem, as rupturas acontecem rapidamente. Na verdade, tão rápido, que as placas tectônicas de produtividade e crescimento estão mudando a uma velocidade que remodela o cenário competitivo e social, e redefine os limites da prosperidade, comércio e valores.

Qual é o principal condutor para as empresas adotarem a Indústria 4.0?

Na verdade, cada setor tem condutores diferentes, mas, no entanto, todos eles têm os seguintes três estágios comuns de adoção:

1. Aumente a excelência operacional (fase 1): todas as organizações que desejam permanecer no negócio têm que executar e entregar. Assim, todos se concentram na excelência operacional, ou seja, produtividade, menor risco, qualidade, redução de custos, efetividade e eficiência. 70% de todas as organizações baseiam-se em atividades não essenciais como recursos humanos, finanças, aquisições etc. Esta é a área onde Indústria 4.0 permite níveis mais elevados de desempenho para permanecer relevante em termos de integração e automação através de internet das coisas, inteligência artificial, nuvem, análises avançadas etc.
2. Melhore o crescimento (fase 2): a essência do crescimento está em o que você é melhor do que seus concorrentes. Na maioria das organizações, as principais competências competitivas constituem cerca de 15% de uma organização. Esta é a área onde a Indústria 4.0 é aplicada em gestão de cadeia de abastecimento inteligente, produtos inteligentes, ecossistemas integrados (upstream/downstream), automação inteligente, contratos inteligentes (usando Blockchain) etc.
3. Aumentar a competitividade (fase 3): na idade atual do rompimento, é necessário repensar qual é a sua diferenciação principal. A diferenciação é o que você faz, todos os dias, através de atividades repetíveis para atender melhor aos seus clientes do que a concorrência. Esta é a verdadeira vantagem competitiva. Muitos falam sobre isso, mas poucos realmente fazem. Esta é uma disciplina rara e difícil de dominar. Demora meses para desenvolver e refinar, e constitui apenas 5% de uma organização. Mas esta é a área onde os pioneiros na adoção aplicam a Indústria 4.0 para desenvolver o próximo mercado, serviço, produto ou modelo de negócio, tais como bioinformática, nanotecnologia, ou tecnologia quantum para citar alguns.

Não estar adotando o paradigma da Indústria 4.0 já é um problema para as empresas?

Sim, é. Se você não está adotando as mudanças, ele basicamente interrompe suas operações, modelo de negócios, parcerias e sua capacidade de permanecer relevante. Uma das principais mudanças enfrentadas durante a adoção da Indústria 4.0 é suprir a lacuna entre estratégia, design e entrega.

Talk Show no Expo Digitalks 2019

A edição comemorativa de 10 anos do Expo Fórum Digitalks vai trazer muito conteúdo inovador e importante para o mundo dos negócios e da transformação digital. Um dos palcos do evento terá a presença de Martha Gabriel e Henrik von Scheel. Os dois especialistas em inovação vão participar de um talk show que trará mais informações para quem está interessado em um dos temas mais impactantes da atualidade: a Indústria 4.0.

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MasterClass exclusivo no Brasil

Para executivos que querem e precisam entender como implementar a Indústria 4.0 em suas corporações, Von Scheel estará pela primeira vez no Brasil realizando sua masterclass até então apresentada a executivos europeus e americanos.

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