Segunda-feira, 30 de setembro de 2019
A 4ª Revolução Industrial está em pleno percurso e transformando de forma exponencial a maneira de como compramos, interagimos, trabalhamos etc. Com essas mudanças, principalmente nas pessoas, o modo de liderar uma equipe e atender clientes está diferente e já é chamada de Gestão 4.0. Para entender mais sobre este estilo, o Digitalks conversou com um professor de estratégias nos negócios e dois empreendedores especialistas em Gestão 4.0.
Dentro deste cenário, com o mercado competitivo, as organizações necessitam diferenciar-se da concorrência e atender de forma eficaz e eficiente as necessidades dos clientes. Entretanto, a diferenciação não ocorre somente na entrega de produtos e serviços, mas sim em todas as atividades e processos da organização.
“Nessa perspectiva, a Gestão 4.0 pode ser considerada como um estilo de administração que permite que as organizações estabeleçam uma relação mais estreita e sustentável com os seus clientes, interagindo de forma mais eficiente às demandas dos clientes e as suas expectativas”, afirmou Julio Araujo, professor da HSM University.
A Gestão 4.0 está atrelada a uma forma de administração mais flexível, interativa e humana. As soft skills como empatia, criatividade e pensamento crítico são habilidades necessárias para o estilo de gerenciamento. Compreender a cultura e valores da organização, além de associar a Gestão 4.0 de maneira clara com os resultados que possam ser alcançados e claramente evidenciados, também são funções do gestor 4.0.
O modelo de gestão substitui a velha premissa de hierarquias, processos e rotinas que geram uma linha de montagem para produtos em série. Como o consumidor mudou, já não faz mais sentido entregas que não sejam únicas e personalizadas. Na produção, para chegar nesse nível de exigência, os colaboradores devem contribuir com suas próprias habilidades para a construção de soluções. Dessa forma, o líder fica com o papel de extrair o máximo dessas skills e gerenciar um ambiente produtivo e eficiente.
A Gestão 4.0 envolve a necessidade de compreender a importância do modelo para a organização e desenvolvimento do próprio gestor, e também de uma leitura clara a respeito da percepção dos valores organizacionais, segundo Araújo.
“A partir da compreensão de que é possível planejar o processo de transformação, que significa gerir expectativas ao mesmo tempo em que o gestor promove uma mudança evidenciando os resultados do próprio processo”, completou o professor da pós-graduação Gestão Estratégica de Negócios.
Além disso, o gestor precisa, antes de tudo, estar disposto a estudar, modificar a mentalidade como líder e reaprender métodos de gestão. “Estar aberto a ter menos controle sobre tudo, saber delegar e confiar na capacidade da sua equipe, ao ponto inclusive de um dia se tornar dispensável para operação do negócio”, revelou Tallis Gomes, CEO e fundador da Singu e autor do best-seller Nada Easy.
O fundador da Easy Taxi apontou que delegando funções para a equipe, o gestor 4.0 pode pensar em coisas mais importantes como “maneiras de matar o seu próprio negócio”, filosofia do Jeff Bezos, fundador da Amazon, que reforça a ideia de inovar no mercado é necessário estar constantemente pensando em qual será o próximo produto que irá matar o seu negócio.
“Assim, o gestor 4.0 irá de fato levar sua empresa para o próximo patamar e garantir a perpetuidade do seu negócio. De forma simples e objetiva, deve ter disposição para realizar mudanças drásticas em sua empresa, estudar diversos conteúdos inovadores e tomar decisões arriscadas”, contou Gomes.
Para Bruno Nardon, fundador da Rappi Brasil e um dos sócios do curso Gestão 4.0, junto com Tallis Gomes, o processo do novo líder está em saber trabalhar com pessoas. “O segredo é contratar as pessoas certas, com capacidade analítica e pensamento lógico, entender o que é capaz com elas e alinhar as expectativas”, contou Nardon.
Na sociedade, a gestão de competências envolve a gestão de times. Para Julio Araujo, a liderança vai muito além da percepção de um estilo pessoal de gestão, mas há uma percepção estratégica dessa competência para a promoção de sinergia entre times e alinhamento das diversas expectativas pessoais em relação às expectativas organizacionais.
Para Tallis Gomes, nesta função de liderança, cabe o gestor 4.0 mais do que gerenciar o time, mas alinhar metas e incentivar os membros. “É preciso criar um negócio no qual os colaboradores tomem como propósito de suas vidas o mesmo propósito do seu negócio. Na física, chamamos isso de alinhamento de vetores. Este novo modelo de liderança existe para que haja esse alinhamento”, declarou Gomes.
O empreendedor e investidor, Bruno Nardon, revelou que o papel do líder agora está em conduzir da melhor forma o procedimento: pessoas, processos e sistemas. “Contratar pessoas certas, ensinar elas a se comunicarem, ensinar as metodologias e depois criar sistemas e testá-los”, afirmou.
Nardon também concluiu que o bom líder tem a capacidade de se tornar dispensável no negócio. “Empoderar as pessoas porque o dono acaba se afastando quando o negócio cresce. O negócio só evolui quando as pessoas também têm a capacidade de analisar e comandar”, apontou.
Para o professor da HSM University, a Gestão 4.0 está diretamente relacionada à necessidade de uma mudança cultural importante em relação ao modelo tradicional de gestão organizacional.
“Isso não se resume simplesmente a uma percepção à seleção de ferramentas de gestão e a sua viabilidade, e sim às novas relações de mercado e a necessidade de ferramentas, técnicas, recursos e competências necessárias para que o gestor possa desenvolver qualitativamente as suas atividades nesse novo cenário desafiador”, completou Araújo.
Para Tallis Gomes, os conceitos da Gestão 4.0 foram essenciais para levar a Easy Taxi do Brasil para mais de 35 países e quatro continentes. “A forma rápida de lançamento de produtos novos no mercado e gerir uma equipe de alta performance são alguns exemplos práticos”, contou Gomes.
Portanto, o estilo 4.0 de administração também foi importante para o sucesso da Rappi Brasil. A unicórnio brasileira saiu do zero e atingiu mais de 20 milhões de pedidos por mês em três anos. “É preciso compreender que a tecnologia veio para ficar e que empresas são feitas de pessoas”, afirmou Nardon.
*Gabriel Dias é jornalista formado no Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. Analista de Comunicação no Digitalks, Gabriel também tem experiência nas áreas de jornalismo político. Trabalhou em agências de comunicação e na Câmara dos Deputados. Gosta de produzir conteúdos digitais e foca no Marketing Digital.
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