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Live Content: por que essa é a aposta de 2017?

* Por Bianca Borges e Gabriela Manzini

 

Em 2016, publicamos na Revista Digitalks, uma matéria de capa que mostrava porque o vídeo online era o futuro do Content Marketing. “No ano que vem, estima-se que os vídeos digitais representarão em torno de 69% de todo o tráfego da internet por parte dos consumidores”, escrevemos, citando a pesquisa da Cisco Visual Networking Index 2015-2020.

Já em 2017, em todas as nossas pesquisas e atividades voltadas à trend hunting para o Marketing neste ano, as palavras “Live Content” ou “Live Streaming” apareceram  de alguma forma no topo dos rankings. Especialmente quando relacionados com estratégias de Social Media – aliás, outra grande aposta do ano, segundo especialistas internacionais.

Se você tem acompanhado o crescimento dos vídeos online, a popularidade das Lives não deveria vir como uma surpresa e sim como um caminho natural de tal formato de conteúdo. O que assusta são os números.

No último trimestre de 2016, o Buzzfeed “quebrou a internet” com uma simples contagem para as eleições, vista mais de 55 milhões de vezes (até o fechamento desta matéria). Já o YouTube detém mais de um bilhão de usuários em sua plataforma, quase um terço de todas as pessoas que navegam na internet. Muita gente, não?

Praticamente todas as redes sociais mais populares, com exceção do Pinterest, vêm apostando em formatos de conteúdo ao vivo, sendo o Facebook um dos que mais têm se destacado. A rede social lançou oficialmente sua Live 360 e Live Audio em dezembro, mostrando suas intenções de reforçar o conteúdo ao vivo.

 

Uma LIVE vale mais que mil palavras

É verdade que os millenials têm ajudado o formato a se tornar mais popular. Mas a verdade é que o streaming é uma experiência social, e “é aí que está seu grande potencial”, segundo descreve o especialista em Social Marketing e CMO da Brand Innovators, Ted Rubin.

Existe algo sobre o storytelling visual das Lives que traz autenticidade para o conteúdo. Não é à toa que o streaming de vídeo e o conteúdo ao vivo estão se tornando a ferramenta preferida de influência, marketing e conectividade das marcas norte-americanas. “Marcas que têm uma persona autêntica, embasada, encontrarão no Live video uma forma fácil de atender às suas atuais estratégias de conteúdo, e que não é cara”, revela Rubin.

O Brasil é tradicionalmente conhecido por seu caráter sociável – também não é à toa que temos mais de 110 milhões de pessoas ativas mensalmente no Facebook, a rede social mais popular por aqui, e 104 milhões via dispositivos móveis (dados oficiais de novembro/2016). Faz sentido que as Lives estejam crescendo tanto entre os usuários brasileiros.

Para entender como empresas e profissionais que já atuam com tal estratégia estão vendo esse movimento, fomos conversar com alguns criativos, executivos e especialistas do mercado. A resposta para a pergunta do título desta matéria (e mais alguns insights) você encontra nos depoimentos abaixo.

 

Fábio Urbanas, diretor de mídia da AlmapBBDO

“Um dos melhores exemplos que temos é o case da Volkswagen no Salão do Automóvel de São Paulo [novembro/2016], quando transmitimos ao vivo pelo Facebook um conteúdo para divulgar, de dentro do stand da montadora, as novidades de seu portfólio, modelos-conceito, novas tecnologias e até um test drive com o piloto Rubens Barrichelo no comando do Golf TSI, levando o apresentador Bruno de Luca de carona. Uma marca que traz acesso ao evento de uma forma democrática como esta cria, no mínimo, uma maior conexão com os consumidores. 

Com certeza é uma grande tendência para este ano, pois, assim como outras tecnologias como a Virtual Reality, que vem sendo usado para proporcionar experiências virtuais de consumidores com produtos sem que necessite se locomover para uma loja física, a Live provavelmente será utilizado como um canal de relacionamento das marcas com seus consumidores ao trazer acesso a conteúdos ao vivo que são relevantes e com alto nível de engajamento e interatividade.”

 

Gaetano Gael, CEO da Gael. [agência de Live Marketing da AlmapBBDO]

“Além do DMX [Digital Music Experience, plataforma de debates, premiação e concurso de novos talentos da música 100% streaming] temos apresentado diversas ideias para nossos clientes com entregas em live streaming. Creio que no biênio 2017/2018 utilizaremos muito essa solução como ferramenta de comunicação. Cada vez mais as pessoas consomem conteúdo pelo celular e querem poder ver algo inédito e ao vivo. Essa é uma tendência de consumo, e as marcas precisam se adaptar a essa realidade.”

 

Denis Gustavo Alves, diretor de Integração Digital da Leo Burnett Tailor Made

“Cada formato funciona melhor para um tipo de conteúdo e para conseguir um resultado específico. Não adianta fazer Live só por fazer, só porque é novidade ou por ser uma aposta. Precisa existir um propósito para justificar uma transmissão ao vivo. É algo que realmente vale ser mostrado em tempo real? É o melhor formato para passar a mensagem que eu quero? As pessoas vão se interessar por isso? O público que eu preciso atingir vai ter interesse em assistir?

A Live veio em 2016 como uma grande novidade, era o momento de testar, aprofundar, entender e mensurar. Agora é realmente o momento de usá-la para aprimorar a estratégia das marcas e atingir objetivos. O desafio de 2017 é fazer Lives que entreguem ótimos resultados.”

 

Almir Rizzatto, diretor da RZT Comunicação, professor e especialista em Marketing Digital

O importante é que as Lives tenham conteúdo relevante, sejam de caráter informativo ou de entretenimento. Só com isso o público, que navega de forma ágil e dinâmica nas redes sociais, vai parar para assistir a uma transmissão.

Quando se tratar de conteúdo mais informativo, a marca, seja uma empresa ou profissional liberal que queira fortalecer sua imagem, deve sempre pensar também nas dores, nos dilemas de seus clientes. Por isso, é muito eficaz a estratégia de fazer posts ou enquetes perguntando quais assuntos as pessoas gostariam que fossem abordados nas próximas Lives. É preciso aproveitar ao máximo esse canal direto e tão íntimo que as redes proporcionam com os clientes e ouvir atentamente o que eles desejam.”

 

Kadu Potinatti, CEO da VideoClick

“Trabalhamos com lives há 5 anos. Hoje, 70% de nossa produção é em Live. Com certeza essa é uma forte aposta para 2017 em estratégias de Comunicação e Marketing. Cada dia mais as postagens são instantâneas e recebemos a resposta no ato do cliente. Fazer um Live, onde você possa mostrar seu produto e ao mesmo tempo conversar com ele ao vivo é muito importante para validação.”

 

Flávio Mizukawa, especialista em Streaming e Media Analytics da Exceda

“Acreditamos que o streaming ao vivo será impulsionado não apenas pelo crescimento da popularidade dos serviços de streaming, mas também pelo crescimento de usuários conectados, que evolui de forma muito rápida e com conexões cada vez melhores em qualquer dispositivo.”

 

Leandro Gonçalves, gerente de Produtos da Netpoint

“As transmissões ao vivo serão sempre uma boa ideia para quem quer ter o feedback da audiência em tempo real e vemos que cada vez mais marcas querem usar essa ferramenta. As marcas que ainda não oferecem esse tipo de formato na sua comunicação digital estão perdendo uma ótima ferramenta para engajar o seu público, mas não dá para dizer que estão atrasadas. Acreditamos que, neste ano, as transmissões ao vivo direcionadas ao consumidor final será mais popularizada, em especial por causa da ênfase que o Facebook está dando para a ferramenta.

Mas tão importante quanto fazer transmissões ao vivo é fazer direito a sua transmissão ao vivo. É fundamental que as marcas se apoiem em empresas profissionais para realizar as suas produções ao vivo e fujam de soluções amadoras – para o público é aceitável que uma pessoa comum transmita pelo celular ao vivo, mas não é aceitável que a mesma produção seja utilizada por uma marca.”

 

Gabriela Platinetty, diretora de Marketing do Grupo Netshoes

“Somos pioneiros em atendimento via redes sociais e uma das marcas de varejo com mais seguidores do mundo – mais de 10 milhões (fonte: Social Bakers). A Netshoes tem uma cultura forte em Marketing de Conteúdo e a Zattini já nasceu com esse mindset, mas nos modelos que o mercado de moda exige – e, em nosso caso, mostrando as facilidades e a comodidade de comprar online, além da escolha da embaixadora Giovanna Antonelli. Nesse cenário, [por exemplo], utilizamos ações em real time para compor nossa estratégia de Marketing, inclusive para mostrar os bastidores da companhia, por meio do Instagram Stories. Mostrar esse lado da empresa humaniza e temos uma boa repercussão de postagens com esse tema.

O primeiro passo é identificar o público-alvo a ser alcançado. A partir disso, planejar os conteúdos de forma clara, sem esquecer quais os propósitos de engajar com esses ou aqueles perfis. É importante estudar o formato, o roteiro e o escopo de interações almejados, tentando se colocar no lugar do internauta, imaginando como ele irá receber e qual o sentimento gerado pela informação transmitida. Por fim, é interessante elaborar conteúdos inteligentes e inovadores, pois estamos vendo cada vez mais vídeos ao vivo nas plataformas. Com um possível boom desse tipo de conteúdo, para se destacar, será preciso antecipar as tendências de mercado.”

 

* Bianca Borges é jornalista formada pela Universidade Anhembi Morumbi, trabalhou na Investe São Paulo com assessoria de imprensa e, hoje, atua na equipe de Conteúdo do Digitalks.

 

*Gabriela Manzini é jornalista, trabalha com comunicação há nove anos e é especialista em Comunicação Corporativa. Atua hoje com comunicação estratégica, marketing digital e marketing de conteúdo. Em suas passagens por agências de comunicação e marketing, atendeu clientes como Microsoft, Philco, Wacom Brasil, Toshiba Brasil, Citibank, Credicard Hall, Omron, Internacional Shopping Guarulhos, e os cantores Fábio Jr. e Paula Lima. Na área corporativa, trabalhou no departamento de marketing da Shoestock e é a atual gerente de Conteúdo do Digitalks.

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