Quarta-feira, 04 de setembro de 2019
O Brasil possui uma população muito criativa e capaz de fazer as coisas acontecerem, mas não utiliza a transformação digital como a alavanca de crescimento para o país. Já a falta de ajuda, incentivo governamental e clareza de estratégia a respeito da direção na qual o setor digital deveria seguir dificultam a evolução do mercado digital brasileiro e, por isso, devemos ainda discutir os rumos da transformação digital no Brasil.
“Nações à frente de nós tem clareza dos setores que elas vão liderar em tecnologia. Por exemplo, vivemos num país que tem o agronegócio como seu principal produto de exportação, onde 30% da economia brasileira está presente, portanto, este poderia ser um setor estratégico e de incentivo para startups desenvolverem novas tecnologias na área” – Adelson de Souza, presidente da IT Mídia.
A conclusão acima veio a partir do Talk Show comandado pelo jornalista da Record News, Heródoto Barbeiro, com os executivos Adelson de Souza, presidente da IT Mídia, e Sergio Alexandre, sócio da PWC, durante o último Expo Fórum Digitalks 2019, que ocorreu nos dias 28 e 29 de agosto, no Transamérica, em São Paulo.
Barbeiro iniciou a discussão refletindo sobre toda a inovação tecnológica presente no mercado e como ele trabalha atualmente com multiplataformas: suas tarefas incluem desde filmar cinco lives por dia, gravar um podcast e apresentar o jornal na televisão, até responder a dúvidas e comentários nas redes sociais sobre as principais matérias.
Depois de convidar para o palco os profissionais Adelson de Souza, presidente da IT Mídia, e Sergio Alexandre, sócio da PWC, questionou sobre o tamanho do “gap” existente entre o nosso país em relação ao resto do mundo quando o assunto é a tecnologia dentro do mercado digital.
Souza mencionou sobre os quatro pilares em comum entre as estratégias dos países que estão “vencendo” no que diz respeito ao meio tecnológico e digital, afirmando que o Brasil possui certo desenvolvimento em determinados quesitos, mas que ainda temos um caminho longo a ser traçado. São eles:
“A educação deveria vir desde o início, desde o nível mais básico. Por exemplo, o sistema de ensino canadense inclui aulas de robótica para alunos de oito a 10 anos, complementando o aprendizado do carrinho e da boneca convencionais. Esse incentivo à educação fazendo com que a população perceba a revolução e todas as mudanças tecnológicas é o que faz a diferença em uma nação posteriormente”, complementou Sergio Alexandre, sócio da PwC.
Ao longo da conversa, os profissionais refletiram sobre como todas as pessoas presentes no meio da tecnologia precisam ser protagonistas de seu meio, levando informação e o despertar à população sobre o fato de existirem inúmeras oportunidades para transformar sua vida na economia digital.
Existem mais de 500 mil vagas de emprego relacionadas ao setor de tecnologia e poucas pessoas capacitadas para exercê-las; a oportunidade é gigante e a ameaça é enorme. A informação pode chegar desde a educação gratuita presente na internet até educações mais longas envolvendo certificações profissionais e mesmo dentro de determinadas empresas.
Sergio Alexandre refletiu justamente sobre a importância de uma empresa treinar seus funcionários ao invés de simplesmente buscar por profissionais novos e qualificados dentro do mercado.
“Dando um exemplo próprio, nós decidimos treinar as pessoas em seus determinados gaps. Ao dotar seus funcionários de conhecimento, você não mexe em sua cultura organizacional e os capacita a exercer a função que a empresa necessita. Hoje, nos Estados Unidos, já treinamos quase 55 mil pessoas e até março de 2020 no Brasil serão mais de 5 mil profissionais preparados”, completou.
Ainda que existam um milhão de jovens na universidade cursando algo dentro da área de exatas, apenas 150 mil estudam em cursos diretamente ligados ao meio digital e ao mundo da tecnologia; existem infinitas possibilidades a serem exploradas.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Sergio Alexandre alertou sobre a importância de fazer uma digitalização preocupada com o indivíduo que será impactado por toda a transformação digital, trabalhando de maneira a fazer as pessoas se desenvolverem e garantindo que seu treinamento seja efetuado corretamente.
Adelson de Souza completou afirmando que existe a oportunidade de empreender da maneira mais tradicional, criando empresas relevantes, ou empreender a si mesmo, dentro de um assunto que cada indivíduo domina e que possa ser compartilhado em forma de conteúdo a ser divulgado para diversas outras pessoas. Um exemplo dado foi o do artista KondZilla, produtor e empresário de origem humilde que atualmente está entre um dos maiores canais mundiais no YouTube com mais de 50 mil seguidores.
“Já é muito comum vermos diversas pessoas que complementam sua renda através de plataformas de entrega e serviços como Rappi, iFood e Uber, o que é ótimo, mas precisamos de mais plataformas. É preciso empreender. Temos que viver cada vez mais dentro de um ecossistema de inovação e desenvolvimento”, afirmou o presidente da IT Mídia.
É importante levar em consideração que a forma de trabalhar também mudou: o trabalho em equipe, o compartilhamento cada vez maior sobre o ser criativo, a busca pela excelência e experiência para o seu cliente eram fatores pouco discutidos no que diz respeito ao ponto de vista da formação. Atualmente, para ser um profissional bem-sucedido, você precisa compor esse leque.
Estamos saindo da sociedade da informação e migrando para a sociedade da criatividade, e a economia do futuro é aquela onde o indivíduo está no centro. A tecnologia existe para ajudar e contribuir; precisamos de um novo mindset dentro das lideranças para que se preocupem cada vez mais com esses indivíduos e seus respectivos ambientes, porque aqueles que atuam sobre a perspectiva de experiência estão muitos passos à frente de seus concorrentes.
“Existe uma grande onda em nosso caminho e nós podemos definir se a encaramos como um tsunami ou se vamos ser capazes de surfar. É por isso que precisamos divulgar informações, conscientizar ao próximo e ajudar as pessoas a encontrarem caminhos para que possam cada vez mais se educarem”, revelou Adelson de Souza.
Da mesma forma que criaram o fogo, a roda e a energia, diariamente criam-se coisas para nos tirar da nossa zona de conforto. Tem muita coisa que ainda vai nos transformar; basta estar atento e adaptar-se a cada uma delas da melhor maneira possível.
*Carolina Picasso é uma aluna de Publicidade e Propaganda na Faculdade Cásper Libero apaixonada pelo poder das palavras. Tem experiência na área Social Media e atualmente gerencia o Marketing e comunicação na Subway Vila Romana.
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