Terça-feira, 24 de abril de 2018
Em um mundo onde a qualidade do conteúdo cada vez mais ganha importância, a publicidade tem o desafio de se tornar menos invasiva e estabelecer uma verdadeira conexão com o consumidor. Para atingir esse objetivo, muitas empresas estão investindo em ações publicitárias com influenciadores digitais, já que, esses profissionais têm alta capacidade de transmitir conteúdos com credibilidade e influenciar a decisão de compra do cliente.
A pesquisa “How effective are influencers in driving sales”, divulgada no ano passado pela Geometry e Gen Video, comprovou o fato. Segundo os dados apurados, esses produtores de conteúdo digital, em 2013, tinham apenas 9% de poder para influenciar a decisão de compra do consumidor, porém essa porcentagem mais que triplicou em 2017, totalizando 33%.
Aqui no Brasil, o marketing de influência e a parceria entre marcas e influencers estão em ascensão, tanto é que, no ano passado, a ABRADi desenvolveu o “Código de Conduta para as Agências Digitais na Contratação de Influenciadores” com o intuito de orientar as empresas brasileiras sobre questões que envolvem ética e comportamento empresarial.
Para entender um pouco mais sobre esse mercado de influenciadores digitais, o Digitalks conversou com Ariel Alexandre, co-fundador da plataforma Celebryts, que conecta pequenas, médias e grandes empresas com produtores de conteúdo digital. Leia a entrevista completa abaixo!
Ariel Alexandre – O fato é que são pessoas que alcançam outras pessoas e isso gera um impacto muito grande, principalmente, para uma mídia digital. [Mais um ponto que precisa ser citado] com a evolução do consumo em geral, se você faz uma mídia programática, você tem um resultado bom, mas a mídia programática tem sido cada vez mais cara. Os influenciadores são uma alternativa muito boa nesse caso também. Quando grandes marcas pelo mundo começam a usar influenciadores para fazer suas campanhas e começam a ter um resultado muito interessante, até mesmo melhor que programática, isso acaba meio que proliferando. As pessoas começam a compartilhar esses cases e, consequentemente, todo mundo começa a se movimentar.
[A mudança de comportamento é outro fator a ser mencionado] O fato dos filhos de um diretor de agência, ou até mesmo o próprio diretor, consumir conteúdo de outras pessoas, passar muito mais tempo utilizando o celular e as redes sociais ao invés de assistir televisão, ler uma revista ou um jornal, impacta muito [a transformação na divulgação das campanhas publicitárias].
Cito ainda algumas vantagens de se trabalhar com influenciadores e contratempos a serem evitados:
Primeiro que o influenciador não é mídia programática, ou seja, ele não é uma empresa que fala de outra, é uma pessoa que fala de uma empresa. Sabe aquela coisa dos amigos que indicam coisas e têm mais credibilidade? Você acaba tomando a decisão porque um amigo seu comprou e gostou. Então, com os influenciadores, é muito similar.
Os influencers são muito próximos da sua audiência, diferentemente, de grandes artistas e astros de TV. Essa empatia e conexão entre eles faz com que você consiga acreditar bastante no que eles falam e, obviamente, faz com que eles tenham cuidado com o que dizem também. Quando o influenciador fala para a sua audiência alguma coisa que realmente ele gosta e que consequentemente é uma campanha, faz com que você venda muito mais, que você tenha muito mais interação e que seja muito mais conhecido.
Hoje, o problema do mercado é quando as empresas se baseiam em quantidade de seguidores ou inscritos. Esse número como métrica é um problema porque as pessoas acreditam nessa métrica e ela cai por terra quando você faz uma campanha de verdade. Por isso, pela Celebryts e pela nossa plataforma , a gente não trabalha com seguidores como métrica. A gente utiliza uma métrica de engajamento que chamamos de AEN (Avarage Engaged Month). Essa métrica faz com que a gente entenda qual vai ser o resultado no Instagram, ou se for para o Youtube utilizamos a AVM (Avarage Views Month), que permite prever a quantidade de views que eu vou ter em um vídeo. Dessa forma, a expectativa fica dentro do esperado.
[Ariel ressaltou ainda que é preciso ter uma estratégia bem elaborada e pesquisar muito para entender qual o melhor influenciador para a sua marca ou empresa]
Quando você clica no botão “Impulsionar Publicação do Facebook”, por exemplo, na grande maioria das vezes ( 90 a 95%), o resultado daquilo é horroroso, isso porque você só clicou em um botão. E ai quando você faz isso, não pode falar que o Facebook é ruim, que a mídia programática é ruim. A mesma coisa se você fizer uma campanha no Google Adwords, você não vai poder falar nada porque você não se baseou em muitos estudos, não teve muito trabalho para elaborar a campanha. As pessoas que fazem diretamente suas campanhas com influenciadores têm esse mesmo problema porque é a mesma coisa que o clique no botão impulsionar. Você não pode falar que fazer campanhas com influenciadores são ruins porque você fez da maneira mais simples e mais mal feita. Se eu pegar o Facebook Ads e for pelo sistema de anúncios da plataforma, por exemplo, o resultado vai ser muito melhor que impulsionar uma publicação. E se você pegar um influenciador e não pesquisar sobre o que ele fala, quem é o público-alvo dele, se ele realmente tem o perfil do seu produto, você também vai estar fazendo da maneira errada.
AA – O pior erro do mercado é achar que gastar menos com influenciador vai dar resultado. Se você gasta menos com mídia programática você não tem resultado. Se colocar R$100,00 no Facebook Ads, também não. Então, é necessário dedicar uma verba para fazer uma campanha decente com influenciadores.
O micro influenciador não é sinônimo de ser mais barato. Se você pegar um micro influenciador baseado nos inscritos, fizer uma campanha com ele e não utilizar a métrica principal, que é a métrica de engajamento ou view estimada, a sua campanha será um fracasso.
Por isso que o micro ou o macro influenciador em geral podem fazer sentido para a sua empresa dependendo da situação e das pessoas que você quer impactar. O que as empresas precisam ter em mente é não escolher o micro influenciador só porque vão pagar mais barato, e sim porque com o micro influencer vão conseguir segmentar suas campanhas ainda mais. Então esse tem que ser o mindset, evite pensar só no valor que você vai gastar ou economizar contratando um micro ou um macro influenciador.
AA – O mercado está amadurecendo muito. A gente viu um amadurecimento da parte dos novos influenciadores que estão surgindo e até mesmo dos antigos. A gente está vendo um amadurecimento até de compromissos, de respostas, de valores que fazem sentido e de preocupação com resultados. Hoje, nós temos influenciadores que perguntam qual o KPI do cara, qual o objetivo dele, se é clique, se é visualização e etc.
A gente lida com muitos influenciadores anualmente e eles sabem da importância e do profissionalismo que as plataformas [como a Celebryts] têm em geral. Quando você tem uma plataforma para fazer negociação, a marca tem muito mais segurança porque basicamente a gente acaba se tornando um marketplace.
Eu acredito no amadurecimento de marketplaces para influenciadores. Isso porque as plataformas têm um papel muito importante nessa área, elas têm a inteligência no assunto e são capazes de oferecer boas estratégias. Além disso, a gente acredita muito no poder do influenciador, analisando os resultados que a gente tem tido e não baseado no que nós achamos que é.
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