terça-feira, 13 de junho de 2017
O mercado global de mídia e entretenimento deve gerar US$ 2,23 trilhões em 2021, com um crescimento anual de 4,2% ao ano (taxa composta de crescimento) – é o que mostra a pesquisa Global entertainment and media outlook 2017-2021, da PwC. O levantamento, que está em sua 18ª edição, analisou 17 segmentos do setor em 54 países, o que representa cerca de 80% da população mundial. No Brasil, o faturamento do setor de mídia e entretenimento deve chegar a US$ 43,7 bilhões em 2021.
As projeções sofreram uma redução em relação à edição anterior da pesquisa, no Brasil e no mundo. Em 2016, esperava-se que o mercado brasileiro crescesse a taxa média anual de 6,4%. Este ano, a expectativa é que o faturamento do setor aumente 4,6% ao ano no país até 2021. No mundo, também houve um recuo em relação às estimativas para o resultado projetado para os próximos anos. Globalmente, o mercado de mídia e entretenimento deve crescer 4,2% ao ano até 2021, um índice menor do que os 4,4% anuais previstos na edição anterior do estudo.
Instabilidades geopolíticas e econômicas em vários países são alguns dos motivos que explicam a redução das expectativas mundiais de crescimento do setor. No Brasil, a desvalorização do real em relação ao dólar também contribui para esse cenário. Mas, mesmo diante dessas dificuldades, o Brasil continua ocupando a 9ª posição no mercado global. Os Estados Unidos seguem em primeiro lugar, seguidos pela China, Japão, Alemanha e Reino Unido. Os mercados emergentes, formados por países como a China, Índia, Rússia e Turquia, devem liderar a expansão mundial do setor, com uma taxa de crescimento anual média de 8,3%. Globalmente, os segmentos de streaming de música e publicidade na internet ocupam as primeiras posições no ranking global, com aumento de faturamento de, respectivamente, 20,7%, e 18,5% até 2021. No ano passado, pela primeira vez o setor de música digital obteve uma receita maior do que a de música gravada fisicamente, atingindo US$ 8,5 bilhões.
Em 2016, o mercado de mídia e entretenimento movimentou US$ 35 bilhões no país, US$ 3 bilhões a menos do que havia sido estimado na última edição do estudo, em função da retração econômica. Entre os segmentos mais afetados no ano passado estão TV por assinatura, revista, livro, jornal e rádio. Esses setores também são impactados pela transformação digital no Brasil, em que o maior acesso à internet e levam o usuário a utilizar novas mídias e buscar novas experiências online de consumo.
O crescimento da banda larga móvel e mudanças de comportamento do consumidor têm beneficiado outros setores. Nessa 18ª edição da pesquisa sobre mídia e entretenimento da PwC, alguns dos principais segmentos que se destacam nas projeções para 2021 são o de games (crescimento previsto de 17% ao ano), publicidade na internet (12% ao ano) e vídeos na internet (9% ao ano).
No país, o consumo de dados em dispositivos móveis deve crescer 28% ao ano nos próximos cinco anos, passando de 7 trilhões de MB em 2016 para 24 trilhões de MB em 2021 – 77% da utilização de dados deverá ser direcionada para vídeos online. Nos próximos cinco anos, 177 milhões de pessoas deverão ser assinantes de internet móvel no país. Também é esperado um aumento da penetração da internet da alta velocidade, que deverá aumentar de 14% em 2016 para 48% em 2021. O total de consumo de dados no país ultrapassará a marca de 42 trilhões de MB nos próximos cinco anos, o que representa um crescimento de 23% até 2021.
“Esse cenário deverá impulsionar o crescimento das plataformas digitais, com reflexos positivos nos mercados de games, música e publicidade na internet”, revela Estela Vieira, sócia da PWC Brasil. Em 2021, os gastos com streaming de música deverão ser dez vezes maiores em relação aqueles com a mídia física. O consumidor, no entanto, continuará comprando ingressos para shows ao vivo, segmento que deverá crescer a uma taxa média anual de 5% no país até 2021 – o Brasil é líder no segmento de música na América Latina.
O país também se tornou um importante polo do mercado de games, com um crescimento estimado de 26% ao ano e uma receita projetada de US$ 712 milhões em 2021 – em 2016, o faturamento do setor foi de US$ 220 milhões. Outro mercado de destaque no Brasil em relação aos demais países da América Latina é o de TV por assinatura. A expectativa é que os gastos do consumidor com assinatura de canais de TV aumentem 2,4% ao ano até 2021. O faturamento do setor deverá passar de US$ 6,2 bilhões em 2016 para US$ 7 bilhões daqui a cinco anos – o Brasil representa, hoje, o maior mercado da América Latina no que se refere a gastos do consumidor com TV por assinatura. O segmento de vídeo na internet também continua em uma projeção ascendente – a estimativa é que o setor tenha um crescimento de 8,8% ao ano até 2021, quando deverá movimentar US$ 181 milhões.
Em relação à publicidade, os gastos totais com publicidade no país, online e off-line, chegaram a US$ 10 bilhões em 2016. Cerca de 80% desse montante foram destinados às mídias tradicionais. No Brasil, a TV aberta continua dominando a preferência dos anunciantes – o setor obteve uma receita de US$ 5,2 bilhões em 2016. Em 2021, deverá chegar a US$ 6,9 bilhões. Nos próximos cinco anos, o faturamento projetado do setor é de US$ 13 bilhões, com um crescimento de 5,5% ao ano até 2021.
Com a crescente demanda dos consumidores por novas mídias, a atenção dos anunciantes têm se voltado também para as plataformas digitais, embora os meios tradicionais continuem concentrando os investimentos. Os gastos com publicidade na internet devem crescer 11,9% ao ano até 2021, chegando a US$ 3,6 bilhões, em um crescimento de cerca de 175% em comparação a 2016. Nas mídias tradicionais, a expansão esperada é mais modesta, de 3,5% ao ano.
“O crescimento do acesso à internet e das mídias digitais são expressivos no Brasil, com tendência de expansão no futuro próximo”, afirma Estela. “Para conquistar um crescimento sustentável, no entanto, as empresas de mídia e entretenimento no país precisarão observar atentamente as novas demandas do usuário, além de utilizar estrategicamente a tecnologia e a análise de dados”.
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