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Pesquisas revelam que criadores de conteúdo pretos e pardos recebem menos que os brancos

Mesmo sendo uma economia nova, a creator economy já apresenta problemas do passado, como racismo e etnicismo.

 

Nos dois últimos anos, a Creator Economy exibiu crescimentos expressivos no que diz respeito a investimentos, e suas projeções para os próximos anos são animadoras. Mas, mesmo sendo considerada uma economia nova, infelizmente, ela já apresenta problemas do passado, e um deles é a disparidade de pagamento entre creators por gênero e grupo étnico.

Podemos materializar essa diferença por meio dos dados levantados pela pesquisa “Creators & Negócios 2022”, realizada em uma parceria da YOUPIX com a Brunch, na qual vemos que 11,1% dos creators brancos afirmaram ter uma renda acima de 20 mil reais, enquanto apenas 6,2% dos creators não-brancos possuem uma renda acima desse número. Não à toa, 60,5% dos creators que responderam a pesquisa não consideram o mercado de marketing de influência inclusivo. Ela também indicou que ainda há pouca inclusão étnica em alguns segmentos, principalmente em nichos mais técnicos.

Em comparação com a pesquisa realizada no ano passado, houve uma queda no percentual de creators que se auto identificaram como pretos, que em 2021, eram 27,3%, em 2022 são 16,9%. É importante citar que o número de criadores autodeclarados pardos foi de 13,7% e essa opção não estava presente na edição anterior da pesquisa. Dado que comprova que essa comunidade foi segmentada entre pretos e pardos.

“Da pesquisa “Creators & Negócios 2022” pudemos trazer um recorte positivo, a respeito da distribuição étnica, que é mais parecida com a proporcionalidade brasileira. Entendemos que a Creator Economy (apesar de ainda ter essas diferenças no cachê), é mais democrática que o mercado de trabalho formal ou que o empreendedorismo das ‘startups da Faria Lima’”, comenta Rafa Lotto, sócia e head de planejamento da YOUPIX.

Em 2020, a YOUPIX se uniu a um time de peso com a Black Influence, Site Mundo Negro, Squid e Sharpum para rodar a primeira pesquisa do Brasil a fazer um retrato do mercado preto de influência. Nela, creators pretos e pardos contaram que são mais contratados para falar sobre temas que abrangem racionalidade, principalmente com a chegada de efemérides como o “Dia da Consciência Negra”, o que, além de limitar seu conteúdo, também pode trazer gatilhos para eles, que dividiram que, quando ocorre um caso de racismo com grande notoriedade na mídia, eles são bombardeados com compartilhamentos nos seus perfis, e isso abre velhas feridas. É importante ressaltar que influenciadores não-brancos querem e podem falar de outros temas além de causas raciais e sociais.

O estudo Future of Creativity da Adobe de 2022 comparou ainda os ganhos de trabalho de creators por recortes raciais, e relatou que pessoas pretas têm a remuneração 21% menor – mais um triste dado que reforça a presença do racismo estrutural também nesta economia.

O que podemos fazer para melhorar esse cenário?

A resposta é simples: apoiar, incentivar e dar oportunidades aos creators e claro cobrar a presença de um elenco mais diverso nas campanhas das marcas. Programas de aceleração e profissionalização como o “Creators Boost” promovido pela YOUPIX, são uma ótima ferramenta para fomentar as mudanças que queremos no mercado de influência. Nesse mesmo movimento, este ano, o Google lançou um programa de capacitação para criadores de conteúdos negros, o “Black Creator Program”, por meio do qual 100 participantes tiveram a oportunidade de aprender mais a respeito desse mercado – este tipo de iniciativa é um passo importante para mitigar essa disparidade.

“Apesar de ser considerada uma nova economia, a Creator Economy não deixa de ser um reflexo da nossa sociedade, mas isso não pode ser uma desculpa. Temos que trabalhar cada dia mais para tornar esse mercado mais inclusivo, e a equidade de pagamento é um ponto de partida importantíssimo para isso acontecer”, afirma Rafa Lotto.

Vale salientar que, apesar de a Creator Economy ser um assunto relativamente novo, já vemos discussões e pesquisas sendo realizadas para entender e mapear os pontos que precisam ser melhorados, isso já mostra que há um reconhecimento da necessidade de mudanças. E mesmo com as suas problemáticas, o mercado de influência ainda é uma oportunidade de ascensão social para muitas pessoas, cabendo a nós estando dentro ou fora desse universo cumprir a função de torná-lo mais diverso e inclusivo.

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