Quarta-feira, 02 de dezembro de 2020
Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração Magazine Luiza e líder do Mulheres do Brasil, é uma das maiores referências em empreendedorismo no Brasil. Nesta terça (1), a empresária participou de um bate-papo com a CRO da RD Station, Juliana Tubino, durante o Hostel by RD Summit. Contando as histórias que refletem a sua essência, Luiza Trajano falou sobre as importantes mudanças implementadas durante a sua liderança no Magalu, o seu lado família, e também contou um pouco do seu trabalho frente ao Mulheres do Brasil, que começou com 50 integrantes e hoje reúne mais de 37 mil.
Quando perguntada por Juliana sobre, dentre todos os seus papéis como multiplicadora (empresária, criadora, mentora e investidora), qual ela avaliava desempenhar melhor, Luiza respondeu sem pestanejar: “o de avó!”, reforçando que sempre procurou conciliar sua carreira de sucesso com os laços com sua família.
Ao longo de pouco mais de meia hora de conversa, a empresária deu várias dicas inspiradoras e práticas a empreendedores, sobretudo para as micro e pequenas empresas. Selecionamos algumas delas a seguir.
“Sempre lutei para não perder a minha alma, os meus princípios e a minha essência”, disse. Luiza contou que o sonho de sua tia, fundadora do Magalu, era montar uma loja para gerar emprego para a família. Ao assumir, ela confidenciou que nunca geriu o Magazine Luiza para ser “o maior”, mas para gerar empregos e apoiar o ecossistema. “O dinheiro acabou sendo uma consequência disso”.
“É fácil fazer pouco com pouco, muito com muito… O difícil é fazer muito com pouco!”. A executiva afirmou que sempre controlou de perto o caixa do Magalu e que esse foi um dos maiores segredos para que a empresa enfrentasse os tempos mais desafiadores. “Se pudesse dar uma dica para os pequenos, seria abram a cabeça para pensar grande e ajam conforme o seu bolso. É melhor ser simples e estar formal”.
“As empresas precisam acabar com essa crença de que não têm dinheiro e que tudo é muito difícil”, disse Luiza Trajano. Para ela, para conseguir prosperar, é preciso deixar a perfeição de lado, permitir-se errar e procurar entender porque esses erros ocorreram. “Nunca tentei ser perfeita. Sempre procurei entender os erros e não repeti-los”, disse. Para ela, é a receita que permite que as empresas sempre estejam se renovando.
“Quando acertei mais? Quando fui formal, se não eu não teria chegado até onde cheguei”, disse a empresária, voltando ao tema do sonhar grande, mas com cautela. Para exemplificar, Luiza comentou que, durante a pandemia, a União disponibilizou dinheiro rapidamente para pequenas empresas, mas muitos não tinham o balanço do ano passado, os empregados não estavam registrados e a informalidade impediu o acesso ao capital. “Se tornem formais dentro daquilo que vocês podem. Vai ter muito crédito para pequenos empresários, mas precisa ser formal”, disse.
Além do controle do caixa do Magalu, Luiza afirmou que uma das áreas que ela mais se dedicava no dia a dia da varejista era o atendimento ao cliente. Em muitos casos, dava o próprio telefone para aqueles consumidores insatisfeitos. No início, esse controle era feito por ela e uma assistente num livro caixa. Hoje, existe um arsenal de ferramentas que permitem automatizar esse atendimento e o contato próximo. Manter a essência (lembra dela?) do foco no cliente, porém, é fundamental.
A empresária reforçou que ter uma boa relação com parceiros e fornecedores é fundamental para o crescimento dos negócios. E deu um exemplo prático, em caso da necessidade de redução de custos. “Eu não falo ‘se você não diminuir eu vou te mandar embora’. Eu falo: ‘o custo está alto, veja o que você pode fazer para reduzir em 30% e vou ver o que posso fazer para reduzir por aqui também’”, exemplificou.
O Magalu é reconhecido por suas ações de bem estar para funcionários e também em políticas de inclusão. Luiza Trajano lembrou que as mulheres formam 50% dos funcionários e 40% do conselho de administração. Também foi perguntada sobre o programa recente de trainee que selecionará apenas candidatos pretos e pardos, o que gerou discussões sobre racismo e políticas de inclusão. Para ela, mesmo com a grande repercussão, houve mais pessoas a favor do que contra. “Levamos muita paulada, mas também recebemos muito carinho, e tivemos muito mais gente apoiando do que o contrário. Eu adoro escutar feedback. Eu me treinei para ouvir coisas que eu não quero ouvir. Mas não leio e não escuto ofensas e detratores”.
Além dos resultados financeiros, que são uma consequência direta desse investimento, Luiza lembrou das pesquisas que reconhecem o Magalu como uma das melhores empresas para trabalhar. “O Magazine Luiza está, há mais de 20 anos, no ranking das melhores empresas para se trabalhar. Isso é fruto de uma missão que a gente já tinha desde quando eu morava em Franca e com a qual a gente continuou após crescer. Eu sou uma pessoa muito preocupada com a desigualdade, e trabalho para que isso seja diferente, pelo menos, aqui dentro.”
Eleita Person of the Year 2020 (Pessoa do ano 2020) pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (a primeira mulher a receber a honraria), Luiza Trajano diz não se apegar aos títulos que recebe, mas sim ao impacto que pode causar. Ela se define como uma pessoa “fragmentada” e que, independentemente do cargo que ocupam ou da quantidade de dinheiro que têm, o poder só vem aos empreendedores que sabem lidar com as pessoas.
*Matéria produzida pelo time de comunicação da RD Station
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