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Neil Patel fala sobre mercado brasileiro e dá dicas a profissionais

Jornalista Armindo Ferreira entrevista Neil Patel: geração de leads, influenciadores digitais e a adoção de ad-blocks foram alguns dos temas abordados durante o bate-papo

 

 

Nesse começo de ano, muito tem se falado sobre as tendências esperadas para a área do marketing digital em 2018 no Brasil e no exterior. Nós mesmos aqui no Digitalks já publicamos algumas matérias sobre o assunto. Além do mercado nacional é importante se manter atualizado e ficar atendo às novidades do marketing provenientes de outras partes do mundo, como EUA, Europa e Ásia, mas será que todas as práticas utilizadas em outros países podem ser aplicadas da mesma forma aqui no Brasil?

Para responder essas e outras questões aos gestores brasileiros, *Armindo Ferreira, fundador do Blog do Armindo, fez uma entrevista exclusiva com Neil Patel, autoridade mundial em marketing digital. Alguns dos temas que fizeram parte dessa entrevista, publicada originalmente no Blog do Armindo foram: ROI, geração de leads, adoção de ad-blocks, influenciadores digitais, entre outros

Confira abaixo a entrevista completa com Neil Patel.

 

Blog do Armindo: Vejo muitos especialistas em marketing simplesmente traduzirem conceitos vindos dos EUA como se fossem 100% aplicáveis aqui no Brasil sem levar em conta a questão cultural. Existem práticas do marketing digital que são universais mesmo ou o fator cultural pesa em alguma instância?

Neil Patel: Sou especialista em marketing digital, com foco em SEO. Foi por meios destas estratégias que consegui potencializar as minhas empresas e ajudar outras tantas. Quando cheguei no Brasil, praticamente traduzi o meu conteúdo, porém temos feitos algumas adaptações, pois nem todos ainda conhecem, com profundidade, sobre o marketing digital. Mas podemos dizer que a maioria das técnicas são praticamente universais, pois a receita acaba sendo a mesma, porém o importante é executá-las com excelência.

 

BA: O senhor conhece um pouco do cenário brasileiro? Temos ainda uma resistência muito grande das empresas, sendo que algumas, por exemplo, sequer colocaram no radar um simples desenvolvimento de uma versão mobile para o site. Como romper essas barreiras?

NP: De modo geral, as empresas brasileiras estão há uns 5/8 anos atrás das empresas dos EUA , Europa e Ásia. Quando falamos exclusivamente de pequenas, as que são prestadoras de serviços ou comércios locais, praticamente não existe comparação. A maioria, no mundo, acaba sendo resistente. E é isso que quero quebrar. Apresentando conteúdos que atinjam este pequeno empresário. É só por meio de informação que a gente consegue romper barreiras.

 

BA: Com o passar do tempo algumas práticas que eram observáveis no dia-a-dia passaram a ter estudos e depois técnicas documentadas e o senhor é um dos principais especialistas nesse compilado de técnicas no mundo. Por trás de tudo que o senhor já viu e estudou há um denominador comum? Um caminho a ser seguido e que numa segunda instância irá gerar o tão sonhado lead?

NP: A cada ano, somos apresentados a anúncios incríveis das principais marcas da nossa época.Coca-Cola, Budweiser e a maior parte das grandes empresas desenvolve conteúdo e anúncios fantásticos.Nós nos reunimos no Super Bowl e prestamos mais atenção nos anúncios no meio do jogo de futebol.

Essas empresas têm milhões (se não bilhões) de dólares para gastar com ações de marketing todos os anos. Um simples espaço de anúncio no Super Bowl vale mais do que todos os nossos orçamentos de marketing somados! Foi assim que me destaquei. A pensar em como pequenos negócios poderiam ter o mesmo alcance das grandes, mas com um orçamento, praticamente, zero.

Por anos, observava o que as grandes faziam e utilizava de uma psicologia reversa de raciocínio. Ao invés de investir milhões em campanhas, porque não entender quem poderia ser a “mídia” para divulgar as campanhas. E a “mídia”, ao se utilizar de meios – redes sociais, é nada mais do que os clientes das empresas.

Muitos não sabem, mas estes clientes podem até ser pessoas públicas. É comum celebridades ajudarem a impulsionar determinada marca de forma espontânea. Mas para isso acontecer, é necessário que o conteúdo seja útil. Quanto menos publicitário e mais informativo, mais chances de engajamento. Talvez, muitas empresas já estejam executando da forma correta, mas a estratégia ainda não foi assertiva.

Vejo muita gente falando em ROI mas ainda sinto algumas coisas ou muito subjetivas ou inviáveis. Não é um mito pensar que há ROI para tudo? Uma hipotética empresa de guarda-chuvas vendeu mais em um determinado mês por que a campanha de marketing digital foi um sucesso ou por que naquele mês choveu muito?

Quando falamos do ROI no ambiente offline, é praticamente impossível calcularmos o ROI de uma campanha. Mas quando falamos do digital, é possível ter assertividade nos cálculos do ROI. Já escrevi inúmeros artigos sobre isso.

Podemos sim, ficar atentos a muitas questões sobre o ROI, como a questão da sazonalidade e até a manipulação dele. É comum empresas se iludirem por conta de desconhecimento.

O cálculo do ROI não deve ser a única fórmula a ser levada em consideração. São necessárias que outras métricas sejam criadas para que o retorno de investimento seja mensurável. Como, por exemplo, o número de curtidas e compartilhamentos de um determinado post. Quanto foi investido e quanto engajou?

A dica que fica é que não devemos ficar sempre preso a uma técnica. É necessário ter outras, pois no marketing online as informações evoluem muito rápido.

 

BA: Vejo que os grandes anunciantes andam muito assustados com a adoção de adblocks e uma certa insatisfação em geral dos usuários com a publicidade na internet. Vivemos numa crise de formatos? O senhor acredita em algum caminho possível para esse embate?

NP: Ter ads em sites ou publicidade acaba sendo algo que perturba os usuários há anos. Lembra dos pop-ups? Com o tempo, um novo formato apareceu, mas ainda continua irritando os internautas. Existe uma pesquisa que diz que 92% das pessoas confiam mais em recomendações de outro indivíduo do que da própria marca (mesmo que não conheçam esse indivíduo pessoalmente). O que isso quer dizer? Empresas devem buscar novas formas de “anunciar” seus produtos, como alternativas aos “ads”. E isso pode ser por meio de uma parceria com site ou mesmo com influenciador.

 

BA: Aqui no Brasil vemos alguns grandes portais de conteúdo ligados a jornais impressos adotando paywall o que de certa forma pode impedir o compartilhamento de notícias e consequentemente a abrangência e espalhamento das mesmas. Por outro lado esses portais se queixam da dificuldade de monetizar seu conteúdo. Há uma luz no fim do túnel para esse paradoxo?

NP: Desde o início desta década, os veículos de comunicação americanos já utilizam a prática de paywall. No Brasil, pelo que sei, já tentaram isso há algum tempo e depois voltaram a liberar o conteúdo. Mas tudo indica que agora irá vingar, já que recentemente, o Facebook anunciou que cobraria também pelos conteúdos de sites e jornais. O que eu acredito é que existem outras formas de criar receita por meio de conteúdos gratuitos e quem trabalhar com conteúdos relevante e gratuitos, será rei neste nosso mundo. A luz no fim do túnel é cada vez mais pessoas se tornarem a mídia e utilizarem as redes sociais como meios.

 

BA: Com tantas mudanças os empresários podem se sentir um pouco perdidos e com dificuldades em acompanhar tudo. O senhor teria uma mensagem final para esses leitores e empresários?

NP: Em 2009/10, após a crise mundial econômica, existiu um boom de startups de tecnologia nos EUA. Novos gigantes surgiram. E estão no topo até hoje. Isso pode acontecer com o Brasil a partir do próximo ano. Empresas focadas em tecnologia e que investem em marketing digital vão crescer. Isso não é previsão. É realidade. Já é possível ver novos milionários surgindo, como a Hotmart, por exemplo, que está internacionalizando a sua marca em locais que não exploram isso. Portanto, a minha mensagem é que, antes de investir em imóveis ou carros, invista em marketing digital e em profissionais que entendem do assunto. É desta forma que muitas empresas poderão crescer nos próximos dois anos, tornando -se referência mundial.

 

*A entrevista com Neil Patel foi feita pelo jornalista Armindo Ferreira, que autorizou esta publicação. Para ter acesso ao conteúdo original acesse AQUI.

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