Sexta-feira, 11 de novembro de 2016
Assim como a digitalização amadurece, as organizações se sentem cada vez mais como parte de um ecossistema digital — um grupo de empresas, competidores, clientes, reguladores e demais públicos-alvo que trocam informações e interagem eletronicamente.
A pesquisa anual global do Gartner – líder mundial em pesquisa e aconselhamento imparcial em tecnologia – mostra que, apesar de existir um aumento modesto no orçamento de TI das empresas (2,2% globalmente), os gastos com digitalização estão crescendo em todo o mundo. No entanto, os orçamentos estimados na América Latina para 2017 aumentarão somente 1,7% depois de uma elevação de 3,5 % registrada na pesquisa do ano passado.
Foram entrevistados 2.598 CIOs em 93 países e em todas as grandes indústrias, representando aproximadamente US$ 9,4 trilhões em orçamentos do setor público e US$ 292 bilhões em gastos com TI. Na América Latina, 18 países participaram da pesquisa desse ano, com o Brasil representando 51% do total de entrevistados.
Os dados da pesquisa mostram que os CIOs estão mudando o padrão de investimento relacionado a negócio digital, relatando uma média de 19% de seu orçamento de TI com gastos em digitalização (16% na América Latina), um valor que aumentará para 28% até 2018. Empresas com desempenho superior (em que a digitalização é totalmente explorada nos seus processos de planejamento e modelo de negócios) já estão gastando uma média de 33% de seu orçamento de TI em digitalização e espera-se que esse número aumente para 43% até 2018.
As respostas da pesquisa também apontam para o fato de que a adesão ao ecossistema digital aumenta junto com a maturidade. Um dos diferenciais de um negócio digital de alta performance é a criação e/ou a participação em um ecossistema digital. O uso deliberado e abrangente de um ecossistema para cocriar soluções e obter vantagens de capacidades distribuídas separa a categoria top do resto do grupo. Na pesquisa, 79% dos integrantes desse grupo líder indicam a sua participação nos ecossistemas digitais em comparação a 49% e 24% para as categorias de executivos de empresas típicas e iniciantes, respectivamente.
“Um ecossistema digital melhora o alcance das empresas. Ele permite conexões escaláveis entre os parceiros conhecidos e os clientes, mas também oferece uma plataforma para que as partes desconhecidas se conectem uma a outra”, afirma o vice-presidente do de Pesquisas do Gartner , Álvaro Mello. “Os ecossistemas diminuem os limites da indústria e ajudam a alavancar tipos de empresas, produtos e serviços completamente novos. Na América Latina, 45% das companhias pesquisadas disseram participar de ecossistemas”.
Para fazer parte de um ecossistema digital, os CIOs precisarão focar em três domínios principais: sua base de tecnologia, sua capacidade organizacional e sua liderança empresarial.
Uma combinação entre as tecnologias digitais em evolução e de base sustenta a transição para a participação no ecossistema digital. Segundo os entrevistados, as principais tecnologias com investimentos já planejados incluem os serviços de Nuvem, Analytics, a gestão do mercado digital e segurança. Business Intelligence (BI) e Analytics continuam a ser prioridades nos principais investimentos em todos os tipos de organizações com uma média de 38% dos entrevistados no mundo todo citando-os como suas três prioridades. Os participantes da América Latina também mencionaram BI e Analytics como prioridades (36%), seguida por infraestrutura & Data Center (32%), que tradicionalmente consomem altos volumes de financiamento de TI na região.
Para todos, menos para as empresas da categoria top, o planejamento de recursos da empresa (ERP, do inglês Enterprise Resource Planning) permanece como um investimento significativo com 22% das companhias típicas (25% dos participantes na América Latina) e 30% dos iniciantes colocando-o como uma das três prioridades tecnológicas. Somente 8% da categoria top classificou o ERP entre suas três prioridades, tendo investido o suficiente para modernizá-lo e mudando agora esse investimento para atividades que gerem maior retorno. Em contraste, os iniciantes estão investindo fortemente em atividades não diferenciadoras. Isso parece indicar que eles precisarão trabalhar para modernizar a base de sua tecnologia antes de poderem até mesmo considerar um investimento de negócios no modelo digital.
Os CIOs identificam as falhas no conhecimento de TI como a principal barreira que os impede de alcançar os objetivos de sua função no mundo. Por outro lado, os CIOs da América Latina indicaram o financiamento como sendo a principal barreira porque reflete os momentos difíceis da economia e as incertezas políticas. Uma média de 33% dos participantes da pesquisa informa que as habilidades relacionadas à informação representam a maior ausência de talento, especialmente aquelas habilidades necessárias para os ambientes de análise mais recentes e avançados. As competências que já foram aplicadas nas análises de diagnóstico pré-digitais não são suficientes para os cenários de dados em tempo real apresentados pela Internet das Coisas (IoT), análise pessoal, tecnologia operacional e ecossistemas de informação. Como resultado, as habilidades mais recentes estão em falta e são caras.
A adoção do TI bimodal é a chave para a criação de uma empresa pronta a receber um ecossistema digital e essa é uma área na qual as companhias estão fazendo progresso. As descobertas da pesquisa indicam que, em média, 43% dos participantes dizem que suas organizações são bimodais (47% na América Latina). No entanto, a categoria top supera em muito as empresas típicas e iniciantes em seu uso do bimodal com 68% de todas as companhias líderes tendo adotado o bimodal em comparação com somente 17% das empresas iniciantes.
Compreender as prioridades do negócio e aplicar disciplinas de valor para informar a gestão e a execução são fundamentais para a transição para um ecossistema digital. A pesquisa indica que, com seus CEOs (Chief Executive Officers), os CIOs de alta performance compartilham globalmente um foco no crescimento e em digital. O crescimento é um tema recorrente nas prioridades comerciais estratégicas desse ano, com 28% das empresas líderes, 21% das típicas e 24% das iniciantes identificando esse aumento como uma das suas três prioridades. O negócio digital é uma prioridade comercial altamente estratégica entre a categoria top e a de companhias típicas (28 e 20%, respectivamente), porém, foi citado somente por 6% das organizações iniciantes no mundo. Em contraste, somente 15% dos CIOs da América Latina mencionam o crescimento como uma das três prioridades para eles e 20% dos CIOs brasileiros citaram a otimização do custo como uma de suas maiores prioridades (em comparação com 12% no resto do mundo), indicando que se aproximam tempos difíceis.
“Para criar uma liderança pronta para receber o ecossistema digital, os líderes de negócios devem reavaliar as prioridades da liderança, engajar os públicos-alvo e envolvê-los nas iniciativas digitais”, afirma Mello. “Os líderes que já estão prontos para receber o ecossistema digital são pensadores panorâmicos, ou seja, eles procuram oportunidades em todas as direções, cultivam diversas parcerias e questionam as propostas de valor e os modelos de negócios do passado”.
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