Quinta-feira, 24 de maio de 2018
Em um mercado extremamente competitivo, as inovações tecnológicas e as mudanças aceleradas nos modelos de negócios exigem profissionais cada vez mais qualificados. Diante desse contexto, cresce a expectativa das empresas em relação ao papel do Chief Digital Officer (CDO). As responsabilidades do CDOs e até a substituição desse cargo pelo Chief Reality Officer (CRO) foram temas discutidos no DES Madrid 2018, maior evento de transformação digital do mundo.
Na teoria, o CDO é o profissional que tem como responsabilidade liderar processos disruptivos e ajudar as empresas a se manterem bem posicionadas no mercado, mas de acordo com Luis Altes, curador do DES Madrid 2018, o cargo de CDO está caminhando para a extinção. O dado é de uma pesquisa da Deloitte que afirma que até 2020, não existirão mais CDOs.
Atualmente, as empresas contratam Chief Digital Officers porque precisam de profissionais que saibam lidar com o Digital, característica que falta em muitos diretores e gerentes de organizações, como revelou a pesquisa da consultoria norte-americana Russell Reynolds, mencionada por Luis Altes em sua palestra. De acordo com o estudo, 80% dos líderes e gerentes permanecem nas mesmas empresas por mais de 20 anos. Se por um lado essa estabilidade é considerada boa para o profissional, por outro, esse gerente ou diretor tende a perder a noção do mundo real dos negócios. “Eles não conhecem mais o mundo real. Então eles precisam contratar especialistas que conheçam verdadeiramente essa realidade”, ressaltou o curador do DES Madrid 2018.
No futuro, não muito distante, os CDOs, hoje valorizados por entender de transformação digital, precisarão ir muito mais além se realmente quiserem manter suas empresas competitivas no mercado.
O CDO é alguém inovador, uma pessoa com uma atitude diferenciada que sempre está tentando entender as tendências do mercado, os clientes e como envolver sua empresa nesse processo. De acordo com Altes “esse cargo vai morrer porque, no futuro, essas características vão precisar estar presentes no DNA de todos os colaboradores da empresa e não apenas em um profissional“.
O Chief Digital Officer deve ultrapassar o ambiente digital, visto que, precisa haver uma interação entre as áreas da empresa para co-criar o futuro de uma organização. O Digital não deve ser visto como um departamento separado dos demais.
“As estratégias corporativas e as digitais estão unindo forças e se tornando uma só porque, no final, Digital Business não deixam de ser negócios. Nós todos sabemos que o digital não é um mundo paralelo, é um espaço onde você pode ter novos canais de interação com o seu consumidor para alcançá-los da maneira certa e aumentar seus lucros, mas no final, isso é business, isso é estratégia”, afirmou Altes.
O CDO que olha apenas para o ambiente digital pode estar em extinção, mas os profissionais que se atualizarem e focarem nas reais necessidades do mercado não estarão obsoletos e trocarão de posição. Para Nino Carvalho, Consultor e Professor Internacional, e Doutor em Mídia Digital, esses profissionais serão substituídos pelos Chiefs Reality Officers (CROs). Carvalho explicou a definição desse novo profissional:
“Chief Reality Officer é alguém que está encarregado de entender o que a realidade é e o que ela será, e ajudar as organizações a sobreviver [nesse cenário]. Seja lá onde for essa realidade ou quando ela acontecer”.
De acordo com o Consultor Internacional, os CROs desempenharão um papel central na conexão entre as diversas áreas da empresa e atuarão como guias dos demais profissionais, apresentando uma visão de negócios integrada.
A maioria das empresas discute transformação digital, disrupção nos negócios e criam estratégias para se digitalizar, mas essas organizações, assim como os CDOs mencionados por Altes e Carvalho, estão se esquecendo de prestar atenção na verdadeira realidade.
“Não faz mais sentido tentar transformar uma empresa se nós não somos nem capazes de lidar com o que está acontecendo além dessa organização, com as pessoas da sociedade”, salientou Carvalho.
As empresas e os CDOs precisam lembrar que, além do digital, existem as outras áreas que não deixaram de fazer parte dos negócios como: comunicação, vendas, logística, produto e desenvolvimento.
Fica aqui uma dica do Nino Carvalho para os CDOs que não querem se tornar obsoletos para o mercado de trabalho:
“Esqueça por um breve momento o digital e entenda que ele é só uma parte das mudanças que a sua empresa precisa fazer para conquistar um lugar no mercado”.
*Bianca Borges é jornalista formada pela Universidade Anhembi Morumbi. Analista de Conteúdo no Digitalks, também tem experiência nas áreas de assessoria de imprensa e gestão de mídias sociais. Gosta de escrever sobre diversos assuntos mas, atualmente, seu foco é o Marketing Digital.
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