Como combater e lidar com a proliferação das fake news? Confira as dicas e opiniões de especialistas sobre o tema

*Por Bianca Borges

As fake news estão cada dia mais presentes no nosso cotidiano. De acordo com uma recente pesquisa realizada pelo Gartner, em 2022, a maior parte dos indivíduos em países desenvolvidos consumirão mais informações falsas que verdadeiras através das redes sociais. O aumento dos conteúdos fake afeta a sociedade como um todo, tanto as pessoas enquanto indivíduos como também os veículos, marcas e empresas que se comunicam com seus clientes e muitas vezes divulgam ou são alvos desse tipo de notícia.

Com o intuito de entender como combater esse mal e diminuir as consequências que essas notícias falsas provocam, o Digitalks reuniu especialistas para debater o assunto no mercado brasileiro durante a Conferência: Content 2018 que aconteceu hoje, dia 27 de março.

De acordo com Felipe Schepers, CEO da Opinion Box, que apresentou a pesquisa inédita “Fake News: na visão dos brasileiros”, o veículo que ainda detém maior credibilidade e confiança das pessoas é a televisão com 60% da preferência nacional. Porém, a internet é o meio mais utilizado para acompanhar notícias e assuntos do momento.

Outro dado apresentado por Schepers é que a maior parte das pessoas acreditam que a responsabilidade pela divulgação das fake news deve ser atribuída a quem compartilhou a notícia que elas estão lendo, ou seja, a responsabilidade é “do outro”.

A tecnologia empoderou o usuário tanto para divulgar conteúdos relevantes como para disseminar matérias mentirosas.

“Você pode produzir quantas mentiras quiser, a questão é distribui-las. Isso foi facilitado pelas redes sociais que, para mim, são divisores de águas das fake news”, ressaltou Rodrigo Flores, Jornalista do UOL.

Marcas x Fake News

Mas como as marcas podem lidar com as fake news? Será que existe alguma maneira de impedir essas publicações? Durante o bate-papo os especialistas ressaltaram que as empresas precisam tomar a iniciativa em relação a essa questão.

“Se as marcas ficarem esperando os consumidores avisarem sobre as fake news, elas vão perder tempo. As marcas não podem esperar que o consumidor faça a curadoria da informação por elas”, afirmou Felipe Schepers, CEO da Opinion Box.

 

Bruno Brum, Coordenador de Comunicação Digital do Fluminense, que também participou do painel, explicou que o Time reformou toda a sua comunicação priorizando o digital e contou que a marca possui uma equipe que cuida especificamente da prevenção e do monitoramento das notícias falsas.

“Temos grande aproximação com as plataformas digitais para ter um processo de reação mais rápido contra as fake news. Nós temos acesso a uma plataforma de parceiros pela qual conseguimos denunciar mais facilmente uma notícia falsa. Hoje também temos um trabalho forte de monitoramento, investimos em ferramentas e em pessoas dedicadas a esse monitoramento. Além disso estamos construindo um blog para no futuro, colocar as verdades e mentiras que são ditas na internet sobre nosso Time”, comentou Brum.

Outro dica importante dada pelo Coordenador de Comunicação Digital do Fluminense foi que as empresas devem analisar cada situação antes de se posicionar sobre alguma notícia falsa que as envolvam e indagar as seguintes questões: será que o seu pronunciamento vai fazer com que mais pessoas saibam do assunto? Você está realmente gabaritado para falar sobre o tema?

Nem sempre a melhor opção é divulgar uma nota oficial, você também pode utilizar influenciadores digitais e assessores de imprensa para essa tarefa. Mas cada caso é um caso e precisa ser analisado individualmente.

De acordo com Rodrigo Pinotti, Diretor Geral do Jeffrey Group, uma forma de combater as fake news é estar preparado para isso, monitorando as notícias, estabelecendo um diálogo constante e tendo um canal aberto com seu público para quando alguma notícia falsa surgir.

Além disso, Pinotti explicou que é preciso entender o ponto de vista de cada marca sobre determinado assunto,  analisar quais são os temas sobre os quais fazem sentido que a empresa emita um pronunciamento e vão lhe conferir maior credibilidade.

“Não tem como você construir uma reputação com base em fumaça, por isso, você precisa trabalhar muito o caráter das organizações e esse caráter precisa ser positivo e verdadeiro” ressaltou o diretor.

Veículos x Fake News

E quanto aos veículos de comunicação? Qual o papel deles em relação a proliferação dessas notícias falsas?

De acordo com Rodrigo Flores, Jornalista do UOL, a tendência é que os veículos se unam em combate às fake news.  Ele deu o exemplo das eleições que acontecerão este ano.

“Pela primeira vez os veículos estão se juntando para criar uma equipe responsável pela conferência de dados e para combater esse fenômeno das fake news na eleição”, revelou.

Flores também lembrou que é preciso distinguir o papel das marcas e dos veículos já que ambos se posicionam de maneira diferenciada para os consumidores.

“A marca não tem obrigação de dizer a “verdade”, ela deve se comunicar com o cliente da maneira como achar melhor. Por exemplo: o Fluminense pode não abrir para o público que está em negociação com um jogador.  Já o veículo tem o dever de dizer a verdade. Aqui no UOL, ao identificar que uma notícia é potencialmente falsa, nós acionamos uma equipe de reportagem para apurar mais o fato e divulgar a notícia certa”.

Ainda não existe um meio de acabar com as fake news, simplesmente, porque hoje muita gente é produtor de conteúdo e também tem acesso a tecnologia. Porém é possível que as marca e empresas aprendam a lidar com essas notícias e se munam de ferramentas cada vez mais eficientes para identificar conteúdos que são verdadeiros ou não.

*Bianca Borges é jornalista formada pela Universidade Anhembi Morumbi. Analista de Conteúdo no Digitalks, também tem experiência nas áreas de assessoria de imprensa e gestão de mídias sociais. Gosta de escrever sobre diversos assuntos mas, atualmente, seu foco é o Marketing Digital.