Notícias

Idec e outras 28 entidades lançam manifesto contra proposta do Congresso para combater fake news

O texto da Coalizão Direitos na Rede defende que as tratativas a respeito do tema ‘fake news’ devem reforçar a importância da preservação da liberdade de expressão

 

A Coalizão Direitos na Rede, organização da qual o Idec faz parte, divulgou essa semana uma nota pública criticando a atuação do Conselho de Comunicação Social (CCS) do Congresso Nacional, que está analisando um anteprojeto de lei para criminalizar quem publica fake news (notícias falsas).

As entidades analisaram o texto do anteprojeto que tem a intenção de tornar crime a atividade de produção e circulação de “fake news” com o intuito de manipular a opinião pública. A minuta em questão altera o Código Eleitoral (art.354 da Lei 4.737/1965), ao prever como infração a criação e divulgação de notícia “que se sabe ser falsa” e que possa “distorcer, alterar ou corromper gravemente a verdade relacionada ao processo eleitoral”.

Além de propor alterações nos Códigos Penal e Eleitoral, o anteprojeto modifica ainda a Lei 12.965/2014 (Marco Civil da Internet), adicionando um novo artigo na seção que trata de remoção de conteúdos e responsabilidade dos provedores de conexão e aplicações. A proposta vai no sentido de criar um novo mecanismo de retirada de conteúdos independentemente de ordem judicial.

A ideia de remoção automática de conteúdo deve ser imediatamente repelida em qualquer projeto de lei deste porte. O crivo judicial, tal como previsto no Marco Civil, é fundamental para que a ponderação entre liberdade de expressão e danos à honra ocorra de forma equilibrada por autoridade judicial”, consta no documento. Para Rafael Zanatta, líder do programa de Direitos Digitais do Idec, “há grave risco de censura online em medidas apressadas como essa”.

No texto, a Coalizão defende que “as tratativas a respeito do tema ‘notícias falsas’ devem reforçar a importância da preservação da liberdade de expressão ao invés de excluir a atuação do Poder Judiciário em situações que possam promover responsabilidade civil e criminal decorrentes de condutas dos cidadãos brasileiros. Além do exposto, por ser o Marco Civil da Internet uma lei criada a partir de um amplo processo de participação social, qualquer alteração em seu texto e nas disposições em vigor deveria ser precedida de uma profunda discussão pública, sob o risco de representar um desrespeito às opiniões da sociedade levadas em conta durante sua elaboração e aos direitos para o uso da Internet“.

O manifesto foi entregue, em mãos, aos membros do CCS por integrantes da Coalizão Direitos na Rede e está disponibilizado neste link. No encontro, o CCS informou que irá criar grupo de trabalho sobre o tema para se manifestar em 30 dias e sugeriu marcar audiências públicas sobre os projetos de lei de combate às fake news. A presidência do Senado Federal publicou nota enfatizando que não solicitou qualquer projeto de lei “com o objetivo de criar mecanismos de censura à livre manifestação de informação na internet“.

 

Leia também: 

>> Fake News e Post-Truth: como as empresas e marcas podem lidar

 

Comentários

PUBLICIDADE