Quarta-feira, 08 de março de 2017
Já são cerca de 104 milhões de brasileiras ocupando aproximadamente 43% do mercado de trabalho. Em média, 38% dos lares são chefiados pelas mulheres, que também têm recorde em número de cadeiras nas universidades. Então, quer saber como as mulheres se destacam num universo “teoricamente” mais masculino? Luciano Salamacha, doutor em administração e professor da FGV Management, ressalta cinco talentos das profissionais no âmbito corporativo. E indica áreas onde elas obtêm maior êxito.
Mulheres são hábeis ao estabelecerem e gerenciarem relacionamentos interpessoais. Historicamente, no desenvolvimento da humanidade, elas tiveram que criar e impor a sua liderança por habilidades que podem ser chamadas de soft skills ou competências ligadas ao relacionamento. Diferentemente do homem, que geneticamente atende seu instinto de impor a liderança pela força ou pelo uso de coerção.
Outro diferencial positivo de mercado para a mulher é a capacidade que ela desenvolveu naturalmente, por força da necessidade da gestão do lar, do ambiente familiar, de poder realizar várias atividades ao mesmo tempo. O mercado empresarial, atualmente, não é feito por especialistas profundos em apenas uma pequena área e nem por generalista que conhece um pouco de tudo. Mas sim pelo híbrido entre essas duas posições. Hoje, as organizações demandam de pessoas que têm uma visão geral. Que sejam capazes de responder com profundidade por áreas que são vitais para a sobrevivência da companhia e, ao mesmo tempo, têm conhecimento superficial para atuar em áreas periféricas. Enquanto as mulheres assumem essa posição com maestria, os homens têm a tendência de buscar uma “arena de combate”, onde podem impor uma superioridade em determinada área de performance. Além disso, as mulheres, com sabedoria, conseguem manter a atenção e o foco multifacetado, demonstrando grande habilidade em atividades que requerem o desenvolvimento paralelo de processos ou projetos.
A sensibilidade feminina também é um fator que foi desenvolvido pela necessidade óbvia e fundamental de, como principal gestora da família desde o início da humanidade, estar atenta a pequenos detalhes que poderiam fazer a diferença entre a sobrevivência ou, então, a perda de um integrante do bando ou família, como no caso dos sintomas de uma doença, por exemplo. Enquanto ao homem cabia o papel de provedor de recursos. Então, levada essa sensibilidade para o mundo empresarial, é possível observar que as mulheres demonstram performance acima da média e, principalmente, se sobrepõem aos homens quando o assunto é atenção ao detalhe.
“Por isso, em atividades como na área financeira, controladoria e contabilidade, as profissionais têm alto grau de confiabilidade sobre as tarefas realizadas, comparando com o desempenho dos homens”, acrescenta Salamacha.
De maneira inconsciente e desprovida de qualquer raciocínio lógico, ou seja, de forma irracional, tanto homem quanto mulher desenvolveram habilidades próprias pra conquistar o espaço no seio familiar e na sociedade. Enquanto o homem utilizava o seu vigor físico, a mulher percebeu que outros atributos poderiam ser extremamente valorizados para a formação de uma família, neurocientificamente chamando, de um bando.
“Estou falando da apresentação pessoal, que o mundo masculino prefere intitular como vaidade. A questão é que as mulheres perceberam muito antes dos homens que apresentação pessoal e o cuidado na formação de uma imagem positiva são componentes importantes para se estabelecer relações, inclusive de natureza comercial. É por isso que boa parte das áreas de comunicação visual, identidade visual e marketing nas organizações são confiadas às mulheres, capazes de terem a compreensão exata da importância que a construção da imagem de uma organização, de seus produtos e serviços tem para o sucesso no mundo dos negócios”, justifica o especialista em neurociência voltada aos negócios.
Essa sensibilidade também se apresenta como forte diferencial desde na organização de uma loja, em suas vitrines, até no layout de funcionamento de uma grande indústria, onde aspectos ergonômicos, de conforto e bem-estar são melhores percebidos e ponderados pelas mulheres do que pelos homens.
A capacidade de resiliência e perseverança que a mulher tem é muito superior a do homem. A explicação se dá pelo próprio desenvolvimento da humanidade, que aos poucos vem deixando de lado o machismo, muito mais pela conquista que as mulheres obtiveram no mundo masculino, do que propriamente pela vontade e desejo dos homens em reconhecerem as qualidades femininas. Essa capacidade de superar adversidades, se manter firme no propósito, de elaborar caminhos estratégicos para conseguir seus grandes objetivos e, ainda, de manter otimismo e firmeza aos propósitos mesmo diante de situações complicadas atribuem à mulher um forte equilíbrio na condução e elaboração de estratégias nas organizações. De fato, as mulheres demonstram grande capacidade de assimilar ocasiões adversas e reverter aspectos negativos para situações otimistas e melhores.
“De modo geral, a natureza feminina posiciona a mulher como uma profissional multifacetada, capaz de desempenhar três ou quatro funções ao mesmo tempo e com genialidade. Como consultor de grandes companhias, observo que a profissional é mais atenta aos detalhes, o que minimiza o índice de erros. Empresas dirigidas por mulheres não costumam apresentar problemas para desempenhar acima das expectativas, superando balanços comparados com companhias presididas por homens. O que se dá também pela fragilidade que remete o sexo feminino ao homem, permitindo às profissionais reprimir homens em certas situações com mais elegância e respeito, evitando desentendimentos e crises interpessoais”, resume Salamacha.
O especialista ainda enaltece que “as mulheres só precisam identificar o seus talentos natos, desenvolvidos muitas vezes em várias gerações e consolidados geneticamente em seu DNA para posicionar-se em condição de vantagem em vários aspectos perante o mundo masculino no ambiente corporativo”.
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