Quarta-feira, 20 de novembro de 2019
Quando alguém fala em inovação digital, é muito comum conhecer cases de sucesso como empresas que nasceram espontaneamente de uma conversa entre amigos ou de uma necessidade de mercado percebida por um estudante que botou a mão na massa para criar um sistema.
Histórias como as do Groupon, Airbnb e Google (sim, o gigante Google também surgiu das mão de dois amigos) existem às centenas e cada uma é única, com peculiaridades e sacadas que somente essas pessoas poderiam ter tomado naquele instante para suas empresas decolarem. Mas o que permeia a maioria desses cases digitais é algo em comum: o ganho de escalabilidade para se tornarem um empreendimento de fato. E para que uma empresa iniciante voe, alguns fatores básicos precisam ser compreendidos e aplicados na medida do possível.
A possibilidade de se ter negócios escaláveis hoje em dia é imensa, mas o que é isso? De forma resumida, quando uma startup oferecia serviços para mil usuários ontem e hoje oferece para um milhão sem precisar mexer muito na estrutura do negócio, tal empreendimento é escalável.
No caso da maioria das empresas de serviços na internet de hoje, o tráfego de usuários para um site ou serviço é o fator determinante de sucesso e o impulsionador de futuros investimentos, sendo um dos aspectos que permitem o ganho de escala de um negócio. Um cases é o Lounge A, buscador de produtos de moda criado por Leonardo Alonso.
“No início era somente eu programando em um laptop e uma ideia a ser consolidada: usar um robô para navegar pelos maiores e-commerces de moda captando todas as informações e apresentando tudo de forma condensada ao consumidor final. As pessoas gostaram muito do serviço e tudo foi nascendo daí. A escalabilidade do negócio veio com a automatização dos processos, sendo possível reunir centenas de lojas sem a necessidade de qualquer integração operacional com elas. Hoje a visão da Startup mira na internacionalização do serviço.”, disse Alonso.
Outro exemplo prático é o Airbnb, onde atualmente possui procedimentos que exigem estrutura para seu funcionamento como a contratação de fotógrafos profissionais para a realização das fotos do imóveis por exemplo, mas esses gargalos não existiam no início, permitindo que algo promissor pudesse nascer, e tendo na outra ponta uma escalabilidade global ao permitir que pessoas do mundo inteiro tivesse acesso às reservas de apartamentos onde forem. De fato, a possibilidade de ganho de escala sem a necessidade de aumento de estrutura é o fator primordial de toda Startup.
Quase 100% dos cases de sucesso mantém sua concepção inicial de negócio, mas começaram com muito pouco e com serviços mais básicos. E o entendimento disso como um processo natural e uma evolução conceitual de algo com potencial define o conceito de Lean Startup: uma empresa que amadurece seu produto ou serviço com o tempo e rapidamente, adaptando-se de forma orgânica ao mercado através de feedbacks e melhorias contínuas e sem que todo o orçamento para o empreendimento fluir acabe nas fases iniciais (que ainda são deficientes por natureza).
“As grandes empresas não são aquelas que acertam de primeira, mas as que conseguem se moldar e transformar um protótipo em algo de valor. Esse entendimento e prática é o que diferencia muitas vezes uma empresa que fecha as portas de outra que vale milhões.”, revelou Leonardo Alonso.
Como regra geral observada, toda Startup acaba sendo criada e moldada para receber aportes de fundos de investimentos para impulsionar o negócio cada vez mais, seja um capital semente (para empresas nascentes) ou em outras fases mais maduras.
Se o caminho percorrido for o de usar os próprios recursos para crescer (Bootstrapping), o próprio faturamento pode alimentar todo o processo, potencializando-o cada vez mais. Mas como é um caminho muito mais duro de ser trilhado e muitas vezes impossível para certos negócios que necessitam de grandes aportes para serem iniciados, os cases são mais escassos.
Nesse quesito, se o Bootstrapping não for possível, o desenvolvimento de um produto mínimo viável sem muito custo, algum aperfeiçoamento e validação comercial são as etapas necessárias para chamar a atenção de investidores no intuito de que o negócio ganhe escalabilidade rapidamente. “Mas sempre deve-se ter em mente que, se o investimento não fizer uma diferença real, o melhor a ser feito é não realizar uma captação financeira e deixar essa carta para outro momento mais oportuno, evitando uma diluição na Startup logo no início.”, contou Alonso.
Outros quesitos também são muito importantes como o Marketing envolvido para impulsionar o tráfego por exemplo, mas no fundo tudo se traduz em promover algo que as pessoas realmente queiram. Essa é a grande questão por trás de tudo, pois sem uma demanda real, tudo se perde. A ideia é o foco principal, com os procedimentos sendo acessórios para impulsioná-la e torná-la real.
Além disso, o trabalho duro é outro fator presente em qualquer caso de sucesso, assim como muito suor para fazer tais empreendimentos funcionarem, adaptando-os rapidamente através de análises, percepções e feedbacks, sempre levando em conta que todo negócio se molda ao que as pessoas querem, e não o contrário.
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