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Três marcas estrangeiras dominam e-commerce brasileiro

Mercado Livre, Shopee e Amazon representam 30% do tráfego do comércio eletrônico nacional; fenômeno nas redes, copos Stanley saltam no Share of Search

 

Nas vésperas do último trimestre do ano, período mais aguardado pelo comércio, três plataformas de e-commerce despontam na concorrência pelos acessos dos consumidores brasileiros – todos estrangeiros: o argentino Mercado Livre (13,8% do total de visitas), a singapuriana Shopee (10,1%) e o braço nacional da norte-americana Amazon (6,8%). Juntos, eles somaram cerca de 700 milhões de acessos únicos em agosto, como se vê no Relatório Setores do E-Commerce no Brasil da Conversion. Esse número representa 30% de todo o tráfego do comércio eletrônico.

(Fonte: Conversion)

 

Entre as dez plataformas mais acessadas do comércio eletrônico no Brasil hoje, cinco são de fora: além de Mercado Livre, Shopee e Amazon, estão na lista ainda a chinesa AliExpress (6ª posição) e a sul-coreana Samsung (10ª).

É importante mencionar que esses números foram atualizados em setembro, utilizando uma nova base de dados, resultado de uma parceria da Conversion com a SimilarWeb. No relatório de agosto, assim, mensurações de março de 2022 em diante já estão dentro do novo cálculo, que alterou algumas posições entre as marcas mais visitadas do e-commerce.

Esse domínio estrangeiro também se vê no ranking das marcas mais buscadas diretamente pelos usuários no Google – uma métrica chamada Share of Search, que compara o volume de citações de cada empresa com o total de pesquisas do segmento onde ela atua.

Nesta métrica, a Amazon, procurada por 52% das pessoas dentro do segmento de varejo no mês, ocupou a primeira posição no consolidado geral. Em seguida estão a rede brasileira de produtos para animais Petz (47%) e a franquia norte-americana de copos térmicos Stanley (43%).

De acordo com Diego Ivo, CEO da Conversion, os e-commerces internacionais cresceram de maneira estrondosa no período pandêmico e cada player conta com uma estratégia própria para conquistar o brasileiro. “O Mercado Livre construiu uma reputação positiva que por si só atrai milhões de consumidores todo mês. Já a Amazon é conhecida em relação a datas que promovem grandes descontos, como o Prime Day. E a Shopee, assim como a maioria do comércio eletrônico asiático, aposta na variedade de produtos de baixo ticket médio para fisgar o brasileiro pelos baixos preços”, diz.

E-commerce retrai mesmo com Dia dos Pais

Após uma alta expressiva de 5% em julho, puxado pelo desempenho do segmento turístico, o e-commerce brasileiro registrou queda de 1,2% em agosto, fechando o mês com 2,28 bilhões de visitas – mesmo com a ocasião do Dia dos Pais. “Era difícil manter essas boas taxas, mas o varejo ainda vive um momento de retomada”, observa Ivo.

De fato, foi o quarto melhor resultado de 2022 para um setor que, a partir de agora, começa a contar os dias para datas mais intensas de consumo, como o Dia das Crianças, no último 12 de outubro, a Black Friday, em novembro, e as festas de fim de ano, em dezembro. Tudo isso sem contar a proximidade da Copa do Mundo, cujos efeitos já se farão sentir nas próximas semanas, em segmentos como o de eletroeletrônicos, de vestuário e de turismo, por exemplo.

Em agosto, alguns dos segmentos que mais cresceram em número de acessos tiveram alguma ligação com o Dia dos Pais, como o de esportes (9,1%) – cujo desempenho foi o melhor de 2022, com 102,4 milhões de visitas. A mesma coisa com o segmento de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, que registrou o segundo maior patamar do ano, subindo 5,5% em relação a julho.

Por outro lado, alguns segmentos perderam terreno em agosto, como o de moda e acessórios (-5,2%), o de presentes e flores (-4,7%) – que já havia retraído significativamente em julho –, e o de casa e móveis (-4,7%).

Se mantiverem o ritmo de crescimento até o fim do ano, as plataformas chinesas podem chegar muito próximo da liderança no ranking do e-commerce nacional. “As plataformas asiáticas conseguiram perceber uma grande lacuna no e-commerce global, que é o ticket baixo. A partir disso, criaram muito senso de urgência com suas promoções, promovendo uma verdadeira experiência de busca de achados, o que acaba estimulando as pessoas a passarem cada vez mais tempo dentro do site e do app”, avalia o fundador da Conversion.

Copos Stanley alavancam popularidade no Share Of Search

Apesar de estarem no mercado brasileiro desde 2018, os copos da marca norte-americana Stanley explodiram nas redes sociais de algumas semanas para cá. Memes sobre o preço do item, que chega a custar R$ 200, além do público que costuma comprá-lo, tomaram as telas do Instagram e do Tiktok. Mas não só: no Relatório Setores do E-Commerce no Brasil, da Conversion, as citações à empresa no Google foram tão grandes que colocaram o seu nome entre os mais procurados do buscador em agosto: quatro em cada dez (43%) pesquisas realizadas dentro do e-commerce de presentes e flores faziam referência aos copos da Stanley.

Em julho, a marca sequer aparecia entre as cinco marcas mais buscadas do compilado geral, e muito menos do seu segmento, onde a liderança era da rede de presentes Imaginarium, com 31% desse Share of Search. No mês seguinte, porém, ela já reunia 42% das pesquisas.

“Nos dois últimos anos, a Stanley investiu para valer em estratégias de marketing de influência e, pelo menos no Brasil, alcançou o público certo – os cervejeiros. Se será apenas uma modinha ou se cairá de vez no gosto dos brasileiros com maior poder aquisitivo, isso não dá para prever, mas, o dado mostrado pelo relatório é bem importante uma vez que aponta uma nova tendência de consumo no mercado como um todo”, diz Ivo.

Nesta métrica, no entanto, é difícil ultrapassar a soberania da Amazon, que a liderou em agosto com 52%, o que representa expressiva uma queda de 7 pontos percentuais em relação ao mês de julho. Petz (47%), Stanley (43%), Loja do Mecânico (41%) e Ifood (33%) completam o ranking.

Share of Search é uma métrica diferente do Market Share, que mede a proporção da divisão de receitas de um setor, segmento ou mercado específico. No caso do Share of Search, trata-se de um indicador preditivo, à medida que estudos mostram que, quanto maior a proporção de menções nas buscas do Google, maior também a taxa de conversão.

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