Quarta-feira, 26 de outubro de 2016
A Realidade Virtual (RV) vem atraindo cada vez mais a atenção das empresas que buscam uma maneira inovadora de se comunicar e engajar consumidores. Isso porque o mundo virtual criado através das tecnologias digitais em 360° proporciona uma experiência diferenciada e única ao usuário, estabelecendo uma conexão emocional do consumidor com as marcas.
Atualmente, vemos campanhas de marketing de empresas líderes em diversos setores que estão investindo na produção de conteúdo em RV para se destacar no mercado. Um case de sucesso é a campanha da marca esportiva Nike, que, para divulgar uma nova chuteira, proporcionou aos seus clientes a experiência de participar de uma partida de futebol assumindo a perspectiva do jogador Neymar dentro do campo.
De acordo com Karina Firme, diretora da UView360, empresa especializada em produção de conteúdo e desenvolvimento de tecnologia de realidade virtual, que conversou com o Digitalks sobre o tema, tanto grandes players do mercado como empresas menores podem se beneficiar com essa tecnologia. Ela explica:
“Imagina filmar a sua loja em 360° ou fazer pequeno comercial que explore a interatividade? Essa ação, se bem realizada e planejada, com certeza vai impactar o seu público-alvo. Quando digo isso, não estou falando em gastar muito dinheiro para produzir um conteúdo, hoje existem maneiras mais econômicas de elaborar produtos simples, porém de boa qualidade. A RV, mesmo quando utilizada em um nível básico, traz bons resultados”.
As ações produzidas utilizando a realidade virtual, assim como as demais campanhas de marketing, necessitam de uma boa estratégia e planejamento e, para obter resultados positivos, as empresas precisam tomar alguns cuidados tanto em relação à técnica quanto ao conteúdo. A executiva citou alguns pontos:
As imagens para produzir conteúdo 360° são captadas por várias lentes e precisam ser editadas da forma correta. É importante se preocupar com o “frame rate” (velocidade das cenas por segundo), que precisa ser adaptada à visão humana e com o color code (código de cores).
É preciso tomar cuidado na escolha do conteúdo que você quer divulgar, algumas imagens não tem um efeito bom se filmadas em 360°.
Têm situações que não fazem sentido usar essa tecnologia. Por exemplo: um show onde você tem um palco que apresenta alguns problemas visuais como uma parede e um teto “feio”. Nesse caso, a imagem 360 só vai evidenciar ainda mais os defeitos do ambiente, podendo mais incomodar do que encantar o usuário.
Além desses fatores, as empresas precisam entender que o importante na realidade virtual não são os atributos dos produtos e sim as experiências. As campanhas de marketing que utilizam essa tecnologia cada vez menos são focadas em falar do produto propriamente dito, elas priorizam as emoções e as pessoas. Karina cita um case:
“A Hyundai, fabricante de automóveis, elaborou uma ação em realidade virtual para divulgar o HB20. A campanha consistia em fazer com que o cliente experimentasse um vôo de Wingsuit e, de forma indireta, associar o carro àquela experiência. Pouco tempo do comercial era para mostrar o produto em si. Essa é uma tendência do mercado de RV, a marca aparece de uma forma secundária e subliminar, próxima ao conceito do Branded Content”.
A realidade virtual é algo que está em amplo desenvolvimento e novidades aparecem a todo o momento. No início deste mês, o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou uma plataforma para conectar pessoas por meio dessa tecnologia. Os usuários podem se encontrar em um ambiente 360° através de avatares que serão capazes de reproduzir suas expressões.
“Eu considero esse fato como um divisor de águas, porque isso mostra que a tecnologia, ao contrário do que muitos pensavam, pode conectar pessoas e não mantê-las isoladas da sociedade”, afirma a executiva.
A tecnologia da RV é muito recente e a maioria dos dispositivos é produzida fora do país. Apesar disso, Karina afirma que não existem barreiras tecnológicas para o Brasil.
“O know how é facilmente disseminado, o maior problema aqui no Brasil será o tempo que as empresas brasileiras vão demorar a entender que a realidade virtual é algo interessante e começar a investir mais nela. Essa é uma questão que depende da visão estratégica das marcas”, concluiu a empresária.
* Bianca Borges é jornalista pela Universidade Anhembi Morumbi, trabalhou na Investe São Paulo com assessoria de imprensa e, hoje, atua na equipe de Conteúdo do Digitalks.
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