Sexta-feira, 28 de março de 2025
O mercado dos ativos digitais passou por muitas mudanças nos últimos anos. Tanto em questão de avanços tecnológicos quanto em demandas dos investidores em diferentes partes do mundo. As criptomoedas, que antes eram consideradas um nicho voltado apenas a entusiastas de tecnologia, hoje atrai atenção de investidores institucionais e órgãos governamentais.
O Brasil não fica de fora, dados da Receita Federal indicam o incrível aumento no número de pessoas físicas e empresas que declaram operações com criptomoedas, reforçando como os tokens digitais estão se tornando uma opção importante na construção de portfólios diversificados.
Ainda que a volatilidade seja um aspecto marcante, muitas instituições financeiras já reconhecem o potencial desses ativos como forma de diversificação ou reserva de valor. O Bitcoin funciona como porta de entrada para quem deseja explorar o universo dos tokens digitais, já que tende a ser percebido como “base” do ecossistema cripto, mas atualmente há muitas outras opções nesse mercado.
O Bitcoin foi lançado em 2009 como uma proposta de sistema financeiro descentralizado, apoiado pela tecnologia blockchain. Nos anos que se seguiram, surgiram novas criptomoedas, conhecidas como altcoins, bem como os tokens voltados a funcionalidades específicas, como os tokens de utilidade e os tokens de segurança (security tokens).
Essa pluralidade de projetos permitiu que o mercado de ativos digitais se tornasse cada vez mais complexo, com propostas que vão muito além da simples transferência de valor. O que antes era uma simples dúvida de como investir em Bitcoin, que até hoje tem uma dominância de entre 40% e 50%, atualmente envolve muito mais, além de novas tecnologias.
Em termos de capitalização de mercado, o crescimento foi notável. Em 2013, todo o ecossistema de criptomoedas valia menos de 2 bilhões de dólares. Já em 2021, esse valor ultrapassou a marca de 2 trilhões de dólares, demonstrando como o mercado evoluiu em apenas oito anos.
Embora o valor tenha oscilado desde então, o interesse global segue firme e alimenta novas iniciativas, como a criação de aplicativos descentralizados (dApps) e o desenvolvimento de finanças descentralizadas (DeFi). O Brasil é um dos líderes na América Latina em adoção de criptoativos e em abraçar novos projetos revolucionários.
Um relatório publicado pela Chainalysis apontou que o país figura entre as 10 nações com maior índice de adoção de criptos no mundo. Segundo dados divulgados pela Receita Federal, somente em agosto de 2022 cerca de 1,3 milhão de pessoas físicas e aproximadamente 14 mil empresas declararam possuir ou transacionar criptomoedas.
Isso também se reflete nas discussões regulatórias. O Banco Central tem estudado a implementação de uma moeda digital de banco central (CBDC), conhecida como Real Digital. Esses números mostram que o mercado brasileiro já enxerga as criptomoedas como uma parte importante do mercado financeiro.
Uma pesquisa da Consensys revelou que o Nordeste lidera a adoção de criptoativos no país, com 45,3% de investidores, seguido pelas regiões Sul (43,4%) e Sudeste (40,7%). Além disso, uma pesquisa da Bitso apontou que as stablecoins USDC e USDT ultrapassaram o Bitcoin como a escolha preferida dos brasileiros em 2024.
A popularização de carteiras digitais e a possibilidade de transacionar valores a qualquer hora do dia atraem principalmente os jovens adultos, que buscam alternativas de investimento e mais autonomia em relação às instituições bancárias tradicionais. Também há um forte interesse de empresas, startups e fintechs na criação de soluções que utilizem blockchain para aprimorar processos de pagamento, logística e segurança de dados.
Os tokens digitais impacta de muitas formas a economia global. Por um lado, há a transformação no modo como as pessoas e empresas enxergam o dinheiro e os investimentos. A descentralização proporcionada pela tecnologia blockchain possibilita transferências rápidas e com taxas potencialmente menores.
Isso pode, no longo prazo, forçar instituições financeiras tradicionais a reverem processos, tarifas e modelos de negócio. Por outro lado, governos e bancos centrais de todo o mundo, inclusive no Brasil, estão analisando a melhor forma de regulamentar esses ativos, buscando equilibrar inovação e proteção ao consumidor.
A adoção de criptomoedas também impulsiona a discussão sobre privacidade de dados, rastreabilidade de transações e combate à lavagem de dinheiro. Sendo assim, leis e propostas de regulação ganham espaço na agenda de políticas públicas, pois são fundamentais para criar um ambiente de negócios seguro e confiável tanto para pessoas físicas quanto para corporações.
Grandes empresas multinacionais já demonstraram interesse em integrar pagamentos com criptomoedas ou mesmo manter parte de seu caixa em ativos digitais. Esse fenômeno não apenas traz visibilidade ao setor, mas também afeta a demanda e, por consequência, os preços dos tokens. Ainda que haja riscos envolvidos, investidores institucionais veem nesses ativos um potencial de crescimento que pode superar mercados tradicionais.
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