Segunda-feira, 28 de novembro de 2016
A Gestão de Produto é a área responsável por conectar as estratégias da empresa com os interesses dos clientes a partir do desenvolvimento de produtos. Além de ser responsável pela definição de todos os aspectos do produto, características, funcionalidade e design, a gestão de produtos também precisa levar em conta a experiência do usuário, pois é ela quem vai determinar o sucesso ou fracasso de um produto.
Essa questão da experiência do usuário tem sido muito valorizada dentro das organizações e, consequentemente, a cultura de gestão de produto que tem como foco adequar os produtos e serviços aos gostos do consumidor, tem ganhado cada vez mais adeptos nas empresas.
Esse assunto foi debatido no Case 2016, evento voltado para startups e empreendedores que aconteceu no início de novembro.
“A cultura de produtos empodera a empresa e gera ideias novas e criativas”, afirmou Manoel Lemos, diretor Administrativo da Redpoint, durante o evento.
Porém, para que uma companhia construa uma cultura de gestão de produtos qualificada e efetiva, é preciso haver uma comunicação interna e interação entre as áreas da empresa. Apesar de parecer simples, essa interação entre as áreas ainda é um desafio para muitas organizações.
Allan Panossian, um dos fundadores do Kekanto e do Delivery Direto, acredita que todos na empresa precisam ter uma visão de produto aliada às estratégias da marca, mas, para isso, um requisito é fundamental:
“Para inserir essa cultura na organização, antes de tudo, os fundadores da empresa precisam acreditar que o produto é importante para passar essa visão aos seus funcionários”, afirmou o executivo.
Não basta apenas incutir uma mentalidade aos funcionários, algumas estruturas organizacionais precisam ser repensadas. Antigamente, as equipes de produto e costumer success da Kekanto ficavam separadas e isso dificultava o entendimento das necessidades dos clientes, como relatou Panossian. A empresa começou a receber reclamações de consumidores que não estavam sendo bem atendidos e, por conta dessas reclamações, foi preciso reestruturar as áreas. Agora, o setor de customer sucess fica dentro do setor de produtos.
“Começamos a reestruturar toda a empresa por causa do feedback negativo que os clientes trouxeram para nós. Esse setor agora fica dentro do setor de produto”, comentou Panossian.
A Viva Real também seguiu esse exemplo, como explica Marcell Almeida, gerente de produto da empresa.
“Nós temos uma equipe dentro da área de produtos que tenta entender como o cliente usa o produto, eles são as vozes dos usuários e nos fornecem relatórios das necessidades dos anunciantes e clientes. Também estamos evoluindo na tarefa de estabelecer prioridades. Existem necessidades e questionamentos que devem ser resolvidas antes que outras. Através dessa equipe estamos descobrindo essa ordem. ”
Além de estabelecer uma boa conexão entre as áreas da empresa e unificar métricas, é preciso entender a verdadeira função do produto, que está muito além de aumentar os lucros da sua empresa.
De acordo com Gabriela Rojas, gerente de produto do Nubank, o produto precisa ser desenvolvido para atender uma necessidade ou resolver um problema do cliente de uma maneira mensurável, que você possa avaliar o potencial de impacto do seu produto e, assim, conseguir gerenciar o crescimento dele.
“O ideal é entender o contexto do cliente e, baseado nesse contexto, apresentar algumas funcionalidades novas do seu produto. Hoje, as métricas que buscamos alcançar com o nosso produto estão baseadas nos valores do cliente, e cada decisão que tomamos impacta esses valores”, explica a gerente.
Um dos desafios de muitas empresas, hoje, é crescer sem perder a qualidade. No caso do Nubank, uma alternativa foi investir na capacitação dos colaboradores.
“A empresa foi se tornando mais conhecida e notou-se que muitos usuários alegavam ter uma boa experiência com o Nubank em função dos atendentes que falavam diretamente com os clientes. Diante disso, investir na especialização da equipe de funcionários passou a ser uma das prioridades”, comenta a executiva.
O resultado dessa ação foi satisfatório para a empresa, que conseguiu crescer sem precisar aumentar o número de colaboradores.
Além de adequar as características do produto ou serviço de acordo com os interesses do cliente, as empresas precisam se reestruturar e repensar seus modelos organizacionais. Para tal, Marcell Almeida, da Viva Real, dá a dica:
“Não trate seu negócio como um projeto que não pode ser modificado, trate como um produto que é passível a mudanças”, concluiu o gerente.
* Bianca Borges é jornalista pela Universidade Anhembi Morumbi, trabalhou na Investe São Paulo com assessoria de imprensa e, hoje, atua na equipe de Conteúdo do Digitalks.
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