Segunda-feira, 17 de dezembro de 2018
As eleições de 2018 revelaram o importante papel das comunicações no ambiente digital, e principalmente nas redes sociais, para impulsionar campanhas eleitorais. Para falar sobre esse tema, Karina Kufa – Advogada da Kufa Advocacia, participou hoje, dia 17 de dezembro, do evento “O poder do Digital nas eleições 2018: o que foi isso?”, organizado pelo Digitalks em São Paulo.
A primeira evidência de mudança que Karina deixou clara foi a superação e força das redes sociais em relação às campanhas tradicionais como campanhas de rádio e TV.
“Antes a gente dizia que ter tempo de rádio e TV e ter dinheiro era necessário para ganhar uma campanha eleitoral. A gente viu, nessa eleição, uma situação diferenciada. O presidente eleito não teve dinheiro, ele arrecadou fundos através de vaquinha virtual. E o candidato que teve o maior tempo de TV não foi nem para o segundo turno”, afirmou a advogada.
Para a Doutora Karina, futuramente, as campanhas em rádio e TV poderiam até ser eliminadas e trocadas por campanhas digitais com o objetivo de reduzir custos, visto que, os maiores gastos das campanhas são com a produção de vídeos, por exemplo.
Durante sua palestra, a advogada também falou sobre a questão da regulamentação das campanhas online.
“Em 2016 já tivemos uma boa movimentação das redes sociais, mas em 2018 tivemos a regulamentação”, afirmou Karina.
Apesar de já estipuladas algumas regulamentações para as campanhas eleitorais online, essas regras ainda precisam ser melhoradas. A advogada citou, por exemplo, o fato do TSE não permitir a exclusão de páginas inteiras contra candidatos nas redes sociais e liberar apenas a exclusão de posts que sejam considerados ofensivos dentro dessas páginas.
Outro ponto mencionado por Karina foram os links patrocinados. Segundo ela, proibir que o eleitor usar link patrocinado causa prejuízo para o próprio cidadão, visto que, o mesmo não tem acesso às regras eleitorais, e ocorreram casos de eleitores que foram multados por patrocinar conteúdos políticos a favor de candidatos. Para solucionar esse problema, Karina sugeriu uma mudança:
“Hoje, um eleitor pode gastar até 1064 reais para contribuir com a campanha de um candidato. Esse mesmo valor poderia ser aplicado para as redes sociais. Ficaria até mais fácil de controlar os investimentos porque o digital deixa rastros”, ressaltou.
Em relação as leis que puniram certos eleitores em função de ações realizadas no ambiente digital, Karina apontou que as adaptações dessa legislação são necessárias.
“A legislação precisa se aperfeiçoar e se abrir para o mundo digital”, salientou a advogada.
Ainda referente ao desafio de aperfeiçoar a legislação para as campanhas digitais, Karina desmistificou o fato de que as fake news são um grande problema apenas para o ambiente online.
“Nós tivemos 400 demandas judiciais, só 10 % eram relacionadas às redes sociais”, comentou a advogada.
Para a Doutora, a internet não pode ser a única culpada pelas fake news. Da mesma forma que podem aparecer notícias falsas no ambiente online, as mesmas também podem ser desmentidas através da internet.
Segundo Karina, a rede mais difícil de monitorar é o WhatsApp, mas todas as outras deixam rastros e é possível identificar as notícias falsas. Na visão dela, não há motivos para evitar a manifestação da sociedade nas mídias online.
“Restringir a atuação da sociedade em detrimento de não haver fake news não é interessante. É um preço barato a se pagar para permitir a atuação dos cidadãos na sociedade”, finalizou.
*Bianca Borges é formada em Comunicação pela Universidade Anhembi Morumbi. Jornalista e Analista de Conteúdo no Digitalks, também tem experiência nas áreas de assessoria de imprensa e gestão de mídias sociais. Gosta de escrever sobre diversos assuntos mas, atualmente, seu foco é o Marketing Digital.
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